Football Manager 2024 – FM24 para os amigos | Análise

Football Manager 2024 continua a polir uma relação de amizade de longa data com os seus jogadores.

Não criei grandes expectativas para a iteração deste ano de FM. Football Manager 2024 é lançado debaixo da sobra do conhecimento que, para o ano, a franquia será renovada radicalmente, sobre o motor gráfico Unity e com a introdução do futebol feminino. Esta renovação vai permitir abandonar um motor 3D que já tem 15 anos e cada vez mais tem revelado as suas limitações. Sendo esta uma série que, de ano para ano, se vai refinando mas nunca revolucionando, pairava um pouco a ideia que este ano seria assumidamente um “ano sabático” no que toca a novidades.

E sendo verdade que continuamos sem a revolução que alguns já pedem (e que parece estar prometida para o título do próximo ano), surpreendeu-me o impacto na experiência de jogo das novidades de Football Manager 2024. Não sinto, de forma alguma, que a Sports Interactive tenha posto menos trabalho este ano que nos anteriores, por estar entusiasmada com a renovação que aí vem.

O jogo sente-se muito semelhante ao anterior (que surpresa, não é?), mas eficientemente dá resposta a algumas queixas da comunidade. A maior delas todas prende-se com a dificuldade que muitas vezes tínhamos em vender jogadores que queríamos dispensar e que se podia tornar numa experiência bastante frustrante. Este ano, podemos falar com os agentes dos jogadores pedindo para gerarem interesse no seu jogador. Adicionalmente, foi introduzido o papel do intermediário, alguém contratado pelo director desportivo para gerar novo interesse no jogador, com um custo de uma percentagem no valor final da transferência. O que antes chegava a ser impossível conseguir, agora, através dos intermediários, recebemos propostas por jogadores que queremos dispensar num par de dias.

A acompanhar esta novidade, Football Manager 2024 melhora a inteligência artificial dos treinadores do CPU, que procuram agora comprar jogadores mais adequados à sua equipa, reconhecendo as suas debilidades e tendo o seu estilo táctico em consideração quando fazer shortlist aos jogadores. Esta novidade passa-nos um bocado ao lado, mas, com o tempo, vamos-lhe dando valor, sobretudo quando pensarmos o quão frequente era ver rivais a comprar mais avançados que o Jorge Jesus, quando, na verdade, jogavam com 3 centrais e já tinham de recorrer ao Paredão. Os nossos rivais terem plantéis mais equilibrados também os torna mais competitivos, o que vejo como positivo. Não queremos ganhar todos os campeonatos com 20 pontos de vantagem, a ganhar 5-0 semana sim, semana sim (ou és daqueles que é isso mesmo que queres?).

Outra novidade na inteligência artificial dos treinadores do CPU é a gestão da rotatividade dos seus plantéis, especialmente no que toca a jovens promessas. Em anos anteriores, as jovens promessas eram frequentemente mais queimadas pela IA que pelo Jorge Jesus, por terem baixos pontos de habilidade actuais e não tendo o seu potencial em grande consideração. Agora, os jogadores jovens recebem mais tempo de jogo, quando as condições são propícias a isso desenvolvendo-se também nas equipas do CPU e não só na nossa.

Uma das novidades anunciadas é a reformulação da área táctica de planeamento de bolas paradas, contando ainda com a adição de um novo tipo de staff – o treinador de bolas paradas. Confesso que este é um ponto a que nunca me dediquei na franquia, delegando sempre esta parte, pelo que a forma mais honesta será a de não comentar. Digo apenas que por aí li que o impacto no jogo até é significativo e talvez mereça perder algum tempo no início de jogo para explorar. O problema, para mim, é que o início de um novo save já é tão exaustivo em tarefas, que preocupar com as bolas paradas não me suscita o entusiasmo. Talvez mais para a frente na época…

Algo que já achei mais interessante foi o podermos agora atribuir objectivos de performance para os nossos jogadores, os quais podem inclusivé entrar nas negociações contractuais, e podem ser focados em melhorias no treino, golos, assistências, jogos sem sofrer golos e pontuação média dos ratings de jogo. Acrescenta alguma maior profundidade às interações com os jogadores, pelo que é um extra bem vindo.

O que me surpreendeu imenso em Football Manager 2024 foram as melhorias no motor de jogo. Sendo este o principal ponto a reformular no próximo ano, não esperei que a Sports Interactive tivesse “perdido tempo” com este ponto. A verdade é que é notória a melhoria, seja no ambiente geral, com melhor iluminação, texturas e animações, seja na movimentação dos jogadores, mais “inteligente” que no ano passado.

Para rematar, há uma pequena novidade, mas que, para mim, é fantástica. Se há coisa que nunca gostei foi de começar um save novo em Fevereiro e os plantéis das equipas já terem actualizado para o pós mercado de inverno. Ou seja, começar a época 2023/24, com os plantéis já com jogadores e orçamentos diferentes, como se magicamente tivéssemos viajado ao futuro. Percebo a lógica de manter a actualização com o mundo real, mas prefiro pegar no início da época com o estado do mundo futebolístico como estava na altura. Agora podemos começar o jogo de três formas: Original, que mantém esta fórmula original de reflectir a informação mais actualizada com o mundo real, aquando da criação de um novo save; Real World, que à medida que as transferências acontecem no mundo real, o jogo actualiza essas movimentações mesmo no save que está a decorrer; Your World, que sempre que criamos um novo save, este preserva os plantéis e orçamentos existentes à data escolhida para o início do mesmo (e que é a minha de eleição).

 

Conclusão:

Football Manager 2024 podia ser apenas um filler game à espera da grande revolução prometida para o próximo ano, mas é, surpreendentemente, o título da franquia que senti maior impacto das novidades nos últimos anos. Continua a sentir-se igual aos anteriores, no habitual processo contínuo de refinamento, mas melhora o suficiente para me sentir confortável em o recomendar. Destaco as melhorias no mercado de transferências, no que toca a conseguir “despachar” alguns jogadores, que, em conjugação com o dinheiro existente no mercado saudita, torna o mercado muito mais dinâmico e divertido.