Klonoa: Door to Phantomile – Uma surpresa de sonho

Estávamos em 1997, no japão claro, que aqui só chegava em 1998, e a Namco decide lançar um platformer chamado Klonoa: Door to Phantomile.

Felizmente que deixou o Pac-Man de lado durante um tempinho para fazer isto, embora pouco tempo depois tenha lançado o Pac-Man World. Aqui controlamos Klonoa que junto com Huepow vão tentar salvar o mundo dos sonhos de Phantomile. O jogo foi dirigido por Hideo Yoshizawa, senhor que tinha como bagagem a série Ninja Gaiden e Mighty Bomb Jack na Famicom. Portanto não era nenhum iniciante e tinha muita experiência em jogos de plataformas e acção. Klonoa é normalmente considerado como, não só um dos melhores jogos de plataformas da Playstation, como um dos seus melhores jogos. Claro que sempre tive muita curiosidade em experimentar, mas ainda não tinha surgido oportunidade de obter uma cópia. Finalmente apareceu, e assim que cheguei a casa foi a primeira coisa que fiz, mal eu sabia o que me esperava.

Dizer que fiquei surpreendido com Klonoa: Door to Phantomile era um understatement. Fiquei estupefacto com a genialidade deste platformer e também com a sua simplicidade. Este é um platformer onde se utilizam só dois botões, um deles para saltar e o outro para agarrar os inimigos. É impressionante como é que só com isto consegue existir tanta variedade, tal como muitas vezes acontecer com jogos da Nintendo, está aqui um exercício de criatividade muito bem conseguido. Por vezes, em certas partes, até parece um puzzler, possível lá está pela criatividade que os produtores conseguiram à volta de uma mecânica básica. Quando agarramos os inimigos podemos fazer duas coisas, ou atirá-los numa das 4 direcções possíveis – sim porque temos aqui um 2.5D – ou usá los para fazer um double jump. Só com isso existem tantas coisas interessantes que nos são propostas, que é difícil ficar indiferente à criatividade dos senhores e senhoras da Namco que trouxeram Klonoa até nós.

É verdade que é um jogo curto, penso que demorei umas quatro horas de uma ponta à outra, mas mais vale ser conciso do que enorme sem propósito. Fácilmente nos apetece jogar novamente, que foi o que me aconteceu. Até porque mais para o fim vocês estão tão familiarizados com o jogo, que apetece voltar atrás e tentar explorar coisas que nos possam ter escapado por não pensar que isto ou aquilo era possível. A única coisa que poderia querer mais de Klonoa era talvez uns níveis post-game mais hardcores só para o fun. De resto é basicamente perfeito. Os gráficos são super cute, super coloridos e são mesmo típicos desta época de 32-bits. Hoje em dia os jogos parece que são todos feitos na Unreal Engine 4, nada contra mas inevitavelmente têm todos um aspecto similar. Não na sua arte, mas a nível de texturas e aspecto gráfico é inevitável não perceber isso. Não sou guru do tech por isso não consigo explicar, mas por experiência e feeling é algo que se nota facilmente. Antigamente não era assim, quase cada jogo tinha a sua própria engine, claro que nem todos mas havia muitíssimo mais variedade. Aliás, há que ter em consideração, que construir um motor gráfico hoje em dia não é fácil, e com os custos de produção de vídeo jogos cada vez se utiliza mais o standard. É normal, mas quando se joga algo como Klonoa, é impossível não ter saudades da variedade.

A utilização do 2.5D também está muito bem conseguida, e embora o nosso personagem só se desloque para a esquerda e para a direita, os caminhos intersectam-se ou podemos apanhar plataformas para mudar. Não só isso mas as nossas acções, tal como disse à pouco em arremessar os fofos inimigos, podem ser feitas nas quatro direcções. Como tal é comum existir num outro plano que não aquele onde estamos, um objecto que possa ser activado se mandarmos qualquer coisa contra ele. Enfim apesar da simplicidade há muitas particularidades na jogabilidade. Epah e as cutscenes… excelentes, muito boas, cheias de cor e de animação. São daquelas que realmente nos punham a pensar como seriam os jogos de Playstation 2. Será que iam ser assim? Acontecia-me muito o mesmo nas cutscenes da série Final Fantasy. Faz-me também lembrar, não só em termos estéticos mas também devido ao 2.5D, de Tombi, outro grande platformer da Playstation. Embora sejam muito diferentes na jogabilidade, graficamente têm as suas semelhanças.

Este foi um daqueles jogos que me atingiu como um camião, não estava nada à espera de adorar Klonoa a este ponto. Sem dúvida dos melhores platformers da Playstation, digno de estar bem em cima num top qualquer ao lado de outros como Crash Bandicoot, Spyro, ou Tombi. De notar é que hoje em dia joga-se muito bem porque envelheceu como o vinho tinto, o mesmo não pode dizer-se de outros, principalmente se estivermos a falar de 3D Platformers, já este estilo é bem diferente. Tenho de revisitar Pandemonium que já não jogo à imensos anos, mas duvido imenso, aliás tenho a certeza, que esteja sequer perto de ser tão bom como Klonoa. Que jogo! Parabéns Namco! Brevemente hei de jogar o segundo na Playstation 2, mas por enquanto estou a escrever este texto enquanto ouço a música do menu inicial de Shining Force III.