Hogwarts Legacy foi lançado há pouco tempo mas desde cedo viu-se envolto em muita controvérsia. No entanto neste artigo vamos focar-nos apenas no que interessa: o jogo em si.
Enquanto os filmes estavam ser produzidos e lançados nas primeiras décadas dos anos 2000, ao mesmo tempo fomos presenteados com jogos referentes aos filmes. Estes foram obviamente limitados pela tecnologia do seu tempo, mas o principal objetivo foi cumprido na perfeição, reproduzir a história que conhecemos no cinema. Existiam algumas sidequests que permitiam explorar um pouco mais o mundo de Harry Potter e dos seus amigos, mas no geral a experiência era linear e limitada.
No entanto, Hogwarts Legacy promete uma experiência completamente distinta. O jogo conta-nos uma história que se passou aproximadamente 100 anos antes das aventuras de Harry e companhia. Apesar de focado na escola que nomeia o jogo, Hogwarts Legacy oferece-nos não só a possibilidade de explorar o castelo de Hogwarts mas também um incrível e vasto mundo aberto que nos permite explorar muitas localizações já conhecidas dos fãs. Locais como a Forbidden Forest, Hogsmeade, ou as Terras Altas da Escócia e até a tão temida prisão de Azkaban farão parte do roteiro dos jogadores.
A nossa personagem, cujo nome é inteiramente escolhido por nós, é completamente personalizável, no entanto, o menu de criação de personagem é relativamente limitado. Estamos limitados a alguns presets sem opção de sliders, o que dificulta uma personalização mais específica em termos faciais e até corporais, sendo completamente impossível escolher uma forma de corpo, ou tons de pele demasiado claros ou escuros. Em relação às vozes temos duas por onde escolher: uma masculina e uma feminina, ambas ajustáveis em relação ao pitch – mas a partir do momento em que alteramos a voz base, nota-se um som quase robótico. O que recomendamos, neste caso, é usarem a voz original.
A nossa personagem é um recém chegado a Hogwarts que está a entrar directamente como um aluno do quinto ano. Isto faz com que o personagem tenha sensivelmente 15 anos e pelo que conseguimos entender, pouco contacto com a magia – razão pela qual há um professor responsável pela introdução do personagem ao mundo da magia e de Hogwarts. Serve também esta introdução para nos ajudar, como jogadores, a perceber melhor a mecânica básica do jogo. Inicialmente não há um motivo explícito para a nossa personagem começar tão tardiamente a sua educação escolar, mas com o decorrer da história conseguimos juntar os pontos e torna-se cada vez mais claro o motivo.
Após a criação do personagem e uma breve introdução, somos rapidamente atirados para o meio da ação. A carruagem onde viajamos é atacada por um dragão sem qualquer motivo aparente e é aqui que ficamos a perceber que o nosso feiticeiro é possuidor da um rara habilidade que lhe permite detectar e manipular vestígios de magia antiga. O que é que isto significa? Vão ter que jogar para perceber, não queremos contar-vos já tudo!
Quando finalmente metemos o pé em Hogwarts e começamos o nosso ano escolar, somos recebidos pelo nosso já conhecido Chapéu Selecionador que, com duas perguntas básicas, nos consegue colocar numa das 4 casas de Hogwarts: Gryffindor, Hufflepuff, Slytherin, ou Ravenclaw. No entanto, se o jogador tiver uma conta do Wizarding World com uma casa e varinha já selecionadas através dos quiz’s oficiais, caso opte por sincronizar a conta com o jogo, este vai buscar estas informações e aplicá-las ao jovem feiticeiro, sempre com a hipótese de mudar, não se preocupem. Somos depois levados para a Sala Comum da nossa casa (a de Slytherin tem vista para dentro do Black Lake!) e a partir daí somos livres de explorar o castelo e toda a área circundante, encontrando sidequests à medida que vamos passeando de um lado para o outro.
Apesar de não serem obrigatórias, completar estas sidequests dá mais algum lore ao mundo e desbloqueia feitiços novos, inclusive o tão conhecido Avada Kedavra. Para além disso, as principais recompensas são equipamento para melhorar os stats do nosso personagem ou items visuais com os quais podemos personalizar a varinha do nosso feiticeiro. Podemos também receber ouro ou outros items que podemos usar na nossa Room of Requirement – desbloqueada um bocadinho mais tarde na progressão do jogo.
Depois de tanta exploração, torna-se mais fácil navegar pelo mapa devido a pontos de pó de Floo, ou, mais tarde, através de voo em vassoura – o que nos permite chegar a áreas previamente inacessíveis e de forma rápida.
Ao longo da história vamos desbloqueando diversos feitiços: uns que podemos usar simplesmente enquanto exploramos e nos ajudam a descobrir alguns segredos do mundo de Hogwarts Legacy, outros usados exclusivamente em combate, e alguns que podem ser utilizados em ambas as situações. Em termos de jogabilidade, é bastante simples e intuitivo. O combate era uma coisa que tínhamos algum receio antes de experimentar, com medo que fosse repetitivo mas provou ser precisamente o contrário. Acabamos por ter de fazer alguns combos com os nossos feitiços de forma a maximizar o dano que damos aos nossos inimigos, mas temos também que ter uma estratégia para conseguir penetrar as suas defesas com feitiços específicos de acordo com as cores da protecção que os rodeia (confessamos que nos fez lembrar um pouco do Witcher 3, e os Signs do Geralt). Os botões assignados a cada feitiço são completamente personalizáveis, havendo inclusive a possibilidade de ter até 4 presets que podemos mudar rapidamente, se for necessário.
