A Netflix continua com um bom catalogo de animes e obviamente que não poderia deixar de ver Castlevania: Nocturne, que tem lugar alguns séculos após os eventos do seu antecessor. Vamos lá então acompanhar Richter Belmont na sua implacável caça aos vampiros.
Quando a série animada Castlevania da Netflix foi lançada pela primeira vez em 2017, foi nada mais, nada menos que um milagre, pois finalmente, os fãs tinham uma adaptação de um videojogo que não era apenas digna do seu amado material de origem, mas também era muito divertido de assistir por si só, especialmente nas primeiras temporadas focadas em Drácula. Agora, chega a sequela Castlevania: Nocturne, que no geral está muitíssimo boa, contudo, esta primeira temporada de 8 episódios às vezes “arrasta-se” um pouco em alguns deles.
Ambientado em 1792, cerca de 300 anos após as aventuras de Trevor Belmont, Alucard e Sypha, os eventos de Nocturne desenrolam-se durante o caos da Revolução Francesa, um cenário muito adequado diga-se para Richter Belmont fazer o que de melhor sabe.
As sequências de ação estão extremamente grotescas, com vísceras, partes do corpo e muito sangue por todo o lado, não perdoando nenhuns vampiros e Night Creatures que perseguem os cantos mais sombrios de Paris (há alguns designs de monstros realmente doentios neste animação). O Castlevania original não era exatamente adequado para crianças, mas Castlevania: Nocturne faz a guilhotina parecer um brinquedo para crianças.
A animação acompanha assim Richter Belmont, o caçador de vampiros mais estiloso da época. Richter é um pouco diferente de Trevor. Embora ele tenha um passado sombrio tal como Trevor, Richter abraça o seu legado de Belmont e fica claro desde o início da série que ele sente que tem algo a provar, enquanto Trevor só queria ficar sozinho numa taberna a beber até cair para o lado. A sua motivação para lutar contra monstros também é muito mais pessoal, pois remonta à sua mãe Julia Belmont – uma nova Belmont criada para de propósito para a série – que é brutalmente assassinada pelo poderoso vampiro Olrox.
Mas Richter não é a principal estrela de Nocturne, mas sim parte de um conjunto maior de matadores de monstros, o que realmente funciona neste caso, já que a maioria dos outros personagens são igualmente interessantes – às vezes até mais – como no caso de a reimaginada Annette, que talvez seja até o destaque da série, juntamente com o seu parceiro Edouard, um cantor de ópera cuja história acaba por ser bastante comovente por sinal.
Assim como o seu antecessor foi buscar algum do seu conteúdo a Castlevania III: Dracula’s Curse, Castlevania: Nocturne é inspirado nos jogos da Konami claro, mas não está totalmente preso a eles. A série definitivamente foi buscar bastante inspiração a Castlevania: Rondo of Blood, que é o jogo no qual esta sequela se baseia, mas também tem leves referências a Castlevania: Bloodlines e Castlevania: Symphony of the Night.
Provavelmente, Rondo of Blood é um dos Castlevania menos conhecidos. Aqui Drácula sequestra Annette, que é o love interest de Richter. No jogo o nosso protagonista aventura-se no castelo do vampiro para salvá-la, contudo, a Annette que encontramos em Nocturne, uma ex-escrava que chegou a França em busca de vingança e não é uma donzela em perigo. Ela é sim uma feiticeira extremamente poderosa que não precisa de ser salva, sendo inclusive o “motor” que faz a série andar para frente.
É através de Annette e da principal antagonista da série, a “má como as cobras” rainha vampira Erzsebet Báthory, que Nocturne também explora as suas outras grandes influências além dos jogos e da história da Revolução Francesa: a religião do voodoo e a mitologia egípcia. É uma mistura interessante de inspirações que leva a série em direções inesperadas, inclusive no seu ato final, quando o plano de Báthory fica à vista de todos.
Gostei também da série se preocupar com os detalhes da própria revolução francesa. Aqui estamos entre os anos de 1789 e 1799, o que leva os eventos de Nocturne a “apanhar” a revolução ainda no seu início, no seu terceiro ano. Nesta altura, ela consistia numa intensa agitação política e social em França, que teve um impacto na história do país e, mais amplamente, em todo o continente europeu. O ciclo revolucionário foi o responsável pelo fim dos privilégios da aristocracia e pelo término do Antigo Regime. Com isto, a monarquia absolutista que havia governado o país durante séculos colapsou em “meros” três anos.
A história está muito bem contada e mantém o ritmo na sua maior parte, especialmente quando é focada em Annette e porque ela está tão determinada em acabar com a trama dos vampiros em Paris. Mas alguns tópicos da trama estão menos conseguidos, como uma grande reviravolta no terceiro ato que muda o que pensávamos saber sobre os parceiros de Richter, Tera e a sua filha Maria Renard. A história delas tende em arrastar-se, assim como a de Richter, que depois de sofrer uma derrota particularmente embaraçosa o faz afastar-se do conflito principal por um certo tempo. Contudo, somos surpreendidos com uma grande revelação sobre o passado de Richter, o que na minha opinião dá a entender que será explorado com mais detalhe na próxima temporada.
Vale a pena então verem esta nova animação de Castlevania? Obviamente que sim! E mesmo que não tenham assistido a série anterior, vão entender facilmente o que ocorre e acontece na sequela. Uma vez mais temos um tom maduro e que ao mesmo tempo tem espaço para diálogos bem-humorados, graças a Richter Belmont e ao seu tom carismático/sarcástico. E claro, o que não faltam são cenas de ação non-stop com bastante violência, sangue e vampiros desmembrados por todo o lado, produzidas mais uma vez pela Powerhouse Animation Studios! Estou bastante ansioso para ver o que Castlevania: Nocturne nos irá apresentar a seguir na sua segunda temporada.
Jogo de tudo um pouco, desde a minha primeira consola de jogos, a Master System II. Desde aí muita coisa mudou, mas a paixão e dedicação aos videojogos permaneceu intacta.
Apesar de jogar de tudo um pouco, desde FPS a RPG´s, sou grande adepto de Fighting games, como o Mortal Kombat e ainda de jogos de desporto automóvel, como o Forza Motorsport. Também não dispenso boas séries e bons filmes. Sou grande fã de animes desde muito cedo, onde tenho DragonBall e Naruto como séries de eleição.