Ninguéns da eternidade

A SEGA queria muito entrar na corrida dos jogos de luta. Depois de Street Fighter II e Mortal Kombat terem sido um sucesso imenso na Mega Drive. Para isso, criou o Eternal Champions, será que vale alguma coisa? Tinha ideia de ser um título muito mauzinho, e nem fazia ideia que era mesmo da SEGA. Lançado na Europa em 1994, Eternal Champions não chega às arcadas e vai direitinha para a Mega Drive. É sem dúvida um jogo capaz de dividir opiniões, apesar de ter aspectos bastante negativos também tem algumas valências interessantes.

Para começar devo dizer que fiquei agradavelmente surpreendido com os gráficos e animações, cheios de cores e cenários vibrantes. Outra coisa também de notar é que não se limita a ser um clone de Street Fighter, tendo um leque de mecânicas diferentes que o distinguem facilmente. O jogo é relativamente difícil se não souberem o que estão a fazer, é mesmo necessário aprender os movimentos especiais dos personagens. Para isso foi incluído um modo de treino, algo não muito comum na época. Esses movimentos especiais vão gastando poder e, quando chega ao fim, só depois de o recuperarmos é que podemos voltar a executá-los. Os movimentos especiais, já agora, não são os típicos como em Street Fighter, são até em muitos casos mais complexos. Outra coisa interessante e que por aqui se nota que foi um jogo desenvolvido com o mercado das consolas em mente, é a ausência de um modo arcade, embora exista algo parecido e mais modos de jogo do que normal para a época.

Mas o que posso dizer de bom fica por aqui. A jogabilidade de todos os fighters é demasiado presa e existe demasiada latência entre o input e a acção no ecrã. Nada a ver com o estilo mais frenético de outros jogos do mesmo género. Se não tiverem um comando de 6 botões esqueçam, é mais um daqueles jogos que precisam de carregar no start para alternar entre murros e pontapés, mas até Street Fighter II é culpado disto. Depois o outro grande problema é os personagens jogáveis, são todos horríveis, nenhum deles tem personalidade, cada um é mais genérico do que o outro. O intuito é cada personagem representar uma época do passado, daí o eternal no título, mas acho que nenhum representa decentemente o que é suposto. Um exemplo simples, o personagem que mais gostei de jogar é o Xavier, ya, Xavier… Proveniente de Salem, onde era um ferreiro. I mean what the fuck? Salem é conhecido por bruxas amigos, não pelos ferreiros. Depois há uma personagem de nome Shadow que é uma assassina Japonesa de 1993. Ok, presumo que assassinos japoneses em 1993 tenha sido uma granda cena. Império romano? Um mongol? Nepia, mete mas é uma assassina japonesa de 1993. Legit as fuck. Enfim o rooster é uma cena super desinteressante.

Ainda assim não foi uma má experiência, como disse o jogo faz algumas coisas bem. Creio que se o combate tivesse imitado mais descaradamente a concorrência, que havia tido tanto sucesso e se tivéssemos um set de personagens realmente interessantes, podíamos estar perante um bom jogo de luta. Há também uma versão para a Mega-CD mas pelo que vi é muito idêntica em termos de jogabilidade, mas existem mais personagens, o que sinceramente pela amostra deste, não me deixa com grande vontade de as explorar.