Quando vi as primeiras imagens de Beautiful Desolation pensei estar perante um clone dos primeiros Fallout. Não podia estar mais enganado.
Beautiful Desolation foi desenvolvido pelo The Brotherhood, um pequeno estúdio com quatro developers e lançado pela Untold Tales. Conta a história de uma realidade alternativa em que, no ano de 1976, uma estranha estrutura alienígena surge nos céus de uma cidade Sul Africana (District 9, anyone?) criando o caos e fazendo com o que o carro onde segue o nosso personagem, Mark e sua noiva, se despiste, matando-a no acidente. Passam 10 anos e o nosso personagem está de visita ao seu irmão Don, piloto de helicópteros, que faz visitas à estranha estrutura, o Penrose.
Percebemos que o Penrose veio impulsionar um dos maiores saltos tecnológicos e científicos de que há registo na humanidade, tendo inclusivamente possibilitado vencer a morte.
Mark convence o seu irmão Don a levá-lo a uma área restrita do Penrose, onde ao investigarem o que lá se passa, acabam por ser transportados para um mundo parelelo, talvez o futuro da sua realidade. Populado por homens-máquina e onde o Penrose é amado e odiado. A nosso objectivo é voltar para casa.
O mundo alternativo criado pelos quatro developers é intricado e denso, com muito por explorar e um setting muito interessante e que convida a explorar mais. Como já havia referido, Beautiful Desolation não é um clone Fallout. Não temos stats a melhorar, furiosos combates por turnos ou equipamento especial que influencia decisivamente o gameplay. Aqui, tudo o que importa é a narrativa e o explorar do mundo alternativo que tem como base África do Sul.
Beautiful Desolation é exploração pura, não temos mecânicas complexas ou o recolher de objectos não essenciais, tudo conta e tudo existe por uma razão, temos é de descobrir o onde e o porquê. O mundo é muito detalhado e, embora possamos interagir com muito pouco do que vemos, é de facto um bela desolação. Teremos sim de passar por muitos diálogos com as mais diversas e grotescas personagens, resolver alguns puzzles e procurar por itens, que podemos ou não combinar com outros itens de forma a poder avançar na história. Mas atenção, os diálogos influenciam o desenrolar das narrativa e, embora não haja opções erradas, o modo como interagimos pode levar a conclusões que não desejamos.
O ponto forte do jogo é também o seu ponto fraco, a extensa exploração. Pois teremos de percorrer inúmeros cenários, ir de um ponto a outro para depois termos de voltar para trás. Dialogar com inúmeros NPC’s, todos eles com voz e pronuncias características, embora sempre com um forte sotaque local. Nestes diálogos recolheremos pistas que nos farão avançar nas história ou nas sidequests. Teremos ainda pequenos combates opcionais mas, na minha opinião, não muito emocionantes.
Com o avançar da narrativa deparamos-nos com cutscenes muito detalhadas, nas quais percebemos que ter havido um enorme empenho e atenção ao pormenor. Os movimentos são fluídos e o 3D está excelente, com muito boa iluminação e incrivelmente detalhado.
Conclusão:
Beautiful Desolation não é o jogo que esperava. Embora informado de que passava muito pela exploração, pensei ter um pouco mais de ação. Isto não é algo necessariamente negativo, apenas uma advertência de que não é para todos os jogadores. O que realmente o diferencia é o facto de ser um autêntico trabalho de amor, no qual é evidente o empenho empregue e o quanto está muito para lá do que seria esperado de um a equipa de quatro pessoas.
Começou a jogar num spectrum 48k e desde então tem uma paixão por videojogos, não imagina a sua vida sem jogar. Fã de RPGs, First Person Shooters e jogos Third Person, joga na sua PS5, Xbox Series S, PC e Nintendo Switch.