Há muita coisa que poderia ter dado errado com X-Men´97. Esta é uma série que foi construída em torno de X-Men: The Animated Series, a mundialmente famosa série de animação que é muito acarinhada pelos fãs da Marvel e que é já considerada de culto.
Existem sempre perigos quando se cria um novo projeto e que se apoia muito na nostalgia. O desafio é dar continuidade aos eventos da série dos anos 90 e ser tão bom quanto nós nos lembrávamos. Isso é algo que X-Men´97 conseguiu de forma admirável. É uma continuação digna da série original, enquanto também já conseguiu ser atingir patamares de qualidade bem altos por mérito próprio.
Apesar de ser efetivamente X-Men: The Animated Series (temporada 6), X-Men´97 (que está disponível no Disney +) funciona perfeitamente como uma porta de entrada para este universo animado. Todos os recém-chegados realmente precisam saber é que Charles Xavier deixou a Terra para recuperar das diversas lesões sofridas no final da série original, deixando assim Cyclops e os restantes X-Men traçarem um novo curso sem ele.
Isso rapidamente leva-nos a todo um tipo de conflitos envolventes, particularmente envolvendo o regresso de Magneto e a questão de saber se o Master of Magnetism pode viver com a responsabilidade depositada nele. Ele também faz despertar temas bem profundos, como por exemplo a importância da família para Cyclops e Jean Grey, que é bastante bem explorado ao longo desta 1ª temporada. Mas também os relembra que são X-Men, e isso também acarreta uma dose pesada de responsabilidade para com a sociedade, seja humana ou mutante.
A maioria da equipa principal tem o seu próprio arco de histórias ao longo da 1ª temporada. Muitas vezes, esses arcos empurram os nossos heróis em novas direções inesperadas e por vezes dolorosas. O melhor destes arcos pertence a Magneto, que enfrenta um poderoso teste da sua determinação em tornar-se o homem que Charles Xavier viu nele.
Cyclops, indiscutivelmente o protagonista mais “brando” da série original, frequentemente brilha como um homem que enfrenta a paternidade e a perspetiva de uma vida após os X-Men. Storm enfrenta a perda dos seus poderes e o longo e doloroso caminho para a recuperação física e psicológica. Rogue recebe vários momentos de destaque na segunda metade da temporada, enquanto a tragédia de Genosha a empurra para mais perto do limite. Através de tudo isso, X-Men´97 adiciona ainda novas camadas de emoções aos nossos mutantes favoritos. Esta nova série consegue ainda se esquivas de uma das “armadilhas” do velho desenho animado, evitando ficar excessivamente focada no Wolverine.
Esta abordagem vertiginosa de contar histórias tem as suas desvantagens ocasionais, pois nem todos os personagens recebem a atenção que merecem, como Morph, Beast e especialmente, Bishop (que abruptamente sai de cena após três episódios) ficando com pouca atenção quando comparado com a restante equipa. Os episódios de “Lifedeath” também são um raro exemplo de que a narrativa supera as emoções, resultando no romance entre Storm e Forge, mas os episódios não deviam de ser tão apressados. Não há tempo suficiente em certos episódios para deixar a trama respirar e alguns personagens são subutilizados como resultado disso.
Felizmente, esses são problemas menores em comparação com tudo o que X-Men ’97 acerta na “muche”. A 1ª temporada adapta tantas histórias icônicas da Marvel, fazendo justiça à maioria delas – e, em alguns casos, melhorando os enredos encontrados nos comic books. De referir ainda que o vilão principal Bastion é um vilão fascinante e com bastante carisma, fazendo lembrar os bons tempos de quando Magneto era o inimigo principal dos X-Men e trazia também consigo um carisma bem peculiar e uma presença visual muitíssimo bem trabalhada.
Em termos visuais e sonoros, X-Men´97 é uma extensão fantástica da série original. O estilo de animação evoca os desenhos animados clássicos com as suas cores vivas e com cenas de ação e batalhas bastante bem trabalhadas. Aqui, a equipa de animação parece que se apoiou em tudo para ganharem inspiração extra, desde os jogos Marvel vs. Capcom, até animes japoneses, resultando num fluxo constante de cenas de luta dinâmicas e altamente divertidas. Seja Cyclops usando as explosões óticas como um paraquedas ou a Rogue a mostrar a sua fúria total no campo de batalha, X-Men ’97 simplesmente está uma animação genial.
Os atores de voz fazem também um trabalho irrepreensível. X-Men ’97 traz de volta alguns dos membros sobreviventes do elenco da série original, incluindo Cal Dodd como Wolverine, Alison Sealy-Smith como Storm, Lenora Zann como Rogue e George Buza como Beast, e todos ajudam a fortalecer a conexão nostálgica com X-Men: The Animated Series.
X-Men´97 tinha uma enorme tarefa de pelo menos igualar a tão amada série animada original. O que é certo é que teve um sucesso melhor do que qualquer um poderia esperar. A nova série é fiel tanto aos desenhos animados originais, quanto aos comic books que a inspiraram, mas também não teme em abrir o seu próprio caminho. É implacavelmente acelerada e cheia de ação, mas apenas raramente essa velocidade cria problemas na narrativa. Depois de uma temporada, não é exagero dizer que X-Men´97 é uma das melhores adaptações da franquia X-Men de todos os tempos, seja animada ou live-action. A fasquia está assim muito alta para a 2ª temporada que já está a ser produzida.
Jogo de tudo um pouco, desde a minha primeira consola de jogos, a Master System II. Desde aí muita coisa mudou, mas a paixão e dedicação aos videojogos permaneceu intacta.
Apesar de jogar de tudo um pouco, desde FPS a RPG´s, sou grande adepto de Fighting games, como o Mortal Kombat e ainda de jogos de desporto automóvel, como o Forza Motorsport. Também não dispenso boas séries e bons filmes. Sou grande fã de animes desde muito cedo, onde tenho DragonBall e Naruto como séries de eleição.