Senua’s Saga: Hellblade II | Análise

Finalmente foi lançado Senua’s Saga: Hellblade II, a sequela do jogo que me fez olhar para os videojogos de forma diferente e entrar para o mundo Xbox.

Sim, foi a aquisição do estúdio Ninja Theory por parte da Microsoft que me empurrou para a Microsoft. Assim que saiu o press release de que estaria disponível nos novos sistemas, e assim que pude, adquiri uma Xbox Series S.

Mas vamos diretamente ao jogo. Senua’s Saga: Hellblade II é um deleite visual. Sem dúvida o jogo com cenários mais bonitos e realistas que já joguei. Suplantando Last of Us Parte 2 ou Death Stranding. A iluminação, cenários, texturas, atmosfera e ausência de user interface fizeram-me mergulhar de cabeça nesta experiência.

Os atores fizeram um trabalho exemplar e Melina Juergens é, uma vez mais, magistral. A atriz “acidental” que Tameem Antoniades descobriu quando precisou de alguém para fazer de proxy enquanto o casting inicial para a personagem de Senua avançava lentamente . A sua entrega e a emoção que coloca na representação torna Senua muito real e muito palpável, muitas vezes deixando que o jogador se esqueça de que é uma personagem. O facto de  uma equipa de aconselhamento, ligada à psicologia e com especialização em esquizofrenia (psicose de que sofre a personagem) ter estado em contacto com os argumentistas traz uma dose extra de realismo à experiência.

E é disso mesmo que se trata Senua’s Saga: Hellblade II, uma experiência. Embora linear e com pouco (ou nenhum) espaço à exploração fora do caminho traçado, é em parte um walking simulator (e afirmo-o sem conotações negativas) que nos permite deslumbrar com paisagens islandesas de há 1200 anos atrás, com um fenomenal setting  de mitologia e cultura nórdicas. Isto enquanto as vozes na cabeça de Senua nos segredam certezas, medos e ansiedades, arrepiante.

O combate é muito semelhante a Hellblade, temos o parry, ataque leve e ataque pesado, sendo que tudo se resume a timmings de reação. A grande diferença está no facto de nunca travarmos batalha com mais que um inimigo de cada vez, por oposição a Hellblade, onde se luta com vários oponentes de ao mesmo tempo. Aqui, uma vez mais, achei a seleção um pouco limitada. Os inimigos repetem-se muitas vezes e, embora com mais variedade que o original, sinto falta de mais diferenças num jogo com tanto realismo.

Derrotando os inimigos passamos para uma animação de finisher, muito satisfatória, mas uma vez mais com uma pequena seleção ao nosso dispor. Nada que perturbe a experiência final, mas deixa a sensação que podia ter sido dado aquele passinho extra.

Os puzzles são menos e mais variados. Dos que já conhecemos, em que Senua procura formas que só podem ser vistas de um ponto específico do espaço, creio que contei 3, muito menos do que no jogo anterior e muito melhor assim, na minha opinião. A novidade dos puzzles veio na forma de tochas e pilares com fogo, que permitem alterar o meio envolvente e abrir ou fechar caminhos, uma vez até cruzando ambas as tipologias. Embora menos, estes ajudam a prolongar o gameplay e ajudam a entrar na cabeça da personagem, onde uma mente confusa e em sofrimento procura sentido naquilo que a rodeia.

Não é, de todo, um jogo difícil. Morri poucas vezes. Mas não é aqui que reside o ponto fulcral da experiência. Não é pela jogabilidade que Senua’s Saga: Hellblade II se destaca, mas sim pela narrativa e imersividade que proporciona (por favor, joguem com phones). No final (e sem fazer spoilers), ficamos sem preceber se os monstros que combatemos são reais ou apenas os nossos medos, ansiedades e hesitações. Inclino-me para a segunda hipótese.

Finalizando as comparações com o primeiro jogo, estava à espera de ser mais surpreendido. É sem dúvida uma aposta ganha, mas ficou a sensação que podia ser um pouco mais. Um pouco mais longo, um pouco mais desafiante, um pouco mais polido, com um pouco mais de tempo investido, mesmo significando um adiamento no prazo de lançamento. Acho que num jogo em que matamos gigantes, sejam eles físicos ou os nossos receios e ansiedades, ficaram a faltar mais um ou dois. Deixou uma sensação de querer mais, não por ser bom, mas por sentir que o próprio jogo o pede.

Conclusão

Pros

  • Visualmente Deslumbrante
  • História não desaponta fãs
  • Imersividade

Cons

  • Pouca inovação relativamente ao primeiro jogo
  • Curta duração
  • No geral sente-se falta de algo mais

Nunca deixando de ser uma experiência extremamente positiva, Senua's Saga: Hellblade II inova muito em termos visuais mas pouco em termos de jogabilidade, deixando a vontade de que se descolasse mais do seu antecessor. Fiquei a pensar se não terá sido lançado um pouco prematuramente, pois merecia ter um pouco mais de tempo em 'lume brando'. Talvez tenha sido essa uma das razões pelas quais, pouco antes deste lançamento, Tameem Antoniades abandonou o estúdio que ajudou a criar .