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The Dark Pictures: The Devil in Me – Terror puro e duro | Análise

Vamos jogar um bom jogo de terror? Claro que vamos, e nada melhor do que jogarmos o mais recente trabalho da produtora inglesa Supermassive Games, The Dark Pictures: The Devil in Me, que vem carregadinho de emoções bem fortes. Vamos começar?! 

A Supermassive Games sabe como fazer jogos do género, e um bom exemplo disso é o emocionante Until Dawn de 2015, onde bem me recordo de que só cheguei ao final com dois personagens vivos. Se nunca o jogaram, recomendo desde já. 

Este mais recente trabalho, é a quarta e última entrega da primeira temporada de The Dark Pictures Anthology, que começou em 2019 com Men of Medan, depois em 2020 com Little Hope (podem ler a nossa analise aqui), e no ano passado com House of Ashes. 

Como já é costume nos jogos da produtora, The Devil in Me coloca-nos na pele de um grupo de diversos personagens, que podem ser controlados por diferentes jogadores, mas também somente por um jogador, caso queiramos fazer a historia sozinhos (que foi o meu caso). Preparados então para o vosso coração começar a bater a 1000 à hora? 

O enredo de The Devil in Me vai então levar-nos ao encontro de um grupo de cinco personagens principais, todos funcionários de uma pequena produtora de documentários. Temos então Charlie, o  realizador e proprietário da produtora Lonnit Entertainment (e talvez a personagem mais stressante do jogo), Kate que é a apresentadora de serviço, Jamie é a responsável pela iluminação, Erin é a técnica de som e por ultimo Mark, que opera a câmara. Será que vamos ver todos eles vivos ao terminar-mos a historia? Isso depende das decisões que tomamos, mesmo as mais pequenas, e é nisto que a Supermassive Games é eximia diga-se. 

the devil in me - the group

Mas continuando, a Lonnit Entertainment está a produzir um documentário sobre H.H. Holmes, o primeiro serial killer dos Estados Unidos. De referir que o jogo mostra-nos logo na 1ª cena (recuando no tempo) o dito senhor a “bem receber” os hospedes no seu hotel, e confesso que não foi preciso muito tempo para que o meu batimento cardíaco começasse a acelerar.  

Mas regressando ao presente, Charlie recebe uma chamada do Sr. Du Met, que construiu uma réplica fiel do hotel de H.H. Holmes e que faz dele uma espécie de atração turística. Ele convida Charlie e o seu grupo para passarem um fim de semana no hotel para que consigam dar uma maior autenticidade ao trabalho que estão a desenvolver. O que o grupo não estava à espera era que as coisas começassem a dar para o torto e que tudo dentro do hotel fosse uma ameaça para as suas vidas. 

A missão do jogador é tentar que todo o grupo sobreviva até ao fim (e repito tentar), pois temos que fazer escolhas acertadas, para que assim os caminhos que vamos traçando sejam os da salvação e não de mortes cruéis e agoniantes. Para se conseguir atingir esse objetivo, temos de analisar com muita atenção os acontecimentos e o que o enredo nos vai dando com bastante cautela, e ler cada texto e cada pista adquirida, pois até pequenas pistas podem fazer a diferença entre a vida e a morte de um personagem. 

The Devil in Me tem uma ótima componente de exploração, isto para além dos elementos clássicos das histórias de terror que o estúdio tão bem sabe fazer, como os Quick Time Events ou decisões difíceis num curto espaço de tempo. 

Os cenários têm muito por onde explorar, o que nos obriga a encontrar o nosso caminho tendo que subir, descer, gatinhar, pedir o apoio dos parceiros e até mover objetos que fazem com que seja fácil alcançar um local mais alto ou até mesmo que desvende um ou outro “caminho secreto”. 

Explorar os cenários (repletos de detalhes) é bastante gratificante. Não apenas iremos encontrar documentos que nos fornecem detalhes preciosos acerca da história, mas também podemos encontrar arquivos ou áudios acerca dos personagens, o que faz com que nossos protagonistas tenham informações que posteriormente irão partilhar com os restantes membros e que vão alterar comportamentos e situações.  

Em The Devil in Me cada um dos personagens jogáveis ​​tem os seus próprios traços e habilidades.  Jamie por exemplo, pode reparar circuitos elétricos (através de um mini-game), Erin pode usar o sistema de som para seguir barulhos pelas paredes enquanto anda pelo hotel e Charlie pode usar o seu business card para abrir gavetas trancadas. Pormenores deveras interessantes, que ajudam a diversificar o gameplay. 

Um dos pontos altos do jogo é quando chegam as alturas de tomar decisões difíceis. Não quero entrar em detalhes porque não quero dar spoilers, mas é nestes momentos que chegamos à conclusão que as personagens são importantes para nós, mesmo aquela personagem que achamos que devia morrer apenas por ser um cretino para os restantes elementos do grupo. 

Penso que poderei dizer que tudo se mantém como esperado neste tipo de jogos, com mecânicas claras e explícitas sobre causas e consequências, onde o jogo faz questão de nos dizer que nós decidimos algo anteriormente e isso resultou numa conclusão direta.  

O jogo tem um ou outro aspeto menos positivo, como a movimentação, que está um pouco robótica e lenta. Também dei por mim em certas alturas a ficar completamente preso num canto, porque um dos elementos do grupo que me acompanhava simplesmente bloqueava o caminho. Também as animações faciais necessitam de ajustes. A captura facial dos atores está muito boa sim, muito realista, mas depois esse mesmo realismo quando combinado com algumas animações faciais é que deixam a desejar…., parece que estão com vontade de vomitar ou assim, o que acaba por estragar um pouco a experiência de jogo. 

Conclusão:

The Dark Pictures: The Devil in Me traz uma história cuidadosamente escrita e emocionante, um elenco de personagens bastante interessante, tomadas de decisões complexas e uma experiência muito focada na exploração. Não é um jogo perfeito, pois tem alguns problemas técnicos, mas é sem duvida um jogo obrigatório para fãs de terror, principalmente para aqueles que acham “divertidas” as armadilhas bizarras outrora vistas em filmes como Saw ou Hostel.