O universo de horror de H.P. Lovecraft tem tido pobres adaptações aos videojogos, será Source of Madness diferente?
Vamos primeiro colocar as cartas na mesa. Sou fã de H.P. Lovecraft e dos seus contos. De insignificantes seres putrefactos na soleira da porta ao despertar do grande Cthulhu, é um universo que me fascina desde que o descobri há mais de 20 anos. A chegada deste jogo foi, portanto, um misto de contentamento com cepticismo.
Num universo tão rico foi com alguma tristeza que percebi que não há grande introdução a Source of Madness. Somos colocados no meio da ação, sem grande contexto, e deparamo-nos com um pequeno tutorial onde percebemos os comandos básicos deste side scroller indie.
Source of Madness é publicitado como um roguelite de ação, embora tenho alguns vislumbres de RPG no que diz respeito a possibilitar a escolha de equipamento, à medida que o recolhemos, assim como uma árvore de evolução. Na qual podemos gastar pontos que colectamos ao matar monstros.
As mecânicas são muito simples, podemos equipar dois anéis que nos possibilitam ter dois tipos de ataque. Estes anéis dão dano elemental (fogo, eletricidade, etc…) ou físico (slash, farpas de bambu, etc..). Podemos também recolher outros artefactos que na verdade se traduz em conjurar seres que ficam imóveis a disparar, dando uma boa vantagem na luta contra os monstros. Há o salto e duplo salto e um interessante dash, que teleporta o nosso personagem alguns metros à frente, ajudando a ultrapassar obstáculos ou a reposicioná-lo em combate. Em termos de inventário, conforme já referi, é-nos possibilitado o recolher de objectos, que equipados, conferem ao jogo um toque de RPG ao aumentar health, defesa ou outras capacidades. É também possível aceder a uma loja onde podemos vender e comprar elementos comuns ou sobrenaturais, mais ajustados ao nosso jogo.
Como um roguelite que se preze, ao morrer perdemos o nosso personagem e somos reenviados para o início onde tomamos controlo de um novo acólito que tenta impedir a “Blood Moon”. Um dos primeiros upgrades que é possível obter é a possibilidade de seleccionar um entre 3, recomeçando a aventura com um que seja mais do nosso agrado.
Mas é nos monstros que Source of Madness começa a mostrar as suas verdadeiras fraquezas. Gerados através de inteligência artificial e sempre diferentes, não passam de uma amalgama de membros e protuberâncias disformes que se contorcem enquanto se encaminham para o nosso personagem, com o intuito único de atacar. Era aqui que o jogo poderia brilhar mas que, na minha opinião, falha miseravelmente. O que poderia ser uma ode aos monstros de pesadelo de Lovecraft não passa de uma reles colagem de peças que mais se assemelha a um mau jogo programado em flash, sem critério, puxando mais para o ridículo do que para o horror.
Os cenários são competentes mas não deixam de se tornar uma repetição de elementos, com poucos recursos à disposição e nunca tirando a sensação de um jogo programado em flash. Source of Madness culmina numa boa ideia, baseada num universo muito rico mas com uma má concretização.
Conclusão:
Source of Madness não é uma experiência que aconselhe. Para os amantes do género roguelite há opções muito mais interessantes. E este foi um jogo que me desiludiu quase imediatamente e para o qual tive de fazer um esforço para avançar, na expectativa vã de que melhorasse.
Começou a jogar num spectrum 48k e desde então tem uma paixão por videojogos, não imagina a sua vida sem jogar. Fã de RPGs, First Person Shooters e jogos Third Person, joga na sua PS5, Xbox Series S, PC e Nintendo Switch.