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The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom | Análise

A série de sucesso da Nintendo Zelda irá completar em 2026 quarenta anos de existência e conta com legião de fãs bastante dedicada. Foram curiosamente necessários quase quarenta anos para que a princesa Zelda assumisse o papel principal. The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom já chegou até nós e confesso desde já que está a viciar-me completamente.  

Ao iniciar o jogo não estranhem ver Link como personagem jogável, pois ele é que dá início a toda esta história. A nossa jornada tem início numa masmorra onde a princesa Zelda está presa dentro de um cristal. É logo aqui que vamos defrontar o primeiro Boss do jogo (nem se passam 5 minutos sequer do início do jogo). Derrotá-lo não é difícil e é depois de o vencermos que damos de caras com uma gigantesca fenda a abrir-se e que num instante suga Link para dentro dela. Em desespero, Link ainda é capaz de disparar uma seta que parte o cristal, permitindo assim a fuga da nossa protagonista, a princesa Zelda. 

Ao escapar de masmorra a sete pés (pois a fenda que sugou Link continuava a aumentar), chegamos finalmente ás planícies de Hyrule e é aqui que o título da aventura então aparece, no que é uma forma diria eu de recriar o momento inicial de The Legend of Zelda: Breath of the Wild, contudo, com Zelda no centro do ecrã desta vez. 

Depois deste belo momento, Zelda chega finalmente sã e salva ao castelo e vai logo falar com o seu pai, o Rei de Hyrule. É neste momento que temos noção da gravidade da situação. Fendas gigantes estão a aparecer por todo o reino e sugam tudo o que está em seu redor, desde pessoas, animais e até mesmo rios e montanhas. A preocupação do Rei é notória, assim como a dos seus conselheiros: o General Destral e a Ministra Sestria. Mas calma que as coisas vão ficar piores, pois enquanto discutem acerca de como resolver o problema, uma fenda surge na sala do trono e engole-os. A partir deste momento, a vida da nossa protagonista complica-se, dado que impostores com a aparência do Rei e dos seus conselheiros saem da fenda e acusam Zelda de ser a causadora de todo este caos, ordenando de imediato aos guardas do castelo que a prendam. 

É nos calabouços do castelo que tem lugar o primeiro encontro importante. Tri, um ser místico com poder de fechar as fendas, aparece perante Zelda e ajuda-a a escapar, dando-lhe o Cetro de Tri, um artefacto capaz de criar cópias de quaisquer objetos e inimigos, formando assim ecos deles. A partir do uso deste ceptro, juntamente com estratégias de stealth que podemos (e devemos) usar, a nossa brava protagonista consegue fugir dos guardas e a sua longa jornada em busca de resgatar todos aqueles que forma sugados pelas fendas começa. 

zelda: echoes of wisdom - gameplay of princess zelda
Gameplay do jogo, com um grafismo muito colorido

Criatividade e liberdade têm sido os motes dos títulos mais recentes da série, algo que fomos relembrados no ano passado com The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, por exemplo. A mecânica de copiar elementos do cenário e utilizá-los a seu favor faz esta nova aventura complementar essa visão dos jogos contemporâneos em estilo mundo aberto. 

Aqui tudo vale, desde criar um amontoado de camas para atravessar desfiladeiros até usarmos a nossa imaginação em usarmos combinações de diversas criaturas, como um Moblin e uma cobra rápida, para derrotar inimigos que nos estão a cercar. A maioria dos desafios pode ser superada de inúmeras formas, portanto existe mais de que uma maneira de resolvermos os desafios que o jogo nos “atira” a torto e a direito. 

A habilidade dos ecos faz esta nova aventura funcionar de uma forma completamente diferente dos jogos anteriores. Se Link possuía uma atitude mais ativa, de ser um mestre no combate a curta distância, com a princesa Zelda, a regra é incentivar um maior uso das táticas, além de se manter mais distante das lutas. 

