Fae Farm – Agricultura com toque de magia | Análise

Se são fãs de jogos de exploração agrícola (a.k.a Simfarms), eis que chegou à Nintendo Switch e aos PC o promissor Fae Farm. Será que o jogo do estúdio da Phoenix Labs consegue tirar bom proveito do hype que gerou desde que foi anunciado? Vamos lá saber então! 

Temos assistido durante os últimos tempos ao lançamento de diversos jogos deste género que alcançaram um sucesso enorme, Animal Crossing e Stardew Valley são bons exemplos disso. Estes jogos têm-se tornado ainda mais apelativos com a adição de novos elementos de gameplay, como diversas opções de personalização, desafios, entre outras coisas mais. Fae Farm não foge (nem quer fugir) a essa tendência, contudo consegue ir um pouco mais além, pois traz consigo narrativa bastante aprofundada, muitas (mas muitas) missões e objetivos, e tem ainda o “bónus” de poder ser jogado online com os nossos amigos.  

Posso já adiantar que Fae Farm é visualmente muito apelativo, as cores “florescem” em cada recanto do jogo e, mesmo que a arte dos personagens seja mais simplista, ela funciona muito bem, especialmente quando o jogo é jogado no modo portátil. Os designs da comida, da decoração e dos monstros também estão muitíssimo bem trabalhados, e até dão gosto/prazer de se verem. 

O jogo tem o seu início quando o nosso personagem encontra uma garrafa a flutuar na água, garrafa essa que tem uma mensagem no seu interior que revela que a ilha de Azoria é um local incrível para viver, com terrenos muito férteis, habitantes super simpáticos e muitas outras coisas para descobrir. A nossa personagem decide então partir num barco em busca desta ilha. A meio da viagem o barco acaba por naufragar, contudo o nosso objetivo é alcançado, pois somos resgatados pelos habitantes da ilha que procurávamos.  

Depois de recuperar do susto, somos apresentados à Mayor da ilha, que nos diz que tudo o que dizia na garrafa era verdade, contudo a ilha está envolta em magia (que não se sabe de onde surgiu), com perigosos redemoinhos um pouco por todo o lado, impedindo assim que os habitantes partam ou que novos habitantes cheguem a Azoria. Existem ainda um sem número de espinhos gigantes que não nos deixam aceder a certas zonas da ilha, e ainda um nevoeiro estranho que também nos dificulta a vida. O jogo expande-se ainda para além da Ilha de Azoria, pois à medida que progredimos, vamos ter a oportunidade de explorar locais fora da ilha. Nestes locais, por norma enfrentamos criaturas, exploramos novas áreas, utilizamos as magias que vamos aprendendo e conhecemos novas personagens. 

Para descobrimos a origem do problema temos que visitar locais semelhantes a dungeons, mas pelo meio também temos que cuidar da quinta que a Mayor de Azoria nos facultou, portanto temos que amealhar recursos, fazer dinheiro, cuidar das colheitas/animais, não esquecendo ainda de conseguir materiais para criar poções, bem como recursos para atualizar as nossas diversas ferramentas agrícolas. Quando o relógio marcar 11 horas da noite, é hora de ir para casa e dormir, para repetir tudo no dia seguinte. 

A parte de recolher recursos, dinheiro, colheitas e materiais constitui a maior parte do jogo. Entre o cultivo, a descoberta de novas colheitas, a criação de animais e a gestão de um número cada vez maior de edifícios agrícolas e bancadas de trabalho, o jogador terá certamente sempre algo para fazer e por vezes o tempo será pouco para fazer tudo num só dia. 

A economia do jogo é muito simples, pois basicamente tudo pode ser vendido, desde itens recolhidos em explorações, passando pelos produtos que nós colhemos da nossa quinta ou pelos cozinhados que preparamos, não esquecendo às roupas que fabricamos. Basta para isso levarmos o nosso personagem ao centro da vila (ou então usamos as bancas junto à nossa casa), e colocarmos tudo o que queremos vender nas mesas do mercado. 

