Depois do primeiro jogo ter vendido globalmente 3 milhões de cópias, eis que chega até nós o muito aguardado Octopath Traveler II, mantendo o belíssimo estilo pixel art HD-2D e novamente oito protagonistas com histórias bem interessantes para descobrir.
O segundo jogo da Square Enix foi lançado para a Nintendo Switch, para PC e chega pela primeira vez às consolas PS4/PS5, e foi certamente uma boa noticia para muitos jogadores das consolas da Sony. Contudo, e contrariamente ao primeiro jogo, as consolas da Microsoft não receberam o jogo, o que a meu ver não faz muito sentido…, mas ok.
Octopath Traveler II segue o mesmo princípio do seu antecessor, e oferece aos jogadores oito personagens principais, cada um deles com as suas próprias motivações, e que para as alcançar tem que deixar o local de origem e embarcar numa enorme viajem pelo mundo. Se no primeiro jogo a aventura desenrolava-se no reino medieval de Orsterra, no novo jogo deixamos a era medieval para trás e vamos viajar no mundo de Solistia, que está dividida em dois continentes (Este e Oeste). Como é expectável, temos também novos personagens, portanto todos aqueles que nunca jogaram o primeiro Octopath Traveler, não terão problemas se quiserem começar a jogar o segundo jogo, pois não existem conexões entre as histórias.
Cada uma das oito narrativas oferece-nos uma experiência única, com protagonistas completamente distintos, e por falar em protagonistas temos então Agnea, que é uma excelente dançarina, Ochette que é uma eximia caçadora, Throné que domina a “arte” do roubo, Temenos o inquisidor que não deixa escapar nada, Castti a herbalista (ou healer se preferirem) de serviço, Osvald que é um académico que dá uso a diversos ataques à base dos elementos (como o fogo), e por ultimo (e foi quem escolhi para iniciar a aventura) temos Partitio, um comerciante de alto gabarito.
Cada um dos protagonistas terá que jogar o primeiro capítulo da sua campanha sozinho, mesmo que já tenhamos outros protagonistas presentes no grupo. Isto acontece porque o primeiro capítulo volta atrás no tempo, mostrando assim como as coisas aconteceram até ao momento em que esse personagem foi encontrado por nós.
Cabe a nós qual o caminho a seguir, pois podemos desbloquear os restantes sete protagonistas como quisermos. De uma forma geral, as histórias de Octopath Traveler II cativam bastante e contam com algumas reviravoltas bem interessantes, se bem que a história de Agnea é a única que até ao momento acho mais desinteressante, e não me está a dar grande vontade de jogar com ela confesso, contudo lá que terá que ser, pois o capítulo final só é desbloqueado quando se terminar as histórias individuais dos oito protagonistas.
Em Octopath Traveler II vamos ter que fazer bastante grind para avançar em algumas histórias, que recomendam níveis muito altos, e isto acontece praticamente desde os primeiros momentos do jogo (o que pode incomodar alguns jogadores). Acredito que foi uma forma que a Square Enix encontrou para fazer com que o jogador possa explorar e avançar nas histórias das outras personagens, além de também aumentar o tempo de gameplay do jogo, mas nota-se alguma disparidade é um fato. A título de exemplo o capítulo 2 de Throné, recomenda personagens no nível 7, mas para o terceiro capítulo já nos recomenda personagens no nível 31…, portanto preparem-se para lutar bastante.
Além de histórias com uma grande profundidade narrativa, Octopath Traveler II também acerta ao aprimorar elementos do gameplay, que transformam bastante a nossa forma de jogar. Isso acontece porque cada personagem tem um Job, e permite que se possa equipar determinados tipos de armas, escudos, armaduras, capacetes e outros acessórios. A qualidade de cada item varia de acordo com as lojas em que os compramos, aliás como já se tornou uma tradição neste género de jogos. No entanto, conforme avançamos nas histórias, é possível desbloquear Jobs secundários, que podem ser aplicados em todos os oito personagens principais.
Os Jobs secundários, para além de adicionarem novas habilidades, magias e status aos personagens, são somados ao que já desbloqueamos no Job principal, desbloqueando assim novas opções como ataques básicos com novas armas (se tiverem equipadas) e até mesmo skills de suporte. Para desbloquear as novas skills precisamos de usar Job Points (JP), que são obtidos após vencermos cada batalha.
Temenos, por exemplo, tem Cleric como o seu Job principal, e isso dá-lhe altos pontos em ataque e defesa contra elementos. Se o Job secundário for a classe Scholar, (a classe principal de Osvald) temos um personagem com muita força e capacidade ofensiva, além de um enorme nível de SP, que é bem útil para usarmos magias ofensivas com muita frequência, e acreditem que elas são bem devastadoras.
