Nas últimas semanas, a EA revelou muitas novidades sobre o FIFA 21. Mas qual o impacto real que esperamos que elas tenham no novo ciclo do Ultimate Team?
O FIFA 20 não foi uma melhoria significativa ao desastre do FIFA 19. Tal como escrevemos neste artigo, o balanço não foi de todo positivo. Este ano, a EA tem o desafio de conseguir, finalmente, levantar um título que começa a desgastar os seus jogadores. Os trailers mostram algumas coisas interessantes, mas é, sobretudo, nos Pitch Notes, que detalham as novidades (e que deixo o link no final do artigo), que encontramos informação realmente promissora. Neste artigo, analiso algumas novidades e o impacto que prevejo que elas venham a ter na realidade.
1. PERSONALIDADE DE POSICIONAMENTO DOS JOGADORES
Esta é uma das bandeiras da EA para o jogo deste ano. Na prática, este termo não significa que os jogadores se vão movimentar como na vida real, mas sim que a sua capacidade de movimentação, tanto ofensiva como defensiva, será um maior reflexo dos seus atributos “tácticos”.
O atributo Posicionamento (Positioning) ditará a personalidade ofensiva dos jogadores, influenciando as suas movimentações sem bola, desmarcações, capacidade de bater o fora de jogo e criação de espaço para os defesas. O atributo Marcação (Defensive Awareness) irá ser essencial na capacidade de acompanhar desmarcações, cortar linhas de passe, pressionar e fazer dobras.
Estes atributos sempre influenciaram estes momentos do jogo, mas, este ano, a diferença entre ter estes atributos muito altos ou mais baixos promete ser maior que nunca. Antevejo que, ou, pelo menos, secretamente desejo que esta novidade traga de volta ao meta jogadores como Lewandowsky ou Chiellini, que, não sendo capazes de competir pela velocidade e agilidade, são extraordinários nas suas funções.
Esta questão da personalidade dos jogadores ultrapassa a questão do posicionamento e movimentações, pois noutras áreas, como o Passe ou as Intercepções, a EA também refere que um conjunto de atributos serão mais importantes que nunca para determinar o sucesso das acções.
2. CONTROLO MANUAL SOBRE AS MOVIMENTAÇÕES OFENSIVAS
Esta é a grande novidade de gameplay, a meu ver, do FIFA 21: a possibilidade de controlar a direcção da desmarcação dos nossos jogadores e, com o novo Player Lock, controlar por inteiro o jogador sem bola, enquanto o CPU controla o nosso jogador com bola.
Estas funcionalidades acrescentam um novo nível de complexidade ao jogo. Quantas vezes fizeram passes em profundidade a apontar mentalmente para um espaço vazio e o vosso atacante corre na direcção oposta, estragando a oportunidade? Controlar manualmente os movimentos sem bola não será uma aprendizagem essencial para jogar FIFA eficientemente, mas a sua boa utilização promete desbloquear muitas defesas.
Serão controlos adicionais a incluir no nosso arsenal e que exigirão alguma paciência até entrarem na nossa memória muscular. Mas quem os dominar terá uma vantagem e isso contribui para um maior skill gap entre jogadores, premiando quem melhor joga FIFA.
3. MELHORIAS NA RESPONSIVIDADE DO JOGO
Não, não se prevê que sejam adicionadas, para já, novas localizações com servidores. Contudo, a EA identificou uma série de situações que eram reportadas pelos jogadores como problemas de ligação, mas, na verdade, eram elementos de gameplay que nada tinham a ver com online.
Várias situações de falta de responsividade no jogo estão, na verdade, relacionadas com as animações dos jogadores e a forma como o jogo as lê: a não deteção ou deteção incorreta de uma skill move; a não deteção ou deteção incorreta da troca de um jogador; a capacidade de transição após dominar a bola; o não registar de alguns remates ou passes.
