Devo ser muito sincero para começar: os aviões e helicópteros sempre me cativaram desde muito cedo e é inegável que são máquinas incríveis. Ora como não tenho competências para pilotar um avião ou helicóptero na vida real, a melhor coisa a fazer é pilota-los no mundo virtual. O muito aguardado Microsoft Flight Simulator 2024 já aterrou nas consolas Xbox Series e PC´s, mas será que consegue superar o seu antecessor?
Não posso negar que quando foi lançado em 2020 o Microsoft Flight Simulator fiquei super entusiasmado. Volvidos 4 anos, tenho muitas (mas muitas) boas horas de voos por esse mundo fora (mas sobretudo em Portugal/Espanha). Eu não fazia nada de específico, mas cativava-me pura e simplesmente. Foi um autêntico festival de fazer as mesmas viagens vezes sem conta, para simplesmente aterrar no aeroporto e dar como concluída a viagem. Mesmo sem história por trás, o simulador de voo da Microsoft dá-me uma sensação de satisfação que poucos outros jogos me dão.
Mesmo assim, tudo tem um começo e um fim, se bem que neste caso posso dizer que é um até já. Com o lançamento do Microsoft Flight Simulator 2024 regressei novamente aos cockpits para voltar a fazer muitas viagens por esse planeta fora.
Existem muitos jogos de aviões arcade, em que podemos fazer manobras quase impossíveis e abater tudo o que se move no ar (e também em terra por vezes), como é o caso da série Ace Combat. Mas, não é isso que vamos fazer no Microsoft Flight Simulator 2024, pois como o próprio título sugere, estamos a lidar com um simulador e, portanto, não é uma experiência assim tão simples. Não é à toa que o seu antecessor é ainda usado para treinar futuros pilotos no início dos respetivos estágios.
Claro que não sou um profissional da aviação, mas penso que este novo jogo, o Asobo Studio conseguiu levar o realismo a outro nível. Isso não se reflete apenas nas melhorias gráficas nem nos novos conteúdos, como o modo carreira, mas sim nas mecânicas de jogo.
Para começar, acho que neste caso parece uma experiência muito mais difícil, em que mesmo a descolagem mais simples, ou a viagem mais curta/simples pode dar para o torto devido à falta de experiência do jogador. Há muitas (talvez demasiadas) coisas a ter em conta e, portanto, não é certamente um jogo para todos.
Microsoft Flight Simulator 2024 pode ser uma experiência ideal para descomprimir depois de um longo dia de trabalho, pois o simulador pode ser um jogo meramente contemplativo para alguns jogadores, mas para se chegar a esse ponto é preciso claro ter uma pequena noção do que estamos a fazer. Por exemplo, posso apreciar as belíssimas vistas nos aviões pequenos (como os Cessna), mas quando se trata de usar helicópteros ou aviões comerciais, tento sempre usar a camara do cockpit, pois eles requerem uma maior envolvência da nossa parte.
O próprio Microsoft Flight Simulator 2024 faz um grande esforço para que o jogador possa ter todas as bases necessárias para desfrutar dos voos. É justamente para isso que serve o modo carreira, assim como alguns tutoriais extras que estão presentes, embora para dizer a verdade eu ache que o “prato principal” ainda está no voo livre. Encontrar a cidade onde vivo, diria que é uma sensação muito particular, e sentir que posso ver as ruas, edifícios, monumentos, etc. que vejo no meu dia a dia (mas de outra perspectiva) é deveras impressionante.
Dito isto, e continuando a falar sobre as adições específicas deste novo título, devo dizer que o modo carreira também está deveras interessante. Começa como um simples tutorial que estabelece as bases de se pilotar uma aeronave de uma forma muito bem pensada. Mais à frente na carreira vamos tirar outras licenças (como a de piloto de helicóptero), obrigando o jogador a entrar em terrenos que provavelmente não domina muito. Além disso, acrescenta objetivos específicos, o que é muito importante para muitos jogadores e que claro os torna interessantes. Isto é complementado por todos os elementos comuns que se encontra num modo carreira de qualquer jogo, tornando-o não apenas uma adição interessante, mas talvez o que o distingue mais quando comparado com seu antecessor de 2020.
Tudo isto não seria possível se não tivéssemos o grande número de aeronaves disponíveis. De pequenos aviões, a helicópteros e caças, não esquecendo os aviões comerciais de passageiros e até mesmo balões de ar quente. Praticamente quase todos eles sentem e controlam-se de maneiras muito distintas e alguns deles até exigem que se descole de uma maneira muito específica.
