Crysis Remastered – Havia espaço para melhorar?

Como fã confesso de Crysis, não podia deixar de me debruçar sobre este Crysis Remastered.

Se fiquei com uma sensação agridoce depois da versão Switch, esta versão já me deixou um pouco mais satisfeito. Pessoalmente, não troco nenhum comando pelos fieis teclado e rato no que a First Person Shooters diz respeito.

Estamos então a falar de um jogo de 2007 que, durante anos a fio, foi a bitola que permitia medir a potência gráfica de um PC. O famoso “Can it run Crysis?” que rapidamente se tornou também uma piada recorrente, foi assumido como tal neste remaster, ao ser apresentado como a setting máxima de gráficos que o jogo permite. Infelizmente, High foi o máximo que o meu PC permitiu correr…

Ao correr o jogo percebemos rapidamente que as texturas foram um dos alvos das melhorias sobre as quais os developers se debruçaram. Somos imediatamente presenteados com excelentes texturas, melhoramentos ao nível da representação da água e uma fantástica luz ray tracing. Percebemos bem que foi a nível visual que esteve o foco da equipa que trabalhou neste Crysis Remastered.

À primeira vista o jogo está irrepreensível e a experiência não é, de forma alguma, menor. Mas nem tudo é um mar de rosas.

Tendo sempre em mente que se trata de uma remasterização, há pormenores irritantes, que aos olhos do que atualmente se produz, nos deixam de certa forma desejando algo mais.

Enquanto temos texturas de alta qualidade, torna-se um pouco estranho estar a olhar de perto para objetos cujos polígonos quase se podem contar a olho, isto acontece, predominantemente, com elementos menos importantes do cenário, mas causa alguma estranheza.

Assim como a destruição de cenário, um dos feitos técnicos do jogo original, e que agora parece um pouco limitado. Apenas algumas árvores são derrubadas pelas rajadas de metralhadora, alguns edifícios desabarem de forma um pouco irreal, com grandes chapas de metal a rodopiar enquanto disparamos ou o telhado de uma estação de serviço dar cambalhotas como se pesasse 5 quilos.

Não é que estas questões tirem gozo à experiência, mas retiram alguma imersividade. À luz do que agora é produzido, as nossas expectativas estão modeladas à realidade atual e, aqui, Crysis não envelheceu bem.

Mas onde realmente senti falta de polimento e melhorias foi na inteligência artificial, várias vezes senti que a dificuldade do jogo (e sim, é difícil) estava mais no elevado número de inimigos do que na forma como estes nos procuram ativamente ou se defendem das nossas investidas. Por várias vezes, estes estavam estáticos ou a um canto de uma sala, como que se tivessem sido postos de castigo. Nas suas mortes também senti que o ragdoll precisava de uma pequena atualização, um tiro de caçadeira não provoca aquelas cambalhotas à retaguarda.

Tudo isto não faz de Crysis Remastered um mau jogo. Continuamos com cenários fantásticos e mecânicas muito bem pensadas e executadas. Já há alguns anos (desde que peguei em Crysis 3 na PS3) que não envergava o Nanosuit e sem dúvida que soube muito bem matar saudades. A par da vertente gráfica, as mecânicas sempre foram um dos pontos fortes deste título.

O Nanosuit continua a ser fantástico e o alternar entre as suas características de força, escudo, rapidez ou camuflagem continuam a ser um dos pontos fortes. A gestão que é necessário fazer entre a bateria do fato e o alcançar dos nossos objetivos é uma mecânica extremamente bem conseguida.

Ainda para os padrões de hoje, a variedade de vegetação é um feito e sem dúvida que o jogo está recheado de pormenores e refinamentos fantásticos, que em 2007 eram de topo, mas que agora estão mais standard. A questão é que foi aqui que apareceram.

Respondendo à pergunta que fiz no título: Sim, havia espaço para melhorar. No entanto isso iria implicar muito mais do que foi feito e, em muitos aspetos, tornaria este Crysis Remastered num novo jogo, aumentando custos e, provavelmente, não o tornando tão aliciante. É um ponto de equilíbrio difícil de atingir mas que, neste caso, não deixou developer ou os jogadores a perder.

Conclusão:

Crysis Remastered pega no que tornou icónico o jogo original e melhora-o. Embora outras áreas do jogo ganhassem com um polimento, não podemos deixar de ter em conta que se trata de um remaster e que o que nos é oferecido já é, sem dúvida, uma experiência enriquecida face ao original. Uma vez que está disponível ao aliciante preço de 29,99€, este clássico de cara lavada não é mais que uma compra obrigatória para os fãs do género FPS, tenham ou não já experienciado o Crysis original.

 

Crysis Remastered está disponível para a Nintendo Switch, PS4, Xbox One e PC.