Depois do sucesso de Resident Evil VII, a Capcom tinha a difícil de tarefa de manter a qualidade no título seguinte ou de conseguir ir mais longe e continuar a inovar, sem deixar de impressionar e proporcionar um jogo de qualidade. Resident Evil Village, que acaba por ser oitavo título desta aclamada saga, é possivelmente o melhor Resident Evil que já joguei ou, pelo menos, aquele que me agarrou mais.
(SPOILERS) Depois da difícil de tarefa de resgatar a sua mulher em RE VII, Ethan Winters vê-se atacado na sua casa, onde a sua mulher acaba por ser assassinada e a sua filha é raptada por Chris Redfield e os seus lacaios. Ethan também é levado inconsciente e acorda junto de uma carrinha de transporte destruída e sem ninguém vivo por perto. É aí que chegamos à vila, e temos o primeiro contacto com os Lycans, uns tipos bastante agradáveis que nos querem comer à força toda. Está, assim, dado o mote para esta misteriosa e crepita aventura.
A compor esta história, temos uma galeria de personagens belíssima, onde Lady Dimitrescu começa por ser a nossa primeira adversária mas, com o tempo, vamos conhecendo outros seres peculiares como Donna Beneviento, Salvatore Moreau e Karl Heisenberg, todos eles lideres de uma zona sob as ordens de uma tal Mother Miranda. Mas chega de história, pois um dos grandes prazeres de Resident Evil é ir desvendando segredos e juntar todos os fios de história para um final épico.
Um dos elementos que vejo mais debatidos em torno de Resident Evil Village é com que anterior título da saga este é mais parecido. Se é mais parecido com o RE 2, ou se é mais um jogo de ação, como o RE 5, ou se é um hibrido, como RE 4. Ora, sempre achei estas comparações algo desnecessárias e pouco produtivas uma vez que o que realmente me interessa é se o jogo me agarra, diverte e se me proporciona umas boas horas de ação, sustos, alegria, tristeza, nostalgia ou seja o que for que um videojogo pode proporcionar. Nesse aspecto, Village é dos que cumpre melhor esta tarefa. Sim, tem momentos de ação frenética e sim, também tem alguns momentos em que apanhamos um ou outro susto. Mas é acima de tudo um jogo muito bem construído e escrito que me deixou agarrado ao fim de breves minutos de jogo.
Explorar os vários cantos da vila e seus edifícios dá um gozo tremendo, até porque acabamos por ser recompensados com uma série de itens valiosos para o desenrolar do jogo, quer sejam mais munições ou materiais para criar consumíveis, bem como chaves e outros objectos valiosos para nos ajudarem a chegarmos a locais secretos. Teremos sempre a ajuda do Duke, um peculiar ajudante que não só nos vai vender uma série de itens importantes para a nossa sobrevivência como ainda nos ajuda na nossa demanda.
A nível técnico, e tendo sido jogado numa PlayStation 5, fiquei bastante contente com os visuais apresentados. Não sendo tremendamente fantástico, o que se compreende porque não se trata de um exclusivo deste nova geração, enche bastante o olho e o detalhe dos interiores e os modelos dos principais personagens estão excelentes. No que diz respeito ao som, é o que se pretende neste tipo de jogos, onde cada partícula de som e cada passo conta e deve ser ouvido. Quanto mais nos aproximamos de um inimigo, mais alto ele nos soa, e o contrário também acontece.
Outro aspecto que me atriu muito neste Village é o seu imaginário. A introdução de vampiros e lobisomens torna a lore do jogo bastante interessante e gratificante. Dei por mim a querer ler todos os pedaços de papel com informação e explorar todos os cantinhos para compreender mais sobre estas raças e personagens.
É, sem dúvida, um jogo muito diferente dos anteriores jogos desta saga. Se compararmos com títulos como RE 3, ou até o primeiro jogo da saga, são obras completamente diferentes. Mas, tal como disse no início do artigo, é um aspecto pouco relevante quando os jogos em questão funcionam e são obras dignas do nome Resident Evil. Final Fantasy X também é bastante diferente de Final Fantasy IV, e o VI do VIII, e não quer dizer que não possam todos ser excelentes jogos. O que importa é mesmo a sua qualidade e se têm elementos e temáticas que façam jus ao nome da saga.
Conclusão:
Por tudo isto, Resident Evil Village é um jogo fantástico. É um passo em frente e bastante destimido por parte da Capcom que, a meu ver, criou aqui o melhor Resident Evil que já joguei ou, pelo menos, aquele que me agarrou mais e não me fez descansar enquanto não visse o seu final.
Descobriu os videojogos através do Game Boy mas foi com a PlayStation 2 que percebeu a importância desta arte. Enorme fã de RPGs e jogos de plataformas, acha que o Final Fantasy X é a perfeição em formato jogável.