Tales of Arise – “Irá deixar-vos rendidos!”

A amada série de jogos “Tales of” teve início no longínquo ano de 1995 com Tales of Phantasia, para a Super Nintendo, e desde aí tem passado por praticamente todas as gerações consolas. O último lançamento de “Tales of” foi em 2016 com Tales of Berseria, que já aí nos trouxe belíssimos gráficos e uma boa jogabilidade.  

Agora a celebrar o 25º aniversário, a Bandai Namco entrega-nos um jogo repleto de qualidade, que tem o sistema de combate como um dos grandes destaques do novíssimo Tales of Arise. 

A Bandai Namco volta assim à carga com Tales of Arise, que tem tudo para ser a entrega mais ambiciosa que já foi feita em muito tempo, mas será que o resultado final está à altura do seu grande legado? Uma coisa vos digo, este jogo irá deixar-vos rendidos! 

Antes de escrever acerca do que irão encontrar neste novo jogo “Tales of”, quero já mencionar que a nível gráfico o avanço é bastante evidente em relação ao último jogo de 2016. Provavelmente o orçamento para a produção deste novo jogo foi muito superior aos demais, pois as modelagens e animações estão simplesmente espetaculares.  

Os traços das nossas personagens estão com um desenho muito suave, aliado a cores muito ricas que nos enchem os olhos. O uso do Unreal Engine 4 ajuda e muito nas cenas em 3D, mas Tales of Arise não esquece o bom velho 2D, algo que certamente irá agradar os fãs da série “Tales of”. 

Algo espetacular de ser ver também são as cenas intermédias de grande qualidade ao estilo anime (e contem com bastantes). Por isso não se admirem quando virem cenas dignas de um DragonBall Super, o que só comprova toda uma dedicação por parte da equipa de produção. 

Tales of Arise - Shionne & Alphen

Avançando então nesta análise, neste clássico JRPG o planeta Dahna foi invadido há 300 anos pelos habitantes do planeta gémeo, Rena, uma civilização bastante mais avançada tecnologicamente e dotada de conhecimentos de magia. Após a invasão, a população de Dahna foi escravizada pelos cinco Lords de Rena e vive agora em condições muito precárias, sem qualquer esperança de voltarem a ser livres. 

É neste contexto que ficamos a conhecer Alphen (o protagonista do jogo), um escravo mascarado, que não se recorda do seu passado. Ele é mais conhecido entre os escravos por “Iron Mask”, que como podem adivinhar, é devido ao uso de uma máscara de ferro. 

“Iron Mask” mais tarde cruza-se com Zephyr, que lidera um grupo de rebeldes, os Crimson Crows, que lutam contra o poder opressivo dos cinco Lords que escravizaram os habitantes de Dahna. Mas o desenrolar dos eventos leva o nosso protagonista a juntar-se a Shionne, uma habitante de Rena com uma habilidade bem poderosa e que anda em fuga constante das tropas do poderoso Lord Balseph, um dos Lords de Rena (se bem que o grupo de rebeldes também tem grande interesse em a capturar). 

Alphen - Tales of Arise

Na verdade, poderá dizer-se que a história de Tales of Arise é o que se espera neste tipo de jogos, como o protagonista com amnésia, a rapariga misteriosa com grandes poderes e com quem o herói acaba por formar um vínculo poderoso, o império do mal com um exército gigantesco e tecnologia muito avançada que quer conquistar e destruir tudo, e assim por aí fora. O argumento nunca chega a surpreender pela previsibilidade das suas reviravoltas, bem como a forma como lida com as revelações mais importantes é um tanto desequilibrada e o carisma dos vilões é quase inexistente. 

Apesar disso, o jogo tem vários destaques no plano narrativo, como a forma como constrói o seu universo, o quanto cuida dos pequenos detalhes para dar coerência e solidez, as conversas que as personagens têm entre si, bem como as dinâmicas de grupo que vão sendo criadas ao longo de toda a aventura. 

A jogabilidade desta nova aventura é muito intuitiva (e viciante diga-se), envolvendo muitas interações com os diversos personagens através de diálogos e outras ações e, obviamente, com muito combate. Quem jogou Tales of Berseria ou até mesmo Tales of Zesteria (boas recordações que tenho diga-se) não vai estranhar de certeza, pois os combates continuam a ser em tempo real e bem intensos! Os ataques ao bom estilo“hack and slash”, são misturados com ataques especiais, bem como as “Artes”, que funcionam como uma espécie de super ataque e com muitos efeitos visuais de fazer cair o queixo à mistura. É sem dúvida, o destaque de Tales of Arise! 

