Gungrave G.O.R.E – Uma autêntica tempestade de balas | Análise

Disparar sem parar e fazer explodir um sem numero de inimigos, onde a ação é frenética e não dá descanso ao nosso cérebro! Gostam da ideia?! Então vamos jogar Gungrave G.O.R.E!! 

Para quem possa não estar recordado, a série Gungrave estreou-se na Playstation 2 em 2002, jogo esse que não faço questão que saia da minha coleção de jogos. O jogo protagonizado por Brandon Heat (a.k.a Beyond the Grave, ou simplesmente Grave) teve direito a uma sequela em 2005, o Gungrave Overdose, que começava exatamente após os eventos do primeiro jogo. Os jogos para a altura eram bastante bons (pelo menos para mim claro), mas se julgam que Gungrave era um sucesso nos videojogos apenas então enganem-se, pois o anime de 26 episódios de 2003 foi um dos melhores que vi na época, e se por ventura nunca viram o anime, fica aqui a recomendação. 

Volvidos todos estes anos (e ainda com uma edição V.R pelo meio em 2017), eis que Brandon Heat está de regresso em Gungrave G.O.R.E, mas será que o jogo do estúdio Iggymob faz jus ao sucesso dos jogos lançados na Playstation 2? 

Tal como nos jogos anteriores, aqui controlamos o anti-herói Grave, uma verdadeira máquina de matar que vai progredindo pelos diversos níveis do jogo como um autentico “tanque de combate”, ou seja, passa por cima de tudo e todos e não deixa nenhum inimigo vivo. O nosso protagonista não fala e também não demonstra muitas emoções, o que é normal, pois temos que nos lembrar que Grave é só uma máquina de matar “vazia”, sem qualquer tipo de sentimentos.  

Se não conhecem toda a história de Gungrave não tem problema algum, pois em comparação  com outros jogos que tem ligação a animes, é que não é preciso conhecer as personagens, basta gostarem de explosões, muitos tiros e de jogos com ação frenética. Mas para quem está interessado no enredo, aqui fica um pequeno resumo de uma história um tanto complexa. Brandon Heat foi morto pelo seu grande amigo Harry McDowell (com amigos assim…), contudo o seu corpo é resgatado e consegue ser “ressuscitado”, através de uma prática sádica que traz os mortos de volta à vida e que lhes dá reflexos, velocidade, força e regeneração sobre-humanas. Mas o preço a pagar é alto, pois para que o corpo de Brandon Heat não vá apodrecendo, ele precisa de estar constantemente a receber uma transfusão de sangue. 

O nosso anti-herói tornou-se assim na entidade que acima referi Beyond the Grave, ou então se preferirem G.O.R.E (Gunslinger Of REssurection). Juntamente com a sua filha adotiva Mika, e após a conclusão de Gungrave Overdose, eles criam o grupo chamado El Alcangel, cujo objetivo é acabar com o tráfico da SEED, uma droga parasítica traficada pela organização criminosa Raven Clan, que transforma quem a consome em criaturas conhecidas como Orgmens.  De certa forma, Gungrave G.O.R.E é a finalização do arco da história da droga SEED e o ponto culminante da história de Grave, onde o verdadeiro vilão é finalmente revelado.  

Munido das suas famosas pistolas Cerberus e o seu caixão Death Hauler, Grave torna-se um autentico One Men Army. Aliás, o caixão pode-se transformar em diversas armas como espingardas, metralhadoras, serras, lança mísseis… ou então como arma de corpo a corpo, que causa também danos consideráveis. 

Ao jogarmos Gungrave G.O.R.E é impossível não lembrar de um dos grandes fenómenos do hack’n slash, Devil May Cry. Podia ser um elogio, isto se o jogo não estivesse preso em mecânicas do passado, onde o gameplay pouco evoluiu em relação aos jogos anteriores da Playstation 2. Apesar da ausência de modernidade, Gungrave G.O.R.E pode ser para muitos uma experiência nostálgica (como foi para mim), sobretudo para os fãs de hack’ n slash. O jogo segue uma fórmula simples, que é uma seguir uma missão e pelo meio ter uma tonelada de inimigos prontos para serem aniquilados… e é assim missão atrás de missão e até chegarmos ao final do jogo que dura mais ou menos 16 horas. 

Temos de ter em atenção as 3 barras que são mostradas no canto superior direito do ecrã. A de vida, outra é a de Shield, que vai sendo reposta com o passar do tempo e a última que é carregada conforme Grave ataca os inimigos e que lhe permite usar um ataque especial. Existe também espécie de skill tree onde é possível desbloquear novos ataques (com XP conquistado durante os níveis), bem como a possibilidade de trocar de skins, não só de Grave mas também das suas armas.  

Esta combinação de ataques deixam o combate de Gungrave G.O.R.E personalizável e dinâmico, contudo, os disparos com as pistolas Cerberus serão sempre a principal opção para atacar, pois  causam mais dano aos inimigos. 

Durante a nossa jornada vamos enfrentar muitas vezes os tradicionais inimigos humanos, mas há também espaço para inimigos mais “requintados”, como um raio de um enorme lagarto gigante que vive num esgoto, e que é “lindo de morrer”. O jogo carece de uma maior variedade de inimigos, e poderá cansar ao fim de algum tempo vermos constantemente sempre a mesma coisa, mas lá que o jogo em si é desafiante… é. As Boss Fights são a cereja no topo do bolo, e vão certamente dar algumas dor de cabeça, mesmo no modo de jogo normal.  

Não tem como negar que o gameplay é bastante limitado, pois Grave apenas anda, desvia-se e ataca. Não há forma de agachar ou usar qualquer tipo coberturas para se proteger, excluindo assim qualquer possibilidade de estratégia. Os ataques corpo a corpo também não são fluídos o suficiente para permitir combos mais elaborados… uma pena diga-se. 

Dito isto, é bom que estejam bem preparados para carregar sistematicamente no botão de disparo, pois acreditem que ao fim de 10 minutos de combate vocês vão ter as mãos a doer de tanto carregar nos botões… e isto leva-me à seguinte questão: Não seria mais fácil existir a opção de apenas manter pressionado o botão de disparo em vez de estar constantemente a carregar nele?? 

No campo visual, não há muito que dizer, apenas que Gungrave G.O.R.E parece um jogo da geração Playstation 3/Xbox 360, mas honestamente não me incomodou assim muito (o grafismo não é tudo num jogo). As texturas dos níveis e dos inimigos não são assim muito ricas visualmente, isso é uma verdade… contudo no design dos Bosses já se nota um maior cuidado e detalhe, fazendo lembrar alguns traços característicos presentes nos animes.

O jogo desenvolvido pela Iggymob está disponível para  PC, bem como para as consolas PS4/PS5 e ainda paras consolas Xbox One e Xbox Series S/X, estando disponível nestas ultimas no catalogo de jogos do Xbox Game Pass. 

Conclusão:

Gungrave G.O.R.E tem algumas limitações, não sei se foi de propósito para ter um feeling nostálgico, ou se por outras razões aquando do desenvolvimento do jogo. O resultado final dá a ideia de um jogo bastante datado, que pode divertir até os fãs mais hardcore ou até mesmo dos animes, mas que provavelmente não irá gerar grande interesse a jogadores fora desse nicho. Se estiver na calha uma sequela, seria uma mais valia aproveitar todos os recursos das consolas mais atuais, pois iria de certeza trazer Gungrave para as luzes da ribalta