Lembram-se de Age of Mythology? Pois muito bem, o Xbox Game Studios traz até nós uma versão atualizada do lendário RTS, agora denominada de Age of Mythology: Retold. Com um grafismo mais atual e novas mecânicas, o jogo promete trazer para os padrões atuais o que se espera de um bom jogo de estratégia em tempo real.
A indústria de jogos não se difere muito de outros mercados, e também aqui se vive de tendências. Se hoje está em voga os jogos souslike ou se há alguns anos atrás o formato battle royale era o género que reinava, é nítido que temos sempre um estilo de jogo que domina cada geração. Nos anos 90 (princípios dos anos 2000) haviam muitos e bons RTS, com grandes nomes da indústria e que marcaram gerações de ávidos jogadores, como o incontornável Starcraft ou o clássico Age of Empires.
Talvez a viver na sombra dos dois grandes jogos que mencionei, mas que também teve um sucesso considerável de vendas e deixou muitas saudades foi Age of Mythology. O spin off de Age of Empires era claramente focado na mitologia e pouco em fidelidade histórica, mas o que é certo é garantiu muitas e boas horas de diversão frente ao ecrã.
Mas voltamos ao ano de 2024 e convém desde já mencionar o que exatamente Age of Mythology: Retold traz em termos de conteúdo. O jogo cobre tudo que estava presente na sua versão gold, que continha o jogo base mais a expansão dos titãs. Temos então um total de quatro panteões (Egyptian, Greek, Norse e Atlanteans) e as três campanhas, que todas somadas oferecem-nos 50 cenários distintos.
As campanhas presentes no jogo são o principal destaque, como aconteceu aliás no jogo original de 2002. A primeira campanha (Fall of the Trident), conta a história de Arkantos, um destemido herói Atlantean que é enviado numa intensa jornada para reaver os favores de Poseidon, que aparentemente havia abandonado os seus seguidores.
Arkantos irá entrar em contato com os três panteões do jogo (Egyptian, Greeks e Nordics) mostrando um pouco da jogabilidade de cada um deles e servindo, de certa forma, como um extenso tutorial de Age of Mythology: Retold. Para além disso também temos a campanha The Golden Gift, que era um conteúdo adicional gratuito no jogo original, bem como New Atlantis, que foi responsável por introduzir a nova civilização dos Atlanteans (vinha incluída na expansão dos Titãs).
Mas não é só de conteúdo herdado que o novo RTS é feito, afinal para se justificar como um remake é preciso pegar na experiência do jogo original e elevá-la a um novo patamar, e isso é notório em alguns pontos. O primeiro são pois claro os gráficos mais atuais, que deram um salto bastante grande, mesmo quando comparado com a versão remaster que saiu em 2014.
Além de estar numa bela resolução 4K, quando as configurações de vídeo estão no seu máximo o jogo conta com um grafismo muito detalhado para os padrões de jogos RTS obviamente (logo não esperem um grafismo estilo Starfield por exemplo). Tudo isto é entregue numa performance impecável (a minha GeForce RTX 4060 ajuda bastante claro), mesmo quando os exércitos estejam a lutar entre si com dezenas e dezenas de unidades no campo de batalha (e poderes divinos pelo meio).
As batalhas no campo de batalha são outra das mudanças apresentadas em Age of Mythology: Retold. Para os distraídos, a cada era que a nossa civilização avança, um poder de Deus é desbloqueado e é baseado em qual dos dois deuses escolhemos no início. No jogo original e no remaster, esses poderes eram trunfos preciosos que só podiam ser usados uma vez por partida, algo que no novo jogo foi modificado.
Agora, os poderes dos Deuses podem ser usados novamente, desde que o seu cooldown e o seu custo de fé sejam respeitados. Isto tornou o gameplay muito mais dinâmico, e trouxe mais valor para os poderes iniciais (que normalmente são mais focados em ganhar recursos), já que agora podemos usá-los o mais rapidamente possível e sem medo de os termos usado demasiado cedo ou numa batalha que não era assim tão difícil de vencer.