Tales of Arise gameplay

O estúdio de produção criou assim lutas bem divertidas e tremendamente espetaculares, mas que não esquecem uma componente mais estratégica, pois também “convida” o jogador a saber esquivar e defender no momento preciso, bastando para isso estarmos atentos aos padrões de ataque dos inimigos. Ideal para depois termos uma janela de oportunidade para criarmos combos para maximizarmos os danos. 

Estamos assim diante de um JRPG muito tradicional que segue passo a passo o que define este género: iremos viajar pelo mundo explorando várias regiões e cidades, vamos explorar masmorras perigosas,  vamos obviamente subir de nível para ficarmos mais fortes, vamos ter que melhorar os nossos equipamentos bem como aprender novas habilidades. E obviamente, vamos lutar contra todo tipo de criaturas e inimigos! 

O desenho dos cenários é bastante linear, mas costumam ter um bom número de desvios, segredos e baús escondidos que nos convidam a investigar em profundidade, o que agora é um pouco mais divertido graças à verticalidade que têm os locais que iremos visitar. É possível agora subir a locais elevados e nadar, embora nada que seja muito revolucionário ou elaborado neste sentido. Na verdade, senti alguma falta da presença de quebra-cabeças, algo que teria sido genial na exploração de masmorras, onde apenas se avança por corredores nos quais o caminho principal é sempre muito claro enquanto lutamos e saqueamos recursos e tesouros. 

Para não haver dúvidas, este não é um jogo open world, pois todas as áreas são bastante contidas em tamanho e são conectadas entre si por ecrãs de loading. Diga-se que a maneira mais eficiente de viajar entre os diversos reinos é por meio do teletransporte nos pontos que desbloqueamos à medida que vamos avançando no jogo. Por isso se achavam que nesta componente o jogo era parecido com Final Fantasy XV com umas vastas áreas livres de serem exploradas…, enganem-se. 

iron mask

Existem ainda muitas missões secundárias que, com algumas exceções muito específicas, não são mais do que simples tarefas, consistindo em eliminar monstros, encontrar certos objetos ou derrotar um Boss opcional, sendo estas as missões mais interessantes e engraçadas. 

Acrescentem a isto a busca por artefactos que homenageiam outros jogos da Bandai Namco e que nos irão dar vantagens permanentes, uma arena de combate onde teremos bastantes desafios, umas trinta corujas escondidas que estão à espera de serem encontradas, um rancho que podemos gerir e o essencial mini-jogo de pesca tão comum neste género de jogos, e temos aqui um jogo com muito conteúdo que nos irá manter entretidos por muitas e boas horas. 

À medida que avançamos na história e cumprimos certos requisitos, os nossos personagens vão obter títulos. Cada um deles tem várias melhorias que podemos desbloquear (numa espécie de Skills Tree) com os pontos que ganhamos nas lutas e conforme vamos cumprindo missões. Desta forma, podemos desbloquear novas “Artes” e passive skills que nos ajudarão e muito no campo de batalha. 

Algo que também gostei de ver em Tales of Arise é a forma como todos os personagens estão brilhantemente diferenciados, mudando completamente a nossa forma de jogar dependendo de quem estamos a controlar, uma vez que todos eles têm estilos e características muito próprios. 

attack of iron mask

Outro aspeto que não posso deixar de mencionar é que a banda sonora está simplesmente genial.  A Bandai Namco quis dar um tom muito épico a Tales of Arise, com muitos coros e uma grande presença orquestral, e não podiam ter feito melhor escolha. Os efeitos também estão com uma boa qualidade, bem como o trabalho dos atores de voz, que quer seja em inglês ou em japonês, estiveram à altura do desafio. 

Esta versão de análise foi jogada em PC, com uma GeForce GTX 970, mas se tiverem no mínimo uma GeForce GTX 760 e 8 GB de RAM, já conseguem ter uma boa e fluída experiência de jogo. 

 

Conclusão:

Este JRPG é uma verdadeira pérola! Tem um sistema de combate que é, provavelmente, o melhor da série “Tales of”, um mundo extremamente bem construído, um grupo de protagonistas com uma evolução muito interessante, bosses espetaculares e desafiantes, não esquecendo uma banda sonora de elevada qualidade, aliada a um belo motor gráfico! Tales of Arise é um “Must Have”!