The Revenant Prince – Quando o potencial não é aproveitado

The Revenant Prince tinha tudo para dar certo – um JRPG com escolhas que podem influenciar o desfecho, visuais bonitos, uma dose de mistério. O que aconteceu?

A única coisa que sabia de The Revenant Prince enquanto ele estava a instalar era que eu podia fazer escolhas no jogo que influenciam a história – e isto normalmente basta para me venderem o jogo. Este é o único jogo do estúdio indonésio Nomina Games, e ao olharmos para a página deles conseguimos perceber que houve um cuidado e paixão ao criar este mundo – mas infelizmente ficou um bocado aquém.

Somos atirados para um mundo em conflito, explicado brevemente num prólogo. Quando o jogo finalmente começa, temos os visuais de um pixel RPG, e nos primeiros minutos fui presenteada com uma palete de cores que me deixou com um sorriso na cara.

Toda esta cena me trasmitiu tranquilidade.

Mas, entretanto, a história começa. Calçamos os sapatos de Troy, e a personagem introduzida imediatamente a seguir, a sua amiga de infância, chama-se Gabriella. Isto fez-me logo comichão porque, coincidência ou não (e tenho vergonha de saber o próximo bocadinho de informação que estou a partilhar), estes são os nomes dos protagonistas do High School Musical. Estávamos a ir tão bem!

Ambos fazem parte do Lumerian Army, se bem que Troy é um novato, e Gabriella está ali para o (e nos) iniciar. Só que as coisas não correm assim tão bem, e de repente temos uma vila dizimada e nós próprios de consciência pesada. Isto faz com que Troy se revolte e aí sim, começa a verdadeira… história? Para ser sincera, continuo sem perceber muito bem o que aconteceu ao longo das horas que gastei em frente ao computador.

O jogo acaba por ser confuso – a falta de mapa ou objetivos definidos fez com que andasse às voltas pelo mundo até descobrir por mero acaso um caminho escondido no meio das árvores. Isso juntamente com longos diálogos que temos obrigatoriamente de ler (tudo à base de texto, sem opção de skip, e com aquele barulhinho irritante que surge letra-a-letra), muitas vezes sem informação relevante, fez-me desesperar um bocado e senti-me frustrada. Sou daquelas pessoas que explora todos os cantinhos do mapa à procura de segredos, fala com todos os NPCs, mas ao fim de 1 hora de jogo (da qual 30 minutos foram a ler diálogos), decidi seguir em frente para ver se a história desenvolvia. Há uma mecânica de saltos no tempo, e somos guiados por uma voz misteriosa que nos tenta dizer o que fazer – mas a decisão acaba por ser nossa. Ou pelo menos temos essa ilusão, já que há vezes em que temos mesmo de fazer o que a voz manda para haver progressão no jogo. Há, no entanto, umas quantas escolhas que podemos fazer, mesmo em combate, que levam a um de vários finais de jogo.

Uma das coisas mais interessantes em The Revenant Prince é mesmo o combate. Em primeiro lugar, podemos ajustar a quantidade de encontros aleatórios que temos: muitos para fazer grind e ganhar XP, ou poucos para conseguirmos passar a história. Ao contrário do habitual, aqui não temos um combate por turnos, sendo que temos um combate em tempo real e temos que pensar rapidamente no nosso próximo movimento. Conseguimos ver a barra de ataque do inimigo a encher, e quando atinge o máximo ele ataca. Até lá podemos atacar, usar itens, defender ou fugir – temos apenas de dar uma vista de olhos à nossa barra de BP e escolher que arma queremos utilizar (existem três slots que podemos ocupar). Quando esvaziamos a barra de HP de um inimigo, o jogo dá-nos a escolher se o queremos poupar, ou acabar com eles. Ganhamos XP independentemente da escolha, e por vezes uns quantos itens. Mas mesmo aqui há falhas, porque a dada altura resolvi poupar dois lobos, e no fim do combate levei comigo pele de lobo, o que me arruinou a pouca imersão que já tinha.

Finalmente, a música. Em fóruns vi que alguns jogadores preferiam jogar com a sua própria música porque a do jogo não acrescenta nada, mas é aqui que discordo. O arranjo simples do piano trouxe-me à memória as músicas mais calminhas que aparecia em Final Fantasy X, por exemplo. Dão um ar de calma à experiência frustrante que tinha em mãos. E eu bem que me precisava de acalmar depois de cada sessão de jogo.

Conclusão:

O que mais se destaca em The Revenant Prince são os visuais e o ambiente mágico em que nos encontramos. O combate é desafiante e obriga-nos a pensar rapidamente e adaptar uma nova estratégia consoante o inimigo que enfrentamos. No entanto, a história lenta e desinteressante fez com que toda a promessa de umas boas horas de jogo fosse deitada pela janela fora.

 

The Revenant Prince está disponível para PC.