Marvel’s Spider-Man – Afinal gosto de swinging

Spoiler alert – Não gosto de super-heróis, no geral acho que são ridículos. Não, a sério, quem é que quer andar na rua vestido de super homem, ou de Batman? Por muito bad ass que sejam, não os consigo levar a sério devido ao design.

No que toca a bandas desenhadas deste género, acho que a única (que conheço) que ainda hoje em dia curto é Hellblazer. E na verdade nem se pode bem comparar, afinal John Constantine é um anti-herói. Provavelmente uma personagem inventada, para contrariar a tendência de fatos e armaduras cada vez mais idiotas, dos 400 mil super heróis que foram inventados nos últimos 60 anos. Arm-fall-off boy?! Rainbow girl?! Captain Atom?! Epah, poupem-me, tem piada só de ler. Ambiciono alguém fazer super-heróis que são paródias a esta parte da cultura americana. A Mega Drive tem o Boogerman, é um começo, vá lá DC, faz o Shit-Man, que quando se peida mata toda a gente num raio de 3 metros e atira fezes atómicas aos inimigos. Vai vender de certeza, eu comprava, e certamente não estou sozinho.

Bem, mas acho que devia escrever sobre o Spider-Man, mais propriamente o jogo de 2018 exclusivo para a Playstation 4. Nesse ano ganhou vários prémios, incluindo GOTY, por algumas das entidades mais profissionais, factualmente correctas e imparciais do planeta. Daquelas cujos opinadores têm um canudinho, ou uns belos atributos físicos, mas jogaram GTA V e Fortnite. Claro que há sempre um hipster connoisseur que jogou FFX e sugere Trials of Mana para meter na lista dos melhores do ano porque é um RPG. Mas a verdade é que com Spider-Man até tinham razão, é um jogo bastante bom.

Depois de acabar The Last of Us Part II, que é um jogo bastante pesado em todos os aspectos, até para o meter na prateleira precisei de um guindaste, foi ótimo jogar algo bastante mais leve. A história não é um romance, mas também não é um livro daqueles com relevo e 3 frases por página para crianças. O que posso criticar é que é tão previsível que percebi tudo o que ia acontecer e acho que ainda estava no menu inicial. Fora isso é agradável, tem um bom ritmo e mantém o jogador interessado. O ponto alto, acaba por ser o desenvolvimento das relações de Peter Parker com outros personagens, como o Dr. Octavius, Mary Jane Watson ou a tia May Parker. Só a campanha conta com umas 15 horas de jogo, mais coisa menos coisa, no entanto há muito conteúdo adicional. “Lá vem o gajo falar de encher chouriços” estão vocês a pensar, e sim, é só encher chouriço!!

Mas há boas notícias aqui, é que apesar de ser um clássico caso de enchido bem gorduroso, fiz tudo o que havia para fazer e não me aborreci. Como é isso possível Ivan? Tás sempre a criticar isto em todos os jogos. É possível porque a jogabilidade deste jogo é godlike. Quer seja andar de um lado para o outro na cidade, quer seja o combate super frenético, nunca se torna aborrecido. Estava a gostar tanto deste aspecto que, nas partes finais do jogo comecei a fazer conteúdo adicional para a experiência durar mais tempo. O que levou a várias horas de jogo a mais, quase todas elas porreiras, só não gostei do conteúdo da Black Cat, bela seca.

Sem dúvida que a jogabilidade é o aspecto chave de Spider-Man, se esta não fosse tão boa, duvido imenso que o jogo tivesse o mesmo nível de reconhecimento. Andar pela cidade a meter teias nos prédios e a balançar nas mesmas está muitíssimo bem conseguido. Honestamente é difícil imaginar uma maneira mais divertida de andar pelo mapa. A falha está nos espaços fechados, por vezes é mesmo difícil controlar o personagem porque, claramente a jogabilidade não foi pensada para estes momentos.

O combate é super variado e viciante, é tão variado que não vão aprender os movimentos todos possíveis. Contudo, aqueles que aprendem, são suficientes para dar uma variedade e uma espectacularidade visual rara de se ver em videojogos. A certo ponto na história temos o controlo de Miles Morales e da Mary Jane, em sequências de stealth que mais valia não existirem, não acrescentam nada e são desinteressantes. Ambos têm mecânicas diferentes para distrair os inimigos, mas na verdade é a mesma coisa, o cheiro é diferente se é que me faço entender. Ainda bem que são secções pequenas e raras, com apenas uma mão cheia destes episódios ao longo da história. Andar a passear, ou a “teiar”, pela cidade não é só divertido pela jogabilidade de topo, mas também porque a recriação da ilha de Manhattan é impecável. Diria que melhor do que em qualquer outro jogo que me tenha passado pelas mãos. Os gráficos ajudam também à experiência e a tornar a ilha mais credível. Embora depois de ter jogado The Last of Us Part II parece que voltei ao Streets of Rage. Fora de brincadeiras, são bastante detalhados e o bolo geral está muito bem conseguido.

Apesar de não ser fã de Spider-Man ou mesmo deste género de jogos, adorei o meu tempo com o jogo, em grande parte devido à jogabilidade ser tão boa. Quem está familiarizado com o lore azeiteiro vai sem dúvida tirar ainda mais partido do IP. Não conheço personagens como a Black Cat, Scorpion, Rhino etc. e no entanto isso não me afastou da experiência. Bem, na verdade, foi porque me ri com quase todos eles, são tão genéricos, tão sem inspiração… Enfim. Até o jogo que estou a jogar agora (Godzilla), tinha inimigos muito mais interessantes chamados Kaiju, e o potencial aqui parece-me bem maior.

Ah e adorei as transmissões do programa do JJJ, que não faço ideia de quem é mas é uma granda comédia. Spider-Man é um excelente jogo, apesar de alguns shortcomings é uma experiência a ter em consideração, quer gostem de Spider-Man ou não.