A outra grande mudança na jogabilidade está justamente na mecânica das eras. Em Age of Mythology uma das condições de vitória sempre foram as chamadas Maravilhas. As estruturas desbloqueadas na era IV são extremamente caras e demoram muito tempo a serem construídas (independentemente da civilização escolhida), mas que depois de concluídas, começam com uma contagem decrescente de dez minutos. Caso no final desse tempo a estrutura ainda continue de pé, é dada a vitória ao respetivo jogador (ou a I.A se jogarem contra o computador claro).
O jogo de 2024 virou todo esse conceito de pernas para o ar, tornando as Maravilhas uma porta de entrada para uma nova e quinta era que já tinha sido adicionada no remake, e claro que só podia ser chamada de Era das Maravilhas. Nesta “nova” era todos os nossos poderes dos Deuses tem um cooldown e um custo mais reduzidos, além de permitir também que os Titãs (unidades bem poderosas e normalmente limitadas a uma por partida), possam ser construídas a cada 10 minutos. Esta mudança (na minha modesta opinião) foi fantástica, visto que tirou a “quase vitória instantânea” dos 10 minutos, mas não tirou a importância de erguemos as Maravilhas, visto que o poder adquirido ao entrarmos na última era é extremamente poderoso e pode facilmente ajudar a terminar uma partida que esteja empatada.
Além de todas as mudanças que mencionei no que toca a gráficos e jogabilidade, é importante destacar outras duas adições que certamente vão agradar à comunidade de jogadores: acessibilidade e suporte para mods. Seguindo como que uma “tradição” que já se estabelece nos jogos da Xbox Game Studios, Age of Mythology: Retold contém uma enorme gama de opções de acessibilidade, permitindo que o jogo seja agora mais acessível para um número maior de jogadores. Além disso o jogo via ter um total suporte para mods, algo que historicamente em jogos RTS, sempre foi um grande trunfo.
Outro ponto que mistura acessibilidade e gameplay e que provavelmente vai ser ignorado por jogadores mais experientes deste género de jogos (mas irá ajudar muito os jogadores novatos) é o sistema de prioridade dos nossos villagers. Este sistema permite aos jogadores, por meio de alguns presets já definidos ou de maneira customizável, dar prioridade aos recursos que são mais necessários no momento (como o ouro, comida, madeira e até faith). Depois é só deixar que a I.A do jogo faça o restante trabalho e em poucos momentos vão ver que os recursos que tínhamos em menor quantidade irão começar a aumentar. Mesmo assim, esta mecânica precisa de melhorias, por vezes os nossos aldeões ficam parados, mesmo quando indicados para fazerem a tarefa.
Para quem tiver dificuldade com a língua inglesa, o jogo pode ser jogado em português do brasil, que apesar de algumas lacunas esporádicas na interpretação, fazem um trabalho decente. Pessoalmente prefiro jogar com vozes e textos em Inglês, e também aqui temos um belíssimo trabalho, sem qualquer falha a apontar.
Conclusão
Pros
- Grafismo atualizado
- Batalhas intensas, com muita coisa a acontecer no ecrã
- Banda sonora digna de filme
- Mecânicas de jogo renovadas
- Cross play PC/Xbox
Cons
- Lacunas na tradução quando jogado em português do brasil
- Sistema de prioridade do aldeões tem de ser revisto
Jogo de tudo um pouco, desde a minha primeira consola de jogos, a Master System II. Desde aí muita coisa mudou, mas a paixão e dedicação aos videojogos permaneceu intacta.
Apesar de jogar de tudo um pouco, desde FPS a RPG´s, sou grande adepto de Fighting games, como o Mortal Kombat e ainda de jogos de desporto automóvel, como o Forza Motorsport. Também não dispenso boas séries e bons filmes. Sou grande fã de animes desde muito cedo, onde tenho DragonBall e Naruto como séries de eleição.