last of us - part 2 - destaque

The Last of Us – Part II – Remastered | Análise

O videojogo da PlayStation mais comovente e que mais dá que falar enfrenta agora o desafio de conquistar os jogadores de PC. Mas será que The Last of Us – Part II – Remastered os vai conseguir conquistar?  

Nem é preciso dizer que The Last of Us – Part II é muito mais do que um videojogo: é uma verdadeira jornada emocional e que consegue facilmente cativar a atenção de quem o joga. Ela traz à tona sensações contraditórias e transforma o desespero dos seus protagonistas num tipo de raiva que mexe com as emoções do jogador. Consegue ainda não nos deixar indiferentes ao longo de uma trama muito mais corajosa do que a do jogo original. 

Porque, apesar do que possa parecer, a sequela de The Last of Us não é sobre infetados, furtividade e tiroteios, mas sobre obsessão e vingança. E poucos ou nenhuns títulos da PlayStation conseguiram trazer essas sensações para os videojogos como o jogo da Naughy Dog. Os californianos fizeram-no (já bastante bem) na PS4, melhoraram-na na PS5 e agora reivindicam-na novamente no PC. A questão aqui é se a Nixxes Software e a Iron Galaxy Studios estiveram à altura do desafio que tinham pela frente. 

Não me interpretem mal: como videojogo, The Last of Us – Part 2 II é muito mais do que um esforço constante para levar a tecnologia aos seus limites. É uma obra que está sempre na vanguarda da narrativa, originalmente pensada para exibir o poder da PlayStation como marca e como máquina, posteriormente otimizada para fazer com que as suas emoções ultrapassem o ecrã e que hoje aspira a essa legítima excelência e sensações através do rato e teclado. Agora se esta é a versão definitiva? 

Há algo especial em The Last of Us – Part II que ganhou nuances com a sua remasterização: a maneira como ele nos envolve no seu mundo, como lentamente nos absorve no que acontece com os seus protagonistas diria que é algo especial. Intensifica as suas sensações de discrição e sobrevivência, mas também os diálogos que nos são dados quando estamos simplesmente a andar acompanhados ou reagimos subitamente quando vagueamos sozinhos. Conseguindo dilacerá-lo pouco a pouco, passo a passo, à medida que vamos avançando até ao fim. 

the last of us - part 2 - joel 

Antes de começar a analise vou “responder” a uma grande questão já de seguida: eu recomendo jogar The Last of Us – Part I antes de jogarem a sequela, contudo, não é estritamente necessário. Na verdade, até podem assistir à série da MAX porque é uma adaptação muito fiel e assim estarão no mesmo ponto e terão a mesma predisposição na hora de jogar. A série ainda consegue inclusive dar um prólogo em que todas os pormenores que vocês precisam de saber para esta história são explicados: o mundo é agora um verdadeiro caos devido a uma infeção que é transmitida através dos esporos de um fungo estranho, transformando humanos em estranhos seres que são os denominados infetados. No entanto, mais perigosos que os infetados são os diversos grupos de sobreviventes e até onde cada um deles são capazes de ir. 

Como videojogo, The Last of Us – Part II combina aventura, sobrevivência e narrativa através de dois protagonistas cujos destinos estão intimamente ligados, cada um simbolizando o lado oposto da mesma moeda: vingança levada ao extremo. Até às últimas consequências, mesmo quando o mundo se desmorona, tanto no sentido moral como no sentido literal. 

Visualmente estamos perante um jogo que impacta. A Naughty Dog não só criou um enredo com profundidade profunda, mas também personagens e ambientes que procuram emparelhar a linguagem audiovisual dos videojogos com a do cinema ou da televisão. Dando enorme credibilidade aos seus protagonistas, aos nossos companheiros e, claro, àqueles que mais cedo ou mais tarde teremos de enfrentar. Às vezes jogando com perplexidade e outras vezes colocando um espelho na nossa cara para que (como jogadores) processemos como chegamos lá e se estamos a fazer a coisa certa. Essas sensações na minha opinião continuam a prevalecer sobre tudo o resto. 

