Battlefield 2042 segue a tendência dos FPS modernos mas com alguns brindes para os fãs de longa data.
Os FPS hoje em dia são bem mais do que eram, a simplicidade de outros tempos em que bastava apenas escolher uma arma e seguir em frente já lá vai. A franquia Battlefield tem o peso da responsabilidade de ter sido uma das primeiras a introduzir com sucesso veículos e mapas gigantescos com o velhinho Battlefield 1942 que tantos de nós jogámos exaustivamente nos tempos de escola. Que BF1942 foi um sucesso e uma receita vencedora já nos sabemos, mas será que vai acontecer o mesmo com BF2042?
Os meus primeiros passos no mundo do multiplayer online foram precisamente com shooters, mais precisamente com Delta Force Land Warrior e posteriormente Black Hawk Down o qual joguei afincadamente durante anos, além disso tenho também muitas horas de Battlefield 1942 no meu currículo. Apesar de já terem passado alguns anos, pensei sinceramente que chegaria a Battlefield 2042 e facilmente iria começar a ser competitivo graças à minha experiência com jogos do género. Não podia estar mais enganado. Battlefield 2042 recebe-nos com uma valente bofetada na cara, assim que entramos numa partida multiplayer percebemos o quão caótico este Battlefield é. Para os menos experientes os primeiros momentos podem ser desmotivantes, jogadores mais fortes, tanques, aviões, helicópteros, sentry guns, tudo nos cai em cima sem dó nem piedade.
Todo este caos não é necessariamente mau, pois se formos a ver um cenário de guerra é precisamente isso e se olharmos para Battlefield 2042 como um “simulador de guerra” esse caos, apesar de nos dificultar a vida enquanto novatos, fará todo o sentido. Mas nada que uma boa dose de persistência não resolva e ao fim de uns dias já conseguimos mostrar que somos capazes de dar luta. Apesar do impacto inicial devido ao que já mencionei, achei o jogo um lugar agradável para se estar, os gráficos são muito bons e a jogabilidade também. Mesmo admitindo que me atrapalhei um pouco ao início com tantos gadgets e acessórios para as armas, gerir a sua utilização em tempo real enquanto se tenta sobreviver num ambiente hostil foi difícil nos primeiros dias.
A recepção do jogo por parte da comunidade não foi muito boa, além dos bugs iniciais que assombraram o jogo, os mapas do novo BF2042 não agradaram a maioria dos jogadores por serem demasiado grandes. Passar grande parte do tempo tentar chegar à zona de conflito para morrer e ter que fazer tudo de novo não é muito motivante. O facto das tropas serem alvo fácil para tanques ou helicópteros também não deixou os fãs muito satisfeitos e confesso que é constante a sensação de que o jogo está mais focado nos veículos do que infantaria, muito mais do que nos jogos anteriores da franquia. Mas para os que, como eu, gostam mais da receita antiga de Battlefield, descansem que o jogo também tem um espaço para nós!
Battlefield 2042 oferece-nos três modos de jogo distintos, todos eles multiplayer, e cada um deles tenta agradar a um público alvo diferente. Na categoria All-Out Warfare, temos os já conhecidos modos Conquest e Breakthrough que irão proporcionar batalhas épicas com 128 jogadores em simultâneo.
Já em Hazard Zone, temos uma nova maneira de jogar Battlefield, onde várias equipas de quatro elementos lutam entre si, e em certas situações também contra forças especiais controladas por IA. O objectivo é recuperar data drives espalhadas pelo mapa provenientes de satélites caídos e após a conclusão dessa tarefa fazer a extração da nossa equipa usando um helicóptero. A grande condicionante neste modo Hazard Zone é a tempestade que se vai formando ao longo da partida, e que irá impossibilitar a extração caso não consigamos fazê-la nas duas oportunidades que existem durante a partida. Uma leve influência de battle royale mas na minha opinião muito mais interessante. Este modo pode ser dos mais desafiantes porque tem obrigatoriamente que haver trabalho de equipa.
Por fim, aquilo que para mim é a cereja no topo do bolo e inquestionavelmente onde joguei mais horas, é o modo Portal. Literalmente podemos voltar atrás no tempo e revisitar alguns mapas dos Battlefield antigos, incluindo o 1942. Além disso, podemos criar as nossas próprias regras e misturar várias eras de Battlefield e disputar uma partida única.
As novidades não se ficam pelos modos de jogo, também as classes tiveram uma actualização e foram “substituídas” por Specialists, uma tentativa de incorporar personagens com mais vida do que as tradicionais classes às quais estamos habituados. Cada Specialist tem a sua classe específica, que poderá ser Recon, Assault, Support e Engineer. Além disso, têm seu visual único, os seus gadgets e habilidades, a nossa escolha dependerá depois do estilo de jogo que preferirmos, ou de acordo com o que a nossa equipa poderá ou não precisar. Se todas estas mudanças parecerem confusas, ou não gostarem, mais uma vez o modo Portal salva o dia e deixa-nos jogar com as classes tradicionais dos Battlefield antigos.
Conclusão:
No papel Battlefield 2042 tinha tudo para se tornar num sucesso mas a recepção não foi das melhores, quase todos os bugs já foram corrigidos em diversos updates mas a comunidade continua desagradada com o jogo. Apesar da minha preferência ser por shooters mais simples e de sentir falta de um modo single player com uma boa história, reconheço o grande potencial de Battlefield 2042 principalmente pela diversidade do jogo e pela possibilidade de viajar no tempo e visitar os Battlefield mais antigos através do modo Portal. Tenho esperança que com o tempo, a comunidade comece a ver este Battlefield com outros olhos, até porque o jogo está em constante mudança e poderão haver mais melhorias e até a adição mais conteúdo e novos modos de jogo.
Ver os seus pais a jogar Spy Hunter num Spectrum ZX, é uma das suas memórias mais antigas, e foi precisamente esse momento que fez nascer as suas duas grandes paixões. Sendo um gamer e petrolhead com raízes tão fortes, não consegue viver sem uma boa tarde agarrado a uma das consolas ou computador, ou uma noite bem passada ao volante de um carro enquanto conduz sem destino acompanhado de uma boa banda sonora. Cresceu com jogos de carros como Lotus III, 4D Sports Driving, NQ RAC Rally e claro, Gran Turismo 2. O verdadeiro gosto por outro tipo de jogos apareceu mais tarde, no início dos anos 2000, assim que meteu as mãos numa cópia de Final Fantasy 8, que por sinal ainda hoje é o seu preferido. Desde então é completamente apaixonado por jogos com uma boa narrativa, considera que sagas como Final Fantasy, Kingdom Hearts, Metal Gear Solid, Mass Effect e Life is Strange são autênticas obras de arte.