Estas situações prometem ser melhoradas no FIFA 21. Este é um ponto em que fico sempre cautelosamente otimista, porque há sempre a questão do lag online a ter em consideração. Contudo, se a EA conseguir melhorar significativamente a responsividade, este ano será muito mais divertido jogar FIFA. Outro impacto previsível de uma melhoria nesta área será uma alteração no meta dos jogadores: no FIFA 20, era essencial usar jogadores baixos e com boa agilidade, balanço e reacções para conseguir minimizar a má responsividade do jogo. Assim, o jogo abrir-se-á novamente a jogadores mais altos e menos ágeis, o que calha bem, pois também temos melhorias no sistema de cruzamentos e jogo aéreo.
4. UM JOGO MAIS SOCIAL E MENOS TÓXICO
Adoramos este jogo, mas ele pode levar-nos ao desespero e à libertação de muito ácido. A EA quer menos comandos partidos e uma comunidade mais envolvida e positiva. Assim, encurtou as celebrações de jogo e removeu do jogo algumas das consideradas mais tóxicas e irritantes para o adversário. De forma a encurtar os tempos mortos, reduziu também a duração dos tempos de espera nas bolas paradas. Esperamos ter um jogo mais agradável, rápido e um pouca mais livre de energias negativas.
Simultaneamente, a aproximação da comunidade é também promovida com a possibilidade de jogar com um amigo, em Co-Op, bem como o novo modo de FUT Events. Estes eventos serão lançados regularmente e são de dois tipos: Comunidade, em que, ao atingirmos determinados objectivos, estamos a contribuir para uma pool global de XP, ganhando recompensas enquanto comunidade; Equipa, em que a comunidade é dividida em 2 equipas, permitindo-nos escolher a qual delas nos juntar e contribuir com XP, ganhando a equipa vencedora as recompensas mais apetecíveis, mas sendo também a equipa derrotada recompensada.
Continua a faltar um modo mais casual ao FIFA, fora os Friendlies que, na verdade, ninguém usa, pois não dão qualquer tipo de recompensa. Contudo, estas novidades podem ajudar a tornar o jogo online mais agradável de jogar, aliviando a tensão competitiva do modo Rivals. A longo prazo, se a jogabilidade for boa, talvez a EA consiga manter a comunidade a jogar sem se saturar até mais tarde e recupere a vontade dos jogadores de fazer uns jogos de FIFA durante a semana. No FIFA 20, observámos que os jogadores faziam os seus jogos de FUT Champions no fim-de-semana e depois não tinham vontade de ligar o jogo nos restantes dias da semana. Uma semana mais preenchida torna o jogo mais interessante e mantém o mercado mais vivo.
5. FUT CO-OP
Esta era uma adição há muito aguardada – a possibilidade de jogar de forma cooperativa, com um amigo. No FIFA 21, poderemos fazê-lo em Division Rivals, Squad Battles ou Friendlies. Apenas temos de escolher um dos nossos amigos online e lançar o lobby do Co-Op. Quem fizer este passo é nomeado o capitão e escolherá depois o modo em que irão jogar e que equipa será usada, de entre as duas activas dos dois jogadores.
Acredito que a possibilidade de jogar com amigos irá aumentar o número de jogos jogados durante a semana e aliviar alguma tensão, tornando o FIFA mais divertido, enquanto experiência partilhada. A possibilidade dos jogos em Co-Op contribuirem para o nosso progresso semanal em Rivals e Battles (com um certo limite) permite que jogar com um amigo não signifique um atraso nos nossos objectivos individuais. É uma boa jogada da EA, que nos promete também objectivos específicos para serem atingidos com um amigo.
Ao usarmos a equipa de um amigo, nessa experiência partilhada, podemos também experimentar novos jogadores, novas tácticas e completar aquele objectivo com requisitos específicos que teríamos de sacrificar imenso para cumprir. Podemos também crescer no nosso jogo, numa aprendizagem conjunta.