Por exemplo, nós podemos mantermo-nos totalmente passivos e deixar que os inimigos copiados com o Cetro lutem totalmente por nós, mas isso não necessariamente é a estratégia mais eficaz. Esses monstros normalmente demoram a atacar, o que pode tornar as batalhas lentas caso decidam depender totalmente das ações deles. Ao invocá-los, deixá-los atacar uma primeira vez e invocá-los mais uma vez em seguida (reposicionando-os ou não), a situação fica bastante mais dinâmica e traz um envolvimento maior da nossa parte. 

zelda: echoes of wisdom - link
Link num último ato de bravura para tentar salvar Zelda

As opções são inúmeras, já que The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom contém um total de 127 ecos, contabilizando tanto os objetos, quanto os inimigos. Infelizmente, a grande quantidade acaba por não “casar” bem com a user interface deles, que herda o mesmo problema do menu de materiais de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, todos são dispostos numa vasta fileira horizontal, com poucas opções de filtros. Conforme se progride na aventura, a navegação neste menu fica pouco prática, já que a fila de ecos criado pelo Ceptro de Tri aumenta bastante. 

Como devem calcular, Hyrule é um mundo vasto, com uma diversidade de locais/biomas para se explorar, totalmente aberto e acessível. Temos assim liberdade para ir onde e quando quisermos, contudo, existe uma missão principal ativa, que está sempre marcada no nosso mapa, e várias missões secundárias que surgem ao interagirmos com os habitantes de Hyrule, onde muitos deles estão a necessitar de uma mãozinha da nossa parte. 

Eu bem que tento jogar com a ideia de seguir a missão principal, mas acabo sempre por explorar tudo o que estava em redor do local para onde tinha que ir. Isso for benéfico, pois permitiu-me não só avançar na história, mas também descobrir todos os cantos do mapa, o que me levou claro a descobrir inúmeras sidequests. Eu até consegui concluir bastantes diga-se, pois eram muito de se concluir quase de imediato, ou então durante a minha exploração, pois acabei por encontrar o que era necessário para as finalizar. 

zelda: echoes of wisdom
Gameplay é bastante intuitivo e muito simples, ideal para os jogadores mais novos

Se perguntam se existem masmorras… a resposta é afirmativa. Elas funcionam exatamente como nos jogos clássicos, onde teremos uma série de quebra-cabeças mais lineares que envolvem abrir e fechar portas e eventuais combates com inimigos um pouco mais fortes. As masmorras estão localizadas no Mundo Inerte, que é uma área paralela dentro das fendas de Hyrule, em que o espaço é todo distorcido e onde as pessoas sugadas eventualmente acabam por desaparecer. 

É nesta mistura do regresso das dungeons com a liberdade que temos no mundo de Hyrule que o choque do novo e do antigo sistema de gameplay se une. Esta nova aventura pega o que a série vinha experimentando e coloca-lhe elementos de uma aventura mais tradicional, realizando uma união bastante agradável de ambos os estilos de jogos. 

É necessário mencionar que o jogo sofre de diversas quedas de performance.  Existem diversos momentos, seja em nas pequenas aldeias ou quando há muitos ecos em no ecrã, que ao frame rate cai bruscamente dos 60 para 30 fps, o que pode atrapalhar a nossa imersão no jogo. Pergunto se não teria sido mais eficaz manter o jogo a 30 fps por segundo para que assim não houvesse tanta instabilidade durante o gameplay. 

De referir ainda que o jogo pode ser jogado em Português do Brasil, ideal para a pequenada ou todos aqueles que tem dificuldade em entender a língua inglesa. 

Conclusão

Prós

  • Gráficos muito coloridos/vistosos
  • História cativante e com twists inesperados
  • Incentivo à nossa criatividade com diversas opções de ecos
  • Muitas sidequests pelo caminho, incentivando assim à exploração de Hyrule
  • Português do brasil para quem tem dificuldade de perceber Inglês

Contras

  • Menu de seleção de ecos não é a ideal, principalmente quando temos uma enorme quantidade para escolher
  • Frame rates com quebras, o que pode não agradar a alguns jogadores

The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom traz finalmente a princesa Zelda para as luzes da ribalta. Ela que sempre esteve no foco das histórias e no nome da série, é agora personagem principal jogável com uma jogabilidade única e criativa, bastante distinta de Link, realçando assim a sua identidade própria. Esta nova aposta da Nintendo é uma fusão bem conseguida do que foi conquistado no passado e com as novas ideias que foram implementadas, realçando assim a habilidade da série em se reinventar sem ignorar o seu vasto passado.