“Ora aí está um bom jogo para ser alvo de um remake”, pensei eu quando li a notícia sobre a chegada do novo Dead Space em 2023.
Isto fez-me pensar que vivemos tempos estranhos. Quando temos consolas mais poderosas que nunca e o que nos entusiasma mais não são apenas alguns dos novos lançamentos, como também os remakes de clássicos icónicos.
Dead Space apanhou-me de surpresa. Não tinha dado conta de rumores que revelassem o seu advento, nem era algo pedido pela comunidade. Era um jogo (icónico, sem dúvida) que vivia nos lugares recônditos das minhas memórias como um dos poucos jogos de survival horror que me tinha efetivamente dado prazer em jogar.
E eis que me deparo com o seu anúncio, sem que demore muito tempo até ao seu lançamento.
Mas que Dead Space é este com que a EA nos presenteou agora?
À parte de tudo o que seria esperado num remake, há muito mais substância. Sim, temos todo um reformular de cenários, texturas, iluminação e personagens. Os espaços amplos estão mais imponentes e realistas, com uma iluminação soberba que os faz parecer ainda mais imponentes. Refiro-me, por exemplo, à chegada atribulada ao cais de desembarque da USG Ishimura. Obviamente que ninguém estragou os espaços mais icónicos do jogo, os corredores estreitos e labirínticos, cheios de oportunidades para sermos atacados. A iluminação (e muitas vezes a falta desta) está perfeita e consegue proporcionar, numa escala muito mais intensa, a tensão do jogo original.
Há muito mais pormenores, o chão está repleto de lixo, cadáveres e partes de corpos, as paredes salpicadas de sangue de forma muito mais realista. E atenção, o Dead Space original, embora com 15 anos, não é um jogo que tenha envelhecido mal, principalmente em PC, mas a sua versão de 2023 pegou numa base já de si muito sólida e melhorou-a.
A nível de user interface também houve melhorias, embora ainda tenha um aspeto familiar para quem se recorde do original, há também melhorias notórias quando se faz upgrade a armas ou se compra algo na loja, agora com imagens dos elementos em vez de uma simples lista.
Mas onde o Dead Space de 2023 inovou foi no dar uma nova cara e uma voz a Isaac Clarke, o protagonista da narrativa. Gunner Wright volta a dar não só a voz (deu em Dead Space 2), mas agora também a aparência. Isaac tem agora falas e mais cutscenes. Mas a Motive não pretendeu inverter a grande ausência de falas, apenas afinar a fórmula, Isaac fala apenas para quem lhe dirige a palavra ou em situações em que seria estranho ficar calado. Isto veio conferir mais profundidade ao personagem e torna a experiência ainda mais imersiva.
Tudo isto aliado à brilhante ausência de HUD, todos os elementos da user interface continuam subtilmente dissimulados no fato ou armas de Isaac. É caso para dizer que a Motive Studios e a EA fizeram as coisas bem feitas, pegando numa aventura bem polida e trazendo-a 15 anos para a frente, tirando pleno partido do hardware atual.
Foi excelente regressar aos corredores mal iluminados da USG Ishimura, desmembrando monstros que nos esperam a cada esquina. Num jogo refeito ao pormenor mas sem nunca perder a essência do original.
Conclusão:
Dead Space de 2023 pode ser o remake que não pedimos, mas é sem dúvida o remake que merecemos. Consegue tirar pleno partido da aventura original, polindo-a e sem nunca descurar os magníficos momentos em que nos consegue assustar a valer.
Começou a jogar num spectrum 48k e desde então tem uma paixão por videojogos, não imagina a sua vida sem jogar. Fã de RPGs, First Person Shooters e jogos Third Person, joga na sua PS5, Xbox Series S, PC e Nintendo Switch.