GRID Legends – “Precisa de afinações, mas chega ao podium”

As corridas da série GRID estão de regresso, agora sobre a alçada da Electronic Arts, que adquiriu o estúdio britânico da Codemasters no ano passado. Liguem os motores e sejam bem-vindos a GRID Legends! 

O novo jogo é uma boa opção para todos os que gostam de jogos de desportos motorizados, mas ainda tem algumas arestas que precisam de ser limadas. O modo campanha é o grande destaque do novo GRID, e confesso que me conquistou por completo. Ao contrário dos jogos anteriores, a Codemasters decidiu dar atenção especial à sua narrativa, e ainda bem que o fez. 

Começando então pelo modo campanha (chamada de Driven to Glory), vamos entrar na equipa Seneca Racing que é liderada por Marcus Ado. A sua equipa é conhecida por colecionar diversas derrotas no maior campeonato de corridas do mundo. Logo no início ficamos também a conhecer o “vilão” do modo campanha, Nathan McKane, que é piloto de uma das equipas mais prestigiadas da competição, a Ravenwest. Ele mostra a sua verdadeira face quando causa um acidente perigosíssimo, simplesmente por pura maldade, e onde jura a pés juntos que não foi intencional. 

Marcus Ado começa então a procurar por substitutos e chega até ao piloto rookie controlado por nós. É aqui que vamos começar a competir pela equipa da Seneca, onde o nosso objetivo é ajudar a equipa a renascer das cinzas e escrever o nosso nome como um dos grandes vencedores no campeonato. 

No papel do piloto 22, vamos embarcar numa grande jornada, e temos a possibilidade de optar por jogar desde o momento em que somos amadores ou então partir direto para o campeonato. Recomendo que escolham jogar a primeira opção, assim acompanham o desenvolvimento do nosso piloto dentro da equipa da Seneca. 

A ideia de utilizar atores reais para fazer cenas live-action é para mim uma aposta ganha, pois ajuda e muito a ficarmos envolvidos em tudo o que está a acontecer. As interpretações dos atores estão bastante boas, e só queremos jogar mais e mais para ver o que vai acontecendo. A trama de GRID Legends está ainda repleta de reviravoltas e “personagens” com personalidades bem peculiares.   Admito que não esperava uma narrativa tão interessante num jogo onde o foco são as corridas. 

Teremos ainda objetivos para cumprir, que por vezes não são complicados, como por exemplo a nossa equipa pedir que fiquemos no podium. Para se avançar na campanha, teremos que cumprir os objetivos, caso contrário preparem-se para fazer tudo novamente.  

GRID Legends é um misto de simulação e arcade, mas a balança pesa mais para a vertente arcade. Se são amantes de simulação, então o novo jogo da Codemasters não vos deve agradar. A parte de simulação de GRID Legends fica-se pelos efeitos de impactos, sistema de colisões e a forma como cada classe de veículos se distinguem umas das outras. Podem ainda nas configurações do jogo escolher algumas opções que tornam o título mais realista e exigente, mas nunca chegará ao nível de um Forza Motorsport por exemplo. 

Por falar em exigente, recomendo que joguem na dificuldade Expert ou Legend, isto claro se querem suar para ganhar, pois mesmo na dificuldade Hard não achei as corridas muito desafiadoras, e acabava por vencer a maior parte delas. 

O já tradicional “rewind” também está presente, assim se por ventura cometerem algum erro durante a corrida podem voltar atrás no tempo. Esta ferramenta torna a experiência de jogo acessível e simples e pode ser usada três vezes por corrida. Eu pessoalmente evito dar uso, porque prefiro ter um toque de realismo durante as corridas.  

Existem mais modos de jogo para além da campanha, como o modo Carreira, contudo achei que deixa um pouco a desejar. Senti pouco convidativa, pois obriga-nos a disputar diversas corridas, de diferentes categorias, para assim desbloquear novas corridas. Isto obriga-nos a jogar com alguns carros que não estamos tão à vontade, impedindo assim de jogarmos nas categorias de veículos que mais gostamos. 