Quanto ao sistema de combate (que é turn based) não podia estar melhor! Acredito que está é uma fórmula que muitos dos jogadores preferem, e que relembram tempos saudosos de jogos clássicos como Final Fantasy ou Dragon Quest. As batalhas são desafiadoras, mesmo contra os inimigos ditos normais, contudo estejam preparados para as Boss Fights, que elevam a dificuldade para um outro patamar, portanto não se admirem se perderem por diversas vezes (eu que o diga). Invistam bastante em itens que recuperam saúde (vão mesmo precisar), mas também podem apostar em ter Castti na vossa equipa, que tem habilidades de cura, bem como um outro personagem (no meu caso foi o Partitio) com um Job secundário igual ao de Castti, assim tem pelo menos dois personagens com habilidades para recuperar vida.
Falando ainda do sistema de combate por turnos, vamos ver uma barra que indica a ordem dos personagens, não seguindo assim os padrões de outros RPG onde os nossos personagens atacam primeiro. Aqui, a ordem de ação é escolhida de acordo com a agilidade e a velocidade das personagens. Tal como no primeiro Octopath Traveler os BP (Break Points) continuam a existir, que para quem não está a par do que sejam, são pontos que cada personagem ganha após uma rodada e que permite desferir vários golpes de uma só vez. É possível acumular até 6 BP, mas só se pode usar apenas 4 de cada vez, que por sua vez vai ativar assim o sistema de Boost.
Os inimigos também possuem um sistema de defesa próprio. Para além de terem fraquezas a determinadas armas/habilidades, também tem um escudo com um número no seu centro que indica que a defesa está ativada. Para destruir esse escudo (por 1 turno) vamos ter que atacar com um número de golpes relativos ao número que está no escudo, mas apenas com alguma arma/habilidade a que eles tenham uma fraqueza, ficando assim em estado Break. Enquanto estão neste estado os danos causados por nós são maiores, portanto aproveitem para dar uso ao Break Points que possam ter.
Um dos aspetos que ainda queria referir é que o jogo “não nos dá a mão” e conduz-nos durante o gameplay, antes pelo contrário. Existem tutorias sim, mas muito básicos e que nos ensinam um ou outro pormenor, sendo uma vez mais um RPG diferente dos demais.
O mini-mapa por exemplo, não nos guia pelo caminho que queremos seguir. Não há opção de definir um destino e segui-lo, exceto em duas ocasiões: quando obtemos informações de NPCs de itens escondidos em cidades, ou quando estamos a cumprir uma missão principal. Em ambas as situações, o mini-mapa ganha sinalizações específicas, mas tirando isso, ele é um “pedaço de papel” com sinalizações de missões secundárias disponíveis e qual a direção seguir.
É importante também referir que não há qualquer guia pelas missões secundárias de Octopath Traveler II. Ao conversarmos com quem nos passa a missão, elas são adicionadas ao nosso Journal, com informações extremamente básicas do que fazer. Não existe nenhum guia e iremos precisar de algum tempo para cumpri-las, bem como conhecer todos os personagens principais.
Uma das novidades desta sequela é o sistema que permite alternar entre o dia/noite, e para isso basta pressionar o gatilho direito ZR (isto na consola da Nintendo claro). Esta simples ação (que por vezes poderá passar ao lado de alguns jogadores) é muito útil para algumas missões/habilidades específicas dos nossos personagens, que só podem ser executadas em períodos específicos do dia.
O primeiro jogo de 2018 “revolucionou” o género com o seu grafismo HD-2D, misturados com pixel art retro num mapa em 3D. O mesmo estilo foi mantido na sequela, e diria até que está ainda melhor. Temos presentes cenários belíssimos, todos repletos de detalhes, e com um bonito contraste entre pixel art e gráficos em HD. Todos os personagens e elementos interativos, como os animais ou NPCs são feitos em pixel art. Outros elementos do cenário também são feitos nesse estilo, mas com uma maior definição gráfica, como por exemplo nos efeitos do clima presentes no jogo.
A componente sonora está qualquer coisa de excelente, mas vindo da Square Enix já é uma “coisa normal”. Temos músicas que parecem saídas de orquestras e um voice acting de enorme qualidade que merece ser ouvido, portanto evitem fazer skip às cutscenes.
– Análise do jogo feita na versão da Nintendo Switch –
Conclusão:
Octoptah Traveler II é um jogo que recomendo vivamente para todos os fãs de um bom e intenso RPG. A Square Enix trouxe-nos histórias e personagens bem interessantes, acompanhados de um gameplay contemporâneo e uma incrível ambientação audiovisual. Para mim este é um dos melhores RPG da atualidade e certamente irá conseguir alcançar o mesmo sucesso do seu antecessor. Iremos ver no futuro um terceiro jogo? Eu cá gostava bastante!
Jogo de tudo um pouco, desde a minha primeira consola de jogos, a Master System II. Desde aí muita coisa mudou, mas a paixão e dedicação aos videojogos permaneceu intacta.
Apesar de jogar de tudo um pouco, desde FPS a RPG´s, sou grande adepto de Fighting games, como o Mortal Kombat e ainda de jogos de desporto automóvel, como o Forza Motorsport. Também não dispenso boas séries e bons filmes. Sou grande fã de animes desde muito cedo, onde tenho DragonBall e Naruto como séries de eleição.