Yaga conta a história de um ferreiro com apenas uma mão, amaldiçoado com uma incrível má sorte.
Há já algum tempo que andava com curiosidade de experimentar o RPG da Breadcrumbs interactive, um developer independente sediado na Roménia.
Baseado em folclore eslavo, o jogo põe-nos na pele de um ferreiro tão azarado ao ponto de perder um braço ao tentar fugir de uma criatura que o tenta devorar. A sua aventura começa quando o Tzar lhe incumbe de obter objectos que deseja… Só não o avisa dos perigos que terá de ultrapassar para os conseguir.
De forma a conseguir superar os desafios Ivan irá contar com a ajuda da bruxa Yaga, personagem claramente retirada das histórias e folclore da baba Yaga, um ser sobrenatural com aparência de mulher velha e que mora no interior de uma floresta, numa casa apoiada sobre um pé de galinha.
A primeira impressão é de estranheza, não nos deparamos com um ambiente 3D, mas sim com um mundo construído a partir de ilustrações, algumas mais simples, como é o caso de personagens mais básicos, outras mais elaboradas, como o caso de Ivan, o nosso herói, cujas várias perspectivas foram ilustradas e posteriormente trabalhadas de forma a dar a sensação de tridimensionalidade quando este se desloca pelo espaço.
O jogo é sem dúvida um RPG, mas numa versão “light”, mais simplificada, facilmente visível nas opções de crafting, onde Ivan cria as suas armas e adereços, nas opões de diálogo, que embora façam lembrar o selector de diálogo dos RPG’s da Bioware, por exemplo, não são tão densos. Nas cutscenes os diálogos são em rima, o que os torna muito divertidos.
Yaga é um jogo curto, sendo facilmente terminado em cerca de 5 a 7 horas, no entanto não é fechado, a personalidade de Ivan é construída pelas opções que tomamos no decorrer da história. Ivan pode ser ganancioso, idiota, bruto, entre outros. Optando por diferentes decisões e diálogos, estaremos a encaminhar-nos para diferentes conclusões da história, nem outra coisa se esperaria de um RPG, mesmo que numa versão menos complexa.
Teremos também de lidar recorrentemente com o seu azar, despoletado por algumas ações, e que vai aumentando ao longo do tempo, culminando com a perda de um item de equipamento, geralmente uma arma.
Ao iniciar uma missão podemos escolher o dia da semana ou altura do dia, sendo que isso nos permitirá que Ivan seja mais forte, rápido, afortunado, entre outras características, adaptadas ao modo de jogo de cada um. No final de cada missão Ivan aprende algo, que lhe trará conhecimento e aumentará uma das características. Um dos pontos que senti falta foi a clássica subida de nível, tão presente no género RPG.
No entanto nem tudo funciona bem, embora os cenários sejam gerados aleatoriamente, o que torna a experiência de voltar a jogar mais interessante, não deixam de ser corredores labirínticos, senti falta de algo mais aberto e menos calaustrofóbico. Cada tipo de cenário tem também oponentes próprios, como os ursos da floresta, por exemplo, no entanto são limitados em termos de tipologia e o modo de os combater também não difere muito dos restantes, dispomos de 2 ataques em que ou batemos com o martelo ou o atiramos, sendo que o braço amputado de Ivan é o que pode ter outros elementos diferenciadores, como uma pá que permite escavar e passar despercebido, um escudo que ajuda na defesa, uma foice que corta barreiras, entre outros. Note-se que Ivan pode fabricar versões melhoradas de cada elemento novo, no entanto o seu funcionamento não é diferente, apenas melhor, mais rápido ou com mais alcançe.
Creio que há potencial para mais. Sei que se trata de um estúdio independente mas senti a experiência ainda muito crua, com missões repetitivas e a necessitar de algum polimento.
Relativamente à banda sonora, galardoada com o prémio Nordic Discovery Contest, não me convenceu minimamente, nas opções de jogo tive de a retirar pois tornava-se muito repetitiva e enervante.
Yaga está disponível para PS4, Xbox One, Nintendo Switch, PC e IOS.
Conclusão:
Yaga é algo diferente, um RPG leve e com uma base sólida onde creio que se podia ter construído algo mais robusto, talvez um Yaga 2 mais polido apele a um amante de RPG’s como eu. Será sem dúvida uma boa compra para os amantes do estilo que tenham estas considerações em mente e que se deparem com o jogo em promoção.
Começou a jogar num spectrum 48k e desde então tem uma paixão por videojogos, não imagina a sua vida sem jogar. Fã de RPGs, First Person Shooters e jogos Third Person, joga na sua PS5, Xbox Series S, PC e Nintendo Switch.