Nesta geração de consolas que passou, os jogos open-world com 1001 actividades foram uma constante. Não que desgoste do género, mas tornar todos os jogos nisto, criou em mim uma saturação atípica.
Nunca me fartei, por exemplo, dos milhentos 2D Fighters da SNK, ou dos RPGs de SNES. Mas aqui é diferente, fico com a sensação de que muitos destes jogos seriam bem mais interessantes se fossem lineares. Por exemplo, em The Last of Us Part II, que acabei há alguns dias, teria perdido muito da sua magia se fosse mais um open world. Existir uma estrutura definida é mais de meio caminho andado para contar uma boa história, e sinto que é muito fácil a mesma se fragmentar nestes jogos. Claro que oferecem outros pontos como liberdade de exploração, ou maior longevidade, mas a título pessoal são aspectos menos importantes.
Quando Horizon Zero Dawn chega em 2017, estava mais que farto destes jogos… Infamous: Second Son, Mad Max, Just Cause 3, Watch Dogs, Dying Light, até Metal Gear virou open world com o quinto jogo. Estes e mais um monte deles tinham feito com que eu virasse as costas a mais um. E foi o que aconteceu, não dei atenção nenhuma a Horizon. Mais de três anos depois, a tentar ocupar tempo até ao lançamento de Cyberpunk 2077, lá o experimentei, mas com um pé atrás honestamente. Tinha razão para tal? Ou estava só a ser velho do restelo?
A resposta é – Mais ou menos. É impossível ficar indiferente ao aspecto gráfico. Apesar de lindíssimo, que é normal nestes first party da Sony, a criatividade artística é ainda mais impressionante. Foi aqui imaginado e traduzido para um videojogo, um conceito novo, um mundo novo, e a Guerrilla está de parabéns. Só acho que a maior parte das armaduras deixam a desejar, chegam a roçar ali o azeite.
A suportar esse ambiente, esse mundo, está uma narrativa super interessante e muito criativa. Baseia-se num conceito que não vi explorado em mais nenhum trabalho de ficção científica e que, é uma carta de amor à perseverança do ser Humano. Não só do humano mas de todas as espécies, só que nós temos uma coisa muito especial, o nosso incrível cérebro, que nos leva aos mais incríveis feitos. Pena grande parte de nós não o usar para coisas importantes como bom senso, respeito, tolerância… enfim. Neste aspecto tiro o chapéu, não estava à espera de encontrar uma narrativa assim em Horizon. E foi exatamente isso que me fez levar o jogo até à sua conclusão.
Existe um monte de conteúdo extra, até mete medo olhar para o mapa. E não fiz praticamente nada desses extras, não só porque estava demasiado interessado em saber onde a narrativa me ia levar, como não vi nada de muito interessante. Se leram o meu texto sobre o Spider-Man da PS4, eu platinei o jogo, e o conteúdo extra também não é nada de jeito mas, a jogabilidade era demasiado boa, super divertido. No Horizon nem por isso. “BLASFÉMIA IVAN!!!” – Temos pena. Eu consigo perceber o porquê do combate ser conceituado, é complexo e bastante variado, mas não é para mim. Acho que tinha gostado muito mais de Horizon se fosse um jogo linear com um combate frenético corpo a corpo. Não estou aqui para discutir aquilo que poderia ter sido mas é a minha opinião.
As mecânicas de stealth parecem atabalhoadas, parece que o próprio jogo não sabe bem que tipo de abordagem quer do jogador, o que nos mete claramente confusos. Embora seja possível combater corpo a corpo este não evolui minimamente, focando-se todos os desenvolvimentos da personagem no stealth e ranged combat. Pelo menos poderia haver uma opção de como abordar, mas percebo que isso fosse no fundo uma contradição àquilo que o jogo quer ser.
Uma coisa que gostei bastante é todos os inimigos serem diferentes, todos terem pontos fracos distintos e uma estratégia específica para os ultrapassar. E aqui vem um problema, mas este é muito pessoal – Eu não sou nada bom a apontar com um comando, dêem-me um rato e um teclado por amor a Belzebu, o que tornou as coisas mais complicadas.
Por acaso estive quase para esquecer a versão da PS4 e passar para o PC. Mas já estava algo avançado quando isto começou a ser um problema maior. Quando eram inimigos voadores então… mas enfim fez-se, eu acabei o Sekiro e o Demon’s Souls não era o Horizon que me ia causar problemas. Há uma certa honra a manter. Para finalizar quero só dar também um props à Aloy, a personagem principal. Está muito bem conseguida a todos os níveis, é alguém com quem muitos se vão relacionar a um nível pessoal, e o jogo faz um excelente trabalho em transmitir as emoções e os sentimentos de Aloy.
Parece que estive aqui a cascar mas na verdade gostei muito do jogo, e não o vou julgar por algo que não é. O que aqui temos é um belo jogo que acredito vivamente que muita malta vai gostar bem mais do que eu. Este mês já joguei The Last of Us 2, Spider-Man e agora Horizon, mais um first-party da Sony, e não é nada difícil de perceber o sucesso desta consola. A sequela sai para o ano que vem e, o mais provável é dar-lhe muito mais atenção agora que joguei o original.