Lançado em 2009, Demon’s Souls deu o pontapé de partida para algo pouco habitual nos videojogos: RPGs na terceira pessoa, extremamente desafiantes mas muito gratificantes e recompensadores. Seguiu-se Dark Souls e, a partir daí, começaram a ser lançados vários jogos que copiavam esta fórmula, ao ponto de quase ser criado um novo género dos videojogos, os “souls like”.
O que acontece em Mortal Shell é precisamente isso, um jogo dentro deste género mas que, ao contrário de muitos outros, não se limita a copiar (e mal) as mecânicas da série Souls, conseguindo ser mais o que se pode chamar de uma homenagem, muito bem feita, por parte de um grupo de claros fãs da saga.
Desenvolvido pela Cold Symmetry, Mortal Shell pode não ter o poder e orçamento de um Dark Souls. Mas, efectivamente, não é por isso que deixa de ser um jogo interessante e recomendável para qualquer fã deste género. A história pode ser algo genérica e até com pouco conteúdo, mas o combate muito bem desenhado, o prazer da exploração e o receio pelo inimigo avassalador que estará ao virar da esquina, tornam este jogo bastante apelativo e divertido (quando não estamos a morrer).
Curiosamente, a nível do combate, este aproxima-se mais de Bloodborne, uma vez que não temos a opção de bloqueio e utilizamos o botão para esquivar como solução para sobreviver. Além disso, a nossa personagem tem uma habilidade para se transformar em pedra durante um segundo, acaba por ser uma espécie de “parry” que, coordenado com os botões de ataque, pode resultar num contra-golpe poderoso. Não sendo uma mecânica única e fantástica, é uma boa adição para diversificar um pouco o combate que, mesmo sem isso, já seria bastante decente.
Outra mecânica única neste título é a existência das Shells, que não são mais do que corpos que “possuímos”, ganhando todas as habilidades inerentes. Isto porque o nosso personagem inicia o jogo despedido de qualquer arma ou armadura e serão estas formas que nos darão todo o poderio nos combates. Existem quatro Shells diferentes e cada uma tem características específicas, oferecendo assim várias formas de abordar os inimigos.
Um dos aspectos que me surpreendeu mais em Mortal Shell foi o seu preço. Um jogo com esta dimensão, com imensas horas de conteúdo e com um nível de produção consideravelmente bom para um estúdio pequeno, custar apenas 29,99€ é, de facto, um belo incentivo para o jogador. Para os que preferem esperar por uma promoção, sabem que daqui a uns meses já poderão encontrar este jogo a uns 15€ ou 20€, preço irrecusável para qualquer fã deste género, enquanto aguarda por um novo Souls.
De pontos mais negativos, é importante salientar alguns problemas na câmara, que muitas vezes contribuíram para uma morte ainda mais rápida, e alguma repetição no design dos cenários. Alguns são algo genéricos e desprovidos de algo cuidado. No entanto, uma vez que estamos a falar de um jogo que não foi desenvolvido por um grande estúdio, são tudo falhas admissíveis e que não prejudicam de uma forma grave a experiência do jogo.
Conclusão:
Uma boa homenagem a uma série e estilo de jogo que já está integrado na actualidade dos videojogos. Tem algumas mecânicas únicas e, para um estúdio independente, está bastante bem produzido. Apesar de algumas falhas, é um bom jogo e recomendável para qualquer fã da série Souls.
Descobriu os videojogos através do Game Boy mas foi com a PlayStation 2 que percebeu a importância desta arte. Enorme fã de RPGs e jogos de plataformas, acha que o Final Fantasy X é a perfeição em formato jogável.