Algo que estou a gostar muito de fazer é a decoração da casa, até diria que é uma parte vital do jogo. Certas peças de mobília aumentam a barra de saúde/resistência/mana, permitindo assim que o nosso personagem se aventure ainda mais nas dungeons e consiga usar mais feitiços. E existe muita coisa para decorar a casa, acreditem. Também é possível personalizar o nosso personagem. No início, podemos escolher a cor dos olhos, do cabelo, o tipo de cabelo e o corpo, mas mais para a frente temos a oportunidade de personalizar ainda mais a aparência, mudando a roupa e os acessórios que usamos. 

Se tudo isso parece muito difícil de lidar, é porque é mesmo. O meu save game já passou as 30 horas, e ainda não cheguei ao final da história, pois há mesmo muito para se fazer, e ainda nem falei das bancadas de trabalho. Há uma bancada para tudo: para fundir minério, cortar lenha, cozinhar, picar alimentos, fazer conservas, fazer bebidas, polir gemas, fazer sementes, fazer tecidos para roupas, fazer ingredientes para poções, fazer poções, fazer mel e fazer selos mágicos que permitem que nos tele-transportemos para um andar específico das dungeons. Eu disse que havia muito para se fazer não disse?! Mas ainda falta referir que também podemos capturar pequenos bichos (abelhas, pirilampos, etc), ir pescar, recolher conchas/corais…., e a lista continua. 

O jogo apresenta-nos outros “desafios”, como as estações do ano, que afetam o tipo de plantações que podemos ter no momento. O clima também muda obviamente, com dias de chuva bem intensos e dias de sol abrasadores, que afetam inclusive o nosso personagem. Se tiverem animais, não se esqueçam de lhes dar atenção, para assim andarem felizes. Portanto dar-lhes carinho, comida e cuidados adequados é fundamental, pois vai-nos dar recompensas como lã, ovos, entre outros produtos.  

Não me podia esquecer de referir que existem pelo menos quatro quintas diferentes para desbloquear, o que não parece mau à primeira vista, até começarem a perceber que cada uma tem suas próprias plantações que vocês não podem mover, portanto vocês precisam visitá-las todas as quintas, todos os santos dias. Não admira que o nosso jovem agricultor esteja sempre exausto, apesar de comer cinco refeições de peixe assado por hora. 

O fato de haver imensa coisa para se fazer em Fae Farm pode ser um grande ponto a favor do jogo, mas também pode ser um ponto negativo, pois não chegam 24 horas para o nosso personagem fazer tudo o que tem para fazer, e chegamos a um ponto que simplesmente nos perdemos no meio de tanta tarefa e quests da história. 

Como também costuma ser habitual neste género de jogos, não se pode esquecer de um aspeto fundamental e muito apreciado pelos jogadores, que é a interação social com os NPC´s. Podemos desenvolver amizades e mesmo verdadeiras histórias de amor, independentemente do género escolhido para a nossa personagem. Podemos conversar, descobrir os seus gostos e interesses e até completar missões relacionadas com as amizades/romances, além de oferecer presentes no dia de aniversário. O aspeto social do jogo não é nada mau, mas honestamente falando também não é bom. Todos os NPCs tem os mesmos textos reciclados que se repetem toda vez que os encontramos…, o que se torna bem maçador. Portanto não estranhem por ouvir um obrigado pela milésima vez por se tornarem amigos, por algo que fizeram há um ano atrás (parece que estamos sempre a falar para uma parede honestamente). 

O gameplay está muito simples, bem adequada para todos os públicos, especialmente para as crianças. Ajuda também o jogo ter a opção de se jogar em português (do Brasil), assim os jogadores mais novos podem desfrutar dele sem grandes problemas. 

Conclusão:

Fae Farm é uma adição interessante ao género de jogos “simfarms”, com tanta coisa para fazer, que irá manter certamente o jogador entretido por muito tempo. Apesar de ter uma panóplia de atividades para se fazerem, não é complicado de jogar, antes pelo contrário, é um jogo bem simples e que nos deixa a pensar se na vida real daria-mos um bom agricultor. Eu cá prefiro ficar-me pela agricultura virtual, é bem menos stressante!