Foi preciso esperar mais de 20 anos para voltar a jogar um Crash Bandicoot com o nível de qualidade dos três primeiros, lançados na PlayStation.Crash Bandicoot é daqueles personagens icónicos que já consta no corredor da fama dos videojogos. Foram lançados dezenas de jogos deste marsupial mas a verdade é que muitos ficaram aquém do esperado e não tínhamos, até agora, um verdadeiro sucessor de Warped, lançado em 1998 para a PlayStation.
Foi, por isso, com grande alegria que pus as mãos neste jogo, esperando que finalmente tivesse algo, pelo menos, ao nível dos primeiros. Para grande satisfação minha, o resultado final é formidável e temos aqui um dos melhores jogos de plataformas e aventura desta geração.
Um dos aspetos mais incríveis do jogo é o balanço perfeito entre manter algumas mecânicas clássicas, fundindo-as com elementos novos e frescos. Além dos habituais movimentos de Crash, temos agora uma série de máscaras que nos oferecem novos poderes e habilidades que tornam os níveis mais diversificados e nunca sentimos que estamos a repetir níveis ou sequências.
Além disso, temos uma oferta gigante de tipos de níveis e personagens jogáveis. Além de Crash e Coco, temos níveis extra onde controlamos Tawna, Dingodile ou Dr. Neo Cortex. Cada nível é também único e cada ilha ou mundo esta muito bem detalhada, sendo que nunca se deu conta de um cenário mais despido ou com falta de elementos. Temos ainda um leque gigante de skins, tanto para Crash como para Coco, que vão sendo desbloqueadas conforme as nossas performances em cada um dos níveis, fomentando a necessidade de repetir níveis com um objetivo concreto e útil.
Um dos elementos mais famosos de Crash sempre foi o seu nível de dificuldade algo desafiante. Quer seja a tentar acertar com o tempo exato de saltos entre plataformas, quer seja em alguns bosses mais exigentes, esta série sempre teve momentos que requerem alguma atenção e dedicação extra por parte do jogador. Não é um Demon’s Souls mas o desafio é real. Por isso mesmo, e de forma a chegar a outro tipo de público, o jogo dispõe de dois níveis de dificuldade: um clássico (chamado retro), onde as nossas vidas contam e assim que se esgotam, começamos o nível do zero, e o modern, onde existem vidas infinitas. Para quem procura uma experiência mais relaxada, este último é o modo recomendado, até porque mesmo que tenhamos pela frente uma sequência onde estamos encalhados, o jogo coloca o checkpoint seguinte mais perto do que era suposto, facilitando a progressão do jogo.
O jogo conta também com o bem disposto humor nas excelentes cutscenes que intercalam os vários níveis. Além da belíssima banda-sonora, todas as vozes e sons estão igualmente boas e é fantástico sentirmos a vida destes personagens numa geração atual. Há muito que este jogo devia ter saído mas, por um lado, a espera compensou e é uma experiência brutal para quem, como eu, presenciou e viveu o nascimento de Crash na primeira consola da Sony.
Conclusão:
Crash Bandicoot 4: It’s About Time era o jogo que esperava há anos. Não só é o melhor jogo da saga dos últimos 20 anos como se torna um dos melhores jogos desta geração, dentro do seu género. Consegue ser inovador mas mantém o traço clássico da saga e ainda lhe acrescenta muito valor. Bravo, Toys for Bob.
Descobriu os videojogos através do Game Boy mas foi com a PlayStation 2 que percebeu a importância desta arte. Enorme fã de RPGs e jogos de plataformas, acha que o Final Fantasy X é a perfeição em formato jogável.