6. O TEU ESTÁDIO – CUSTOMIZÁVEL COMO NUNCA
Finalmente, a nossa casa pode ser, de facto, única. Esta é uma novidade meramente cosmética, sim… mas… não queremos todos nós customizar ao máximo a nossa equipa? Para os fans de estádios reais, essa opção continuará disponível, mas o nosso estádio, no FIFA 21, cresce com o nosso clube. E se, dantes, o estádio apenas era relevante dentro do jogo, agora acompanha-nos nos menus, sendo realmente a casa do nosso clube.
Começamos com um estádio mais pequeno, podendo customizar o brazão do clube, a bola, os equipamentos, a celebração, o Tifo, o tema, os cânticos dos fans e a cor base. À medida que o nosso clube cresce, também o nosso estádio o irá fazer, não só em tamanho, mas também desbloqueando novas opções, até um máximo total de 34 espaços customizáveis.
Todos sabemos e aceitamos que o Ultimate Team é um modo de grind. Jogamos para conseguir recompensas, para conseguir melhorar a equipa, para jogar mais e conseguir melhores recompensas e por aí em diante até ao fim do ciclo. Agora, temos mais uma camada de grind, com a motivação adicional de progredir para melhorar o estádio.
7. O FIM DO FITNESS DOS JOGADORES
No que toca a tarefas de menus, esta novidade é fantástica. Até agora, há quem divida os seus recursos entre duas equipas, alternando entre ambas de forma a gerir fadiga e quem se foque numa só equipa, mas gaste fortunas em cartas de fitness, para manter os jogadores frescos e competitivos. De uma forma ou de outra, gerir a fadiga entre jogos sempre foi uma formalidade aborrecida e cheia de constrangimentos. A fadiga vai continuar a ser relevante durante o jogo, mas cada jogo irá começar com os jogadores no máximo da energia, sem nos termos de preocupar com isso entre jogos.
Esta medida irá ter um impacto tremendo no início do jogo, onde ainda temos poucas cartas e dinheiro para gerir fadiga. Podendo focar numa só equipa e sem ter gastos de gestão, além dos contractos (que convenhamos, temos sempre mais que precisamos), todos nós conseguiremos evoluir mais rápido. Isso tornará o mercado de jogadores mais dinâmico nas primeiras semanas de FIFA. É também provável que os chamados starter players se tornem obsoletos mais cedo.
A acompanhar esta medida, a EA irá também terminar com as cartas de treino, que dão boosts temporários aos jogadores. Assim, todas as cartas de fitness e treino, bem como cartas de Staff relacionado com essas mecânicas, serão removidas do jogo. Mais cartas de jogadores nos packs, então? Não! O espaço vazio será ocupado por novas cartas de customização do estádio e um ligeiro aumento no rácio de cartas de estilo de química, pelo que continuaremos a receber a mesma quantidade de jogadores.
Muitas outras novidades foram dadas e em mais detalhe, pelo que vos desafio a ler os Pitch Notes. Estes pontos foram os que, para mim, mais destaque merecem e que mais promissores são. Estou a torcer para que o FIFA 21 seja, finalmente, o jogo que há muito pedimos e que a EA dê a volta aos maus títulos consecutivos. Para já, apesar de cauteloso pelas cicatrizes deixadas nos últimos anos, estou a ficar bastante entusiasmado com o que aí vem.
Este artigo é o primeiro de uma nova rúbrica: SideFUT. Ao longo do ano, neste espaço, irei cobrir todas as actualidades relacionadas com o Ultimate Team, ajudar com dicas de mercado para aumentarem as vossas moedas, analisar jogadores e campanhas, falar detácticas e outras formas de melhorarem o vosso jogo.
Num dos próximos artigos, irei debruçar-me sobre como começar o FIFA 21 da forma mais eficiente, de forma a ganhar mais moedas e conseguir aquela grande equipa, sem depender da sorte. Estejam atentos e até breve!
Links:
Pitch Notes Gameplay
Pitch Notes Ultimate Team
Começou a jogar ainda os jogos se carregavam a partir de uma cassete de fita magnética. Completamente viciado em FIFA, é também fã incondicional de RPGs e Jogos de Estratégia. Junta, aos videojogos, a paixão pelos jogos de tabuleiro.