Para além disso, enquanto outros jogos de corridas oferecem carreiras mais robustas, que nos dão uma verdadeira sensação de progressão e recompensa, em GRID Legends senti que estava apenas a cumprir objetivos… que desbloqueavam novas provas é certo, mas pouco interessantes. Não está assim presente a sensação real de recompensa ou de avanço satisfatório. 

Num jogo de corridas, as estrelas são os veículos, e nesse campo o jogo da Codemasters não desilude. O jogo conta com 128 veículos, entre modelos reais e alguns e criados de propósito para o jogo. Se gostam de máquinas como o Ferrari F430 Challenge, ou os já clássicos Alfa Romeo 155 TS e Renault Laguna Touring Car, irão certamente ficar satisfeitos. 

No que toca a classes de veículos, existem nove, que vão desde elétricos, touring cars e até mesmo camiões. Todos eles possuem características distintas e irão precisar de algum tempo para se acostumarem a cada um. Portanto, existem máquinas para todos os gostos! 

O jogo dispõe de vários tipos de câmaras e como gosto de sentir um maior realismo, eu tenho jogado grande parte das vezes na vista dentro do cockpit, e achei o jogo muito mais emocionante e desafiador. Se gostam de “sentir” cada batedela, cada toque, esta é sem dúvida a melhor opção.

GRID Legends possui um estilo de tuning um pouco diferente do habitual. É preciso fazer diversas corridas com os carros e assim acumular quilometragem. Depois de se atingir então a quilometragem desejadas, podemos usar dinheiro das corridas para comprar pontos de habilidade (numa skill tree) como por exemplo um melhor sistema de travagens ou uma melhor aderência em pista molhada.  

Esse conceito aplica-se ainda na nossa equipa. Ao subir de nível, poderemos desbloquear novas aptidões nos diversos membros. Por exemplo o nosso mecânico poderá melhorar pontos essenciais dos carros, enquanto o nosso team mate poderá correr de forma mais segura e habilidosa. 

Outra mecânica já habitual dos jogos GRID é o sistema Nemesis. Isso significa que se por ventura andarmos às “turras” com algum adversário controlado pela I.A, durante toda a corrida ela irá tentar dificultar-nos ainda mais a vida (como por exemplo cortar linhas de ultrapassagem). Fica desde já o aviso que não facilitam mesmo nada! Outro grande pormenor, os nossos adversários podem cometer erros durante as corridas, tal como acontece na vida real. Isto só mostra que a Codemasters tenta trazer mais um pouco de realismo e dinamismo às corridas. 

Para além dos veículos, o jogo também traz uma enorme seleção de circuitos (mais de 130), e vamos visitar locais reais e fictícios. Vamos assim andar a percorrer o globo, e vamos visitar cidades como Yokohama, Londres, Barcelona e Paris.  

Se por ventura quiserem fazer corridas contra outros jogadores, GRID Legends tem também uma componente on-line. Aqui podemos criar eventos com 22 jogadores ou então podemos entrar numa corrida em andamento. Confesso que se não gostei muito da experiência, pois só encontrei jogadores que só queriam levar tudo à frente, não havendo assim grande fair play. A Codemasters deveria inserir um sistema de penalizações, tal como acontece em Gran Turismo Sport. A ver vamos…, mas se assim continuar, não tenciono usar a vertente on-line muitas vezes. 

No que respeita à qualidade gráfica, o jogo é extremamente belo. Isso pode ser constatado nas corridas com o pôr do sol ao fundo ou nas provas com chuva torrencial e trovoada. A quantidade de detalhes, tanto dos carros como dos traçados, tornam o jogo ainda mais imersivo e diria até que é o melhor trabalho do estúdio britânico. 

De relembrar ainda, e se por ventura estão indecisos em comprar o jogo, podem sempre experimentar durante 10 horas o que o jogo tem para oferecer. Isto claro, se tiverem o XBOX Game Pass da Microsoft.