Como disse antes, e embora o modo carreira ainda me pareça uma adição muito notável (e isso faz uma grande diferença), a verdade é que ainda procuro muitas vezes os voos livres. Neste modo, não só posso visitar a minha cidade, como é possível conhecer todos os países do mundo.
Se já jogaram o antecessor já sabem o que esperar, mas quem está a experimentar pela primeira vez o simulador, quando se vê todo o planeta recriado, graças às tecnologias de satélite da Microsoft, é quase impossível de acreditar no que se tem à frente dos olhos.
E não é só isso, mas também temos tráfego aéreo em tempo real, bem como as condições atmosféricas, o que adiciona uma cereja suculenta a um bolo de um jogo que parece ter tudo para ser mais um sucesso para a Microsoft.
Infelizmente, nem tudo são rosas, porque encontrei vários problemas ao longo dos voos que realizei. Para começar, com algo moderadamente simples, e relacionado com esta viagem pelo mundo que podemos fazer, devo dizer que a recreação não está nada atualizada. Isto é difícil de se saber quando sobrevoamos cidades que não conhecemos, como foi no meu caso quando visitei Nova Iorque, Tóquio ou Roma no Microsoft Flight Simulator 2024. Mas por isso decidi sobrevoar a minha zona, e com base em certas obras que não existem, ou edifícios que não aparecem em lado nenhum, penso que os mapas que encontramos neste título provavelmente datam ainda do ano de 2020/2021, ou pelo menos os que foram usados para recriar as cidades que eu conheço em redor de onde vivo.
Eu entendo que pode ser um problema ter que recriar mapas do zero, e é provável que se eu recorrer aos mapas da Microsoft eu vou encontrar as mesmas ausências, mas acho que ao oferecer uma sequela, quatro anos após o título anterior, eu esperava ter mapas atualizados. É claro que a diferença de tempo não é excecional, e isso não vai estragar a experiência, mas na verdade quebra um pouco toda esta magia.
Vamos continuar com os problemas, pelo menos na versão XBOX Series (não sei se a versão PC os tem). Os ecrãs de loading são uma constante neste título e são extremamente demorados. Temos ainda falhas de vez em quando, texturas que não carregam a menos que se reinicie o voo, cidades que simplesmente não existem, quedas de frame rate (principalmente ao descolar/aterrar), são alguns dos problemas que encontrei, e a verdade é que não tem sido agradável ter que lidar com eles.
No momento de escrita desta análise, e depois de ter feito o update para a versão mais atualizada, devo dizer que eles corrigiram muitos problemas, ou melhor, suavizaram-nos. Mesmo assim, ainda é uma experiência muito irregular, atormentada por uma má otimização e tempos de carregamento um pouco excessivos, e também tende a ter falhas de vez em quando.
Não é nada agradável encontrar esses problemas, e devo enfatizar que isso deixa uma mancha na experiência de jogo. Além disso, como cereja no topo do bolo, posso incluir a voz absolutamente insuportável da IA que foi introduzida, que às vezes consegue ser convincente, para se tornar uma amálgama de palavras absolutamente impronunciáveis ditas por alguém que esteve até aos dias de hoje a viver numa caverna.
A língua portuguesa presente no jogo (PT-PT) não escapa a este problema, com uma falta de ênfase nas palavras gritante (como é que alguém pergunta ao piloto se o avião se vai despenhar com banalidade ou a falarem sem usarem qualquer espaçamento entre as palavras (se não são as legendas, eu não sei o que raios ouvi). Vamos ver se isto é também melhorado, ajudava muito verdade seja dita.
Conclusão
Pros
- Qualidade visual das aeronaves de enorme qualidade
- Modo carreira, uma adição bastante bem-vinda
- Todo o planeta como “playground”
- Grande variedade de aeronaves
Cons
- Tempos de loading bastante demorados
- Voz da IA insuportável
- Alguns mapas ainda datados
Jogo de tudo um pouco, desde a minha primeira consola de jogos, a Master System II. Desde aí muita coisa mudou, mas a paixão e dedicação aos videojogos permaneceu intacta.
Apesar de jogar de tudo um pouco, desde FPS a RPG´s, sou grande adepto de Fighting games, como o Mortal Kombat e ainda de jogos de desporto automóvel, como o Forza Motorsport. Também não dispenso boas séries e bons filmes. Sou grande fã de animes desde muito cedo, onde tenho DragonBall e Naruto como séries de eleição.