Existe uma função para cada feitiço lançado, o ataque básico serve de elo de ligação entre os outros feitiços que vamos aprendendo ao longo do jogo, e se usados de forma correcta e no tempo certo, conseguimos fazer combos bem interessantes, ter bastante controlo do caos que nos rodeia e fazer frente às mais variadas criaturas que nos aparecem à frente – quer sejam os vilões principais, os goblins e alguns feiticeiros negros, ou então criaturas que simplesmente tropeçam no nosso caminho com intenções duvidosas, como aranhas, trolls, e criaturas pantanosas.
Como não temos propriamente uma skill tree tradicional, neste jogo os pontos que recebemos à medida que vamos subindo de nível, os Talent Points, vão sendo aplicados nas áreas que queremos que o nosso feiticeiro se especialize. Ao todo são 5 categorias, Spells, Dark Arts, Core, Stealth e Room of Requirements. Cada uma destas áreas vai dar ao nosso personagem um boost numa certa categoria, feitiços, poções, etc. Desta forma podemos ajustar tudo ao nosso estilo de jogo.
Em relação à mecânica de voo, apesar de estar excelente, com movimentos suaves e realistas gostávamos que houvesse mais liberdade na personalização dos controlos, pois controlar o movimento lateral com o stick esquerdo, e altura com o direito pode não agradar a todos. Há a possibilidade de inverter o controlo dos sticks, mas não resolve o problema.
O mapa é enorme e rico, e está construído de tal forma que conseguimos sentir que estamos mesmo a explorar aquele enorme castelo. O mundo é extremamente envolvente e são pequenos detalhes que contribuem para nos fazer verdadeiramente sentir um aluno em Hogwarts, um dos quais a diferença entre noite e dia que o jogo automaticamente manipula. Grande parte do tempo vai ser passado a explorar e a visitar localizações já conhecidas, a procura por ligações entre o jogo e os filmes ou livros é constante e inevitável. Acreditem que após algumas horas de exploração e sidequesting vão sentir que estão atrasados para a aula de poções.
O som ambiente a cada passo que damos mostra claramente em que tipo de piso estamos a andar, com passos ecoando por um corredor abandonado do castelo, ou simplesmente quando estamos a andar na relva e subitamente pisamos uma poça e conseguimos detectar imediatamente por causa do som da água. Uma experiência bastante envolvente, que vai além do que costumamos ver na maioria dos jogos, auxiliado claro, pela nostalgia que sentimos ao explorar o mundo que conhecemos dos livros e dos filmes.
A banda sonora do jogo está soberba. Existe sempre uma orquestra a acompanhar-nos e em certas cenas conseguimos notar algumas notas da música utilizadas no filme, sendo a mais conhecida obviamente a Hedwig’s Theme. É sem duvida um dos pontos mais importantes no jogo, pois contribui bastante para nos sentirmos em casa e fazer a ligação entre o jogo e os filmes.
Conclusão – Núrya Inocentes:
Quando alguém me pergunta qual é a minha opinião deste jogo, gosto de dizer que este é o jogo que os fãs de Harry Potter queriam na altura em que os livros foram lançados, mas não existia tecnologia suficiente para tal. Hogwarts Legacy não desiludiu, aliás, ultrapassa as expectativas e ainda há tanto para descobrir que parece que o jogo não tem fim.
Conclusão – Mário Fonseca:
Qualquer amante de jogos e apreciador do mundo de Harry Potter, terá aqui um porto seguro. Hogwarts Legacy excedeu todas as minhas expectativas e é impossível ficar indiferente. Um clássico à nascença, que será certamente recordado por todos como um dos melhores jogos que já viu a luz do dia. Peca apenas por não ter um campeonato de Quidditch, mas acredito que isso possa ser resolvido com um futuro DLC.
Ver os seus pais a jogar Spy Hunter num Spectrum ZX, é uma das suas memórias mais antigas, e foi precisamente esse momento que fez nascer as suas duas grandes paixões. Sendo um gamer e petrolhead com raízes tão fortes, não consegue viver sem uma boa tarde agarrado a uma das consolas ou computador, ou uma noite bem passada ao volante de um carro enquanto conduz sem destino acompanhado de uma boa banda sonora. Cresceu com jogos de carros como Lotus III, 4D Sports Driving, NQ RAC Rally e claro, Gran Turismo 2. O verdadeiro gosto por outro tipo de jogos apareceu mais tarde, no início dos anos 2000, assim que meteu as mãos numa cópia de Final Fantasy 8, que por sinal ainda hoje é o seu preferido. Desde então é completamente apaixonado por jogos com uma boa narrativa, considera que sagas como Final Fantasy, Kingdom Hearts, Metal Gear Solid, Mass Effect e Life is Strange são autênticas obras de arte.