LAST OF US - PART 2 - ELLIE

A versão para PC é suportada ao nível da apresentação e conteúdo na remasterização da PS5, o que implica não só as mesmas aspirações visuais, mas todo aquele conteúdo adicional, incluindo os comentários dos criadores e atores – três níveis completamente inéditos (e inacabados) que são acedidos de forma independente e a partir dos extras, a possibilidade de tocar com as guitarras sem ter um jogo gravado  num ponto específico do jogo e um modo Roguelike que merece muito mais do que uma menção, mas um tratamento separado e estendido.  

Existe um salto geracional em cada uma das suas versões quando comparado com o original para a PS4. Claro que sua forma de deslumbrar é muito maior para quem o vai jogar pela primeira vez, não sendo tão “deslumbrante” (se assim posso dizer) para quem já o jogou em 2020 ou até mesmo com um comando Dual Shock. E embora a integração dos níveis inéditos seja apreciada, sinto que é uma oportunidade perdida de terminá-los e integrá-los totalmente no jogo.  

Desta forma, e apesar da força e emoção do enredo do jogo se manterem absolutamente intactos, a reivindicação mais poderosa para quem já levou Ellie até ao fim da sua jornada emocional é através do modo No Return, em que cada run gera uma sucessão de desafios de sobrevivência e combates aleatórios em cenários limitados. Escolhemos o próximo passo, mas tudo leva a uma batalha contra um Boss final em que temos de dar tudo de nós. Se perdermos, teremos de começar do zero pois claro. De realçar ainda que é aqui que conseguimos desbloquear fatos, personagens, sub-modos, etc. 

LAST OF US - PART 2 - CLICKER

Assim, posso afirmar que este Remasterd não é apenas um bom videojogo: é um fantástico trabalho, um dos melhores já lançados diria até, apesar do fato de que seu principal objetivo não é agradar o jogador, mas comovê-lo. Para deixar uma espécie de marca nele e fazê-lo refletir sobre a natureza humana e os dilemas dos diversos protagonistas. No que diz respeito ao conteúdo em si, é extraordinário. No entanto, o mesmo aconteceu com o primeiro jogo e isso não impediu que o seu remake para PC deixasse a desejar. Será que houve mais sorte com a sequela? 

Vou ser claro: The Last of Us – Part II – Remastered não só poderia ser melhor no PC do que na PlayStation, mas tinha que ser a versão definitiva. Não só porque é possível aceder a mais e melhores configurações visuais ou de jogabilidade, mas porque o “músculo” dos sistemas desktop deve fazer a diferença a que devemos acrescentar uma margem de mais de um ano desde o lançamento do mesmo remaster para a PS5. Aspirar a menos não é conformismo, diria sim que é uma oportunidade perdida. 

A primeira coisa que vão notar na versão para PC, é um launcher que permite que se faça a pré-configuração A partir daí, vemos que melhorias específicas foram introduzidas para placas da AMD/NVIDIA, que também podem ser ajustadas com o jogo em execução e em tempo real, e ainda temos configurações para ecrãs ultra-wide.  

No que diz respeito à jogabilidade, o sistema de controlo está impecável. Podemos configurá-lo livremente e adicionar tudo o que precisamos em termos de opções de acessibilidade e ajudas. Se tiveres o comando da PS5 terás as mesmas tecnologias da versão PS5, ou seja, a vibração háptica e gatilhos adaptativos. 

Se estás interessado nesta remasterização de The Last of Us – Part II, ela está disponível, tanto na Steam como na Epic Games Store, a um preço simpático diria. De referir ainda, se vocês tiverem uma conta PlayStation, conseguem ter acesso às vestimentas (para usar na Ellie) de Jordan A. Mun, a protagonista do novo jogo da Naught Dog, Intergalactic: The Heretic Prophet. 

Conclusão

Prós

  • Remastered muito bem conseguido no geral
  • Modo No Return
  • Enredo cativante desde o primeiro minuto

Contras

Se nunca jogaste a sequela de The Last of Us e tens um PC com requisitos simpáticos, então esta é provavelmente a melhor versão para ser jogada. Quem já jogou também não vai ficar desiludido, mas o impacto não é tão grande. Este é um dos melhores videojogos já feitos, e agora com a chegada aos PC, o que estava bom, ficou ainda (bem) melhor.