Rising Lords – Complexidade medieval | Análise

Rising Lords é um jogo bastante ambicioso, e isso não tem como ser negado. É um jogo criado à mão (que mais parece um livro ilustrado) com uma mecânica de jogo bem grande e que tem tudo para ter sucesso. Contudo, muita ambição também trazer consigo aspetos negativos que podem manchar o jogo como um todo.  Vamos lá então conhecer um pouco mais deste jogo turn based na era medieval. 

O jogo criado pela Argonwood é um pouco de tudo, portanto contem com exploração, comércio, diplomacia e conquistas (que é como quem diz, bastantes combates). Se jogaram qualquer jogo da saga Total War por exemplo, provavelmente irão passar muitas horas em torno de Rising Lords

O gameplay está dividido em duas partes completamente diferentes; a administração do nosso império e os combates/conquistas, mas neste jogo, ambos tem que ser geridos em turnos. Vou começar por explicar um pouco a administração do reino e depois irei explicar os respetivos combates.  

Gerir o império até é uma tarefa simples no início, mas passados alguns turnos já tive que começar a tomar decisões difíceis. Temos um número limitado de trabalhadores no nosso império – que depende da população atual – e temos que os colocar a trabalhar para recolher recursos. Inicialmente só precisamos de alimentos, por isso as culturas ou a criação de animais são os primeiros passos a dar. Em pouco tempo será também preciso erguemos novos edifícios e teremos de mudar as prioridades dos nossos trabalhadores, não esquecendo claro que a nossa população irá aumentar.  

rising lords - jogabilidade de combates
Gameplay dos combates em Rising Lords

Com o império a crescer a olhos vistos, teremos que expandir as nossas fronteiras, e obviamente que uma guerra é praticamente inevitável, portanto, agora o que vamos precisar é de exércitos (e isso diminui a população). As decisões difíceis começam a aparecer, pois teremos que gerir por exemplo a ração que nossos súbditos receberão ou a quantidade de “impostos” que iremos arrecadar. Portanto, felicidade, fome e assim por diante são coisas a ter sempre em conta. 

O cenário é dividido em cidades e alguns pontos de interesse, como quintas, ferreiros, entre outros pontos – sendo apenas nestes locais que poderemos colocar os nossos trabalhadores. Já em redor da nossa cidade podemos construir todo o tipo de novos edifícios, para assim fazer crescer o nosso glorioso império.  

Rising Lords - Gestão do reino
Uma pequena amostra da gestão do reino

Por sua vez, os exércitos movem-se por zonas, e para atacar uma nova zona teremos que fazer dois movimentos no mapa global, primeiro até ao limite do nosso território e depois até à cidade inimiga. Os palcos das batalhas são irregulares e não possuem um formato definido, embora tenham sempre uma base hexagonal (achei até o design deveras interessante, mas ainda precisa de algumas melhorias). 

O combate, por sua vez, também acontece em hexágonos e é tão típico quanto se consegue imaginar, sendo até cativante verdade seja dita, mas nada de excecional. Rising Lords também conta no seu gameplay com cartas, que escolheremos num baralho na hora de formar o nosso exército. Com elas podemos aprimorar os ataques ou então nos defenderemos no próximo turno. Este sistema não é que seja uma grande novidade, mas a combinação das duas coisas tornam as batalhas empolgantes.  

O grafismo do jogo é simplesmente delicioso

Para combater precisaremos de diversos tipos de unidades, e o jogo traz consigo uma boa dose delas, onde cada uma tem os seus pontos fortes e fracos. É aqui que as cartas que referi à pouco fazem a diferença, pois são essenciais para alcançarmos a vitória, embora não seja nada fácil. Normalmente as batalhas que venci foram à custa de força bruta, onde lancei centenas de camponeses contra as forças inimigas. Construir um exército competente é caro e difícil, e às vezes não basta ter os melhores soldados ou o maior número deles, temos que procurar um certo equilíbrio. 

O departamento visual é certamente um dos pontos de destaque de Rising Lords. Os cenários e unidades têm um certo toque medieval que me fez apaixonar quase de imediato pelo jogo. Porém, as interfaces têm algumas falhas – acho que é por causa da língua que se escolhe, que por sua vez tem os seus próprios problemas – e foi por isso que passado uns 20 minutos de jogo troquei a língua portuguesa (do Brasil como de costume) pela inglesa, que mesmo assim usa alguns termos pouco usuais nos dias de hoje. Penso que o estúdio deveria focar-se para melhorar neste ponto para ser sincero, uma tradução mais adequada e respetivos termos usados iriam beneficiar o jogo. Gostei também da música, que tem bastante variedade e casa muito bem com o tema medieval que o jogo tem, sendo algumas dessas músicas orquestrais, mas também existem outras mais clássicas e diretas. 

Conclusão:

Rising Lords é um jogo deveras complexo, e poderá não agradar alguns jogadores, mas a mecânica de jogo é sólida e divertida. Tanto os combates como a administração dos territórios são interessantes e estão bastante bem conseguidos, mas a narrativa que sustenta tudo isto não é muito apelativa. Indo de encontro à sua temática, o jogo com o passar do tempo poderá até atingir o titulo de “Lord”, mas por agora fica-se por um simples camponês.