Manifold Garden é… diferente. Sim, é um puzzle-game que vai buscar a sua inspiração a jogos como o velhinho Myst, a Portal, The Witness e ao fantástico The Thalos Principle, mas definí-lo como sendo apenas um sucessor, mesmo que espiritual, destes títulos não faz justiça à maravilha que é Manifold Garden.
Este é um jogo que começa de um forma super simples, mostrando-nos apenas como nos movemos e introduzindo-nos à principal mecânica que consiste em rodar o mundo 90º. Depois pede-nos para pressionarmos uma série de botões coloridos e finalmente emparelha este botões a blocos, também eles coloridos, que devem ser colocados em plataformas com a cor correspondente. Por escrito parece estranho, mas no jogo propriamente dito, é incrivelmente intuitivo como a rotação do mundo está ligada ao sistema de cores, blocos, botões, etc. É também nestes momentos iniciais que temos acesso a um “cheirinho” do que está por vir ao vermos como todas estas pequenas mecânicas se conjugam com a mecânica gravitacional à lá Portal.
Bem, é verdade que neste jardim nem tudo são rosas e o impacto inicial pode ser avassalador para alguns, mas havendo um pouco de calma a solução usualmente está mesmo à nossa frente e é tudo uma questão de se conseguir olhar para as coisas de uma forma diferente e menos linear. A partir daí é executar e desfrutar de um puzzle único de se montar (e jogar).
Manifold Garden consegue a proeza de jogar com diversas ideias que se entrecruzam criando um jogo onde a execução das múltiplas ideias é simplesmente soberba. Sim, por vezes a experiência vai ser frustrante, mas parece que o jogo foi construído de propósito para colmatar esse aspecto, mostrando-nos visuais ricos mas super-descontraídos. Utilizando a analogia cliché, imagine-se um quadro do Escher a ganhar vida e a desafiar-nos a entrar nele, sem com esse desafio nos querer retirar a experiência de o gozar simplesmente enquanto observadores.
Enquanto jogo, Manifold Garden, parece feito para construir um fluxo constante de emoções, retribuíndo o esforço de quem se atreve a jogá-lo com um estado de flow realmente diferente de tudo aquilo que já experimentámos.
Conclusão:
Manifold Garden vai testar os vossos reflexos, a vossa imaginação e fazer-vos puxar pela cabeça. Sim, por vezes a dificuldade parece aumentar vertiginosamente, mas tal como subir uma montanha, é uma questão de nos habituarmos à nova altitude em vez de tentar avançar sem pensar. E talvez esta seja uma exigência demasiado grande para alguns, mas para todos aqueles que conseguirem ultrapassá-la, este é um daqueles jogos que vai ficar, senão na história, na memória.
Nasceu num dos melhores anos para nascer, 1980, e cresceu com um enorme desejo de poder jogar nas máquinas de jogos. Cumpriu esse desejo no dia em que finalmente fez 16 anos e pode legalmente entrar em salões de jogos. Infelizmente também descobriu que jogar custava dinheiro e por isso resolveu estudar mais um bocado. Hoje é publicitário e feliz proprietário de uma Super Nintendo. O seu jogo favorito ainda é o Street Fighter II.