Obƨidian: regresso no tempo a 1997!

Essa é a introdução que o clássico jogo nos oferece:

“Bem-vindo ao Obƨidian… Suas regras não se aplicam aqui! Você chega, um estranho em uma terra estranha. Confuso, desorientado, você percorre o mundo distorcido e surreal em busca de seu parceiro, Max. Tudo o que você carrega consigo é o conhecimento que aprendeu a aceitar como verdade. No entanto, você está prestes a descobrir que a verdade depende do mundo em que você está. E neste mundo, as coisas não funcionam necessariamente da maneira que deveriam…”

O game é um projecto do então estúdio independente ROCKET SCIENCE GAMES (o mesmo de “Cadillacs and Dinossaurs: Segundo Cataclisma” entre outros títulos), tendo essa empresa sido fundada em 1993, recebido um aporte financeiro da SEGA em 1994 e encerrado em 1997, quando passou a ser “SegaSoft”. Uma curiosidade: nesse tempo chegaram até a projectar uma moeda online para ser utilizada num sistema de jogos de arcade virtual, no que eram os primórdios da internet, sendo que a própria SEGA utilizou experimentalmente no seu sistema de jogos online chamado “Heat.net”… eram cybercoins para usar como cybercash nesse cyberdream que se cyberencerrou no ano 2000! 😉

Pelo ano de 1998 ou 1999 tive esse jogo em CDs, eram cinco discos numa long box incrível em tom verde-radioativo apelativo… na época corri o game num Pentium 133Mhz com SoundBlaster e vídeo de 4Mb de uma placa gráfica RISC no então revolucionário-sistema-da-tela-azul-da-morte, o fabuloso Windows 95… Mas desta vez me foi possível voltar ao passado graças ao serviço Zoom Plataform, fundado pelo actor, escritor, director, produtor, designer de jogos, músico e empresário norte-americano Jordan Freeman. O diferencial que eu mais gosto na Zoom Plataform são os extras que acompanham os títulos publicados, que vão desde inserts originais da época a reviews das revistas, catálogos de games, músicas e materiais não publicados, é uma festa para quem é fã e colecionador.

Capas da época...

Falemos então de Obƨidian (atenção ao S invertido!), lembrando que no começo dos anos 90 vivíamos a era dos jogos multimedia e das animações em “full motion video” FMV, portanto esse jogo usa e abusa da engine mTropolis e da jogabilidade que ela proporciona, uma movimentação linear com resolução de puzzles e das transições com animações antes de existir 3D. Eu vim das consolas 3DO e a seguir dos primeiros PCs com kit multimedia, portanto vivi essa “golden era” do nascimento do CDROM e das animações em CGI ou “Computer Generated Imagery”…

Dirigido por Matthew Fassberg, Obƨidian teve o design de Bill Davis, os puzzles foram escritos por Scott Kim, Howard Cushnir e Adam Wolff (que curiosamente assinavam no verso da capa do game) e toda a banda sonora foi autoria de Thomas Dolby com sua empresa Beatnik. É um curioso game que nos levava em 1997 a resolver puzzles enquanto nos envolvia numa trama psicológica num ambiente um bocado sombrio de nanotecnologia e inteligência artificial… havia também um curioso minigame que se aperfeiçoava cada vez que jogávamos até o ponto de poder se tornar invencível!

A gameplay lembra muito The 7th Guest e seu sucessor Myst, são telas com puzzles e elementos a analisar com transições animadas em FMV. É um game com forte influência de filmes da época como 1984 e Frankenstein, naquela velha premissa da “tecnologia que vai ajudar a humanidade e acaba nos destruindo”. O jogo começa no ano de 2066 com Lilah (o player, curiosamente uma mulher) e seu parceiro Max como sendo os responsáveis por lançar a complexa máquina “Ceres” na órbita da Terra, que utiliza de nanotecnologia para reparar o ambiente altamente poluído do planeta. Uma máquina inteligente lançada para limpar o planeta de outras máquinas e de poluentes, tem tudo para dar certo sim, confia! 😀

Não quero dar spoilers e o jogo merece que cada jogador tenha a sua experiência imersiva e sua visão da história, da trama psicológica, mas em linhas gerais é fixe que a burocracia corporativa que tanto insistiu que o projecto Ceres tivesse uma limite de ser controlado por humanos (o chamado “human override”) e é exactamente esse travão que acaba por por salvar o dia, levantando a questão se, pela primeira vez na história, afinal os burocratas estavam certos… esse travão contava com apoio de Max e não da Lilith, que começa o game chateada com isso… Ou seja: Burocracia 1 x 0 Cientistas!

E então? Vai experimentar a Zoom Plataform e revisitar esse clássico dos anos 90? Envie mensagem pelas redes sociais contando como foi essa viagem no tempo! E GG a todos!

Requerimentos de 1997: Windows 95 – IBM PC or compatible com processador Pentium 90, 4X CDROM drive, 16 MB de memória RAM, pelo menos 16 bit video (2 MB recomendados), som SoundBlaster 16 (SoundBlaster 32 recomendada).

Requerimentos de 2023: Windows 7/10 or 11, processador 2GHz, 2GB de memória RAM, gráfica 3D compatível com DirectX 9.0c e internet para acesso ao app e baixar o game OBƧIDIAN.