Para quem sempre sonhou ser piloto, MotoGP 22 não é um apenas um jogo de motas, é uma verdadeira imersão no mundo do MotoGP.
É já uma tradição da Milestone trazer ao mundo jogos bastante bons no que diz respeito ao mundo das duas rodas, mas será que MotoGP 22 terá a mesma recepção que os seus predecessores? Ter jogos como Ride 4 na mesma prateleira, e ainda por cima filho da mesma casa, pode deixar os fãs confusos pois podem à primeira vista estar a disputar o mesmo lugar entre si, mas se acham isso estão completamente enganados. Faz todo o sentido esta coexistência, pois vivem em mundos completamente distintos.
MotoGP 22 apresenta-se ao mundo como uma verdadeira simulação do que é o MotoGP, não apenas pela condução realista das motas, mas porque simula toda a gestão da equipa. Não nos é pedido apenas que pilotemos uma moto, diria até que isso é apenas 50% das nossas tarefas. Gestão financeira, escolha de staff e em que área colocar cada membro, gerir o calendário de provas e treinar muito para poder escolher as afinações certas são alguns exemplos do que iremos ter que fazer no MotoGP 22.
Ter à disposição as diversas categorias é um must para os entusiastas, a sensação de progressão ao começar por baixo até chegar ao topo é uma aventura interessante, demorada e que exige muito esforço e muito estudo especialmente se jogarmos na dificuldade máxima (esperem muita frustração nos primeiros dias!).
Cheio de confiança lá fui eu estrear-me em Moto3 pela KTM, mas rapidamente percebi que o jogo não era pêra doce. Confesso que nunca tive aptidão para a vertente de “manager” de nenhum jogo e, como tal, saltei directamente para a pista e tentei (sim, tentei) fazer uns bons tempos com a KTM. Após muitas quedas e voltas inválidas comecei a perceber a mecânica de jogo e la fui progredindo. Ficam avisados, o jogo não é fácil, a jogabilidade é bastante realista e à semelhança de Ride 4 temos que controlar não apenas o acelerador/travagem e inclinação lateral mas também a inclinação longitudinal do corpo do piloto de forma a entrar e sair de forma mais eficiente das curvas. O controlo da travagem dianteira e traseira também é feito de forma independente. Claro que tudo isto pode ser automatizado de forma a facilitar a vida ao jogador, mas tem muito mais piada ir ao chão, levantar e repetir até se aprender. Por falar em quedas, até aí o jogo nos dificulta a vida, sempre que caímos temos que correr de volta para a mota para seguir a corrida. Resumindo, toda a mecânica de jogo é um verdadeiro desafio só para os mais persistentes.
Além do modo carreira, temos também modos mais casuais como time attack, GP’s isolados ou até um split-screen à antiga. Um detalhe interessante é o de podermos revisitar a season de 2009, uma das mais épicas de sempre. Apesar de ser um jogo com bastante conteúdo relacionado com o mundo do MotoGP, acaba por parecer curto em comparação com o irmão Ride 4, mas ainda assim temos imensas motas de diferentes seasons e categorias, os respectivos pilotos, e uma boa lista de pistas, das quais destaco o Estoril e o AIA, por motivos óbvios.
Já a nível gráfico achei que poderia ser mais polido, apesar de ter alguns detalhes com bastante qualidade, outros parecem ter saído directamente de um jogo com mais de dez anos. Modelos e texturas do paddock, staff, e mesmo a vegetação e background podiam, e deviam, ter sido melhores. Os amantes do motociclismo infelizmente não tem tantas opções num mercado que é dominado maioritariamente por jogos virados para as quatro rodas e, sendo a Milestone a actual fábrica de sonhos para os entusiastas das motas, deveriam ter mais cuidado com as pequenas coisas e defender a sua posição com mais garra. Imaginem que um dia a Poliphony Digital se lembrava de fazer um eventual Tourist Trophy 2, garanto-vos que se saísse com a qualidade do actual Gran Turismo 7, seria uma grande dor de cabeça para a Milestone.
Conclusão:
MotoGP 22 é um bom jogo, mas exclusivamente para quem quer viver o Moto GP, pois retrata exclusivamente o que é a modalidade. São daqueles fãs hardcore que não perdem um Grande Prémio de motociclismo? Avancem, vão garantidamente deliciar-se com MotoGP 22. Se por outro lado são amantes das duas rodas, mas como eu mas não ligam assim tanto ao Moto GP, este não é o jogo a comprar. Para quem procura um conceito semelhante ao Gran Turismo, a resposta é simples e chama-se Ride 4.
Ver os seus pais a jogar Spy Hunter num Spectrum ZX, é uma das suas memórias mais antigas, e foi precisamente esse momento que fez nascer as suas duas grandes paixões. Sendo um gamer e petrolhead com raízes tão fortes, não consegue viver sem uma boa tarde agarrado a uma das consolas ou computador, ou uma noite bem passada ao volante de um carro enquanto conduz sem destino acompanhado de uma boa banda sonora. Cresceu com jogos de carros como Lotus III, 4D Sports Driving, NQ RAC Rally e claro, Gran Turismo 2. O verdadeiro gosto por outro tipo de jogos apareceu mais tarde, no início dos anos 2000, assim que meteu as mãos numa cópia de Final Fantasy 8, que por sinal ainda hoje é o seu preferido. Desde então é completamente apaixonado por jogos com uma boa narrativa, considera que sagas como Final Fantasy, Kingdom Hearts, Metal Gear Solid, Mass Effect e Life is Strange são autênticas obras de arte.