Um jogo em que somos um golfinho, uma premissa única e deveras fofinha.
Este é um título bastante conhecido na Mega Drive, mas, apesar de ser popular, nunca tinha ouvido propriamente muita coisa boa sobre ele.
“Provavelmente ninguém quis jogar porque é um golfinho”, pensei eu… cambada de insensíveis. Não sei porquê, mas tinha a ideia de que o objectivo do jogo era salvar os camaradas golfinhos da poluição. Não faço mesmo ideia porquê, mas não podia estar mais enganado. Sim leram bem o título, aqui o problema são um grupo de aliens chamado Vortex. Claro, são os anos 90, ninguém se lembrou do ambiente para fazer um jogo de golfinhos. Aliens é muito mais apropriado.
Aparentemente, os Vortex não conseguem produzir comida e então sugam a água do planeta terra de 500 em 500 anos… que cena mais marada. E já pensaram que ou o sistema digestivo deles é muito lento ou entram em hibernação durante centenas de anos ou são bué à frente e têm um sistema de conservação incrível, que no Séc. XXV ainda andam a comer golfinhos do Séc.XX? Sendo que isto é, segundo o jogo, algo habitual, vai na volta ainda têm um ou outro Megalodon lá armazenado só para os festins.
Mas enfim, agora o que interessa é salvar os mares, senão fica tudo seco e depois lá andam elefantes na Islândia outra vez. Há que manter a ordem. Pena é que, para fazermos isto, temos de sofrer bastante e a paciência vai ser levada ao limite. Ecco the Dolphin é um jogo difícil, não pelos controlos serem maus, mas por mau design no geral.
Os princípios básicos são: podemos nadar em 8 direcções; existem áreas mais abertas e áreas com corredores bastante fechados; existem alguns inimigos como alforrecas, tubarões e caranguejos e, para lhes fazermos frente, temos de lhes acertar com o focinho após executarmos um dash com o B (não é nada fácil de o fazer com precisão e estamos constantemente a falhar e a levar dano). No botão A temos um sonar, sendo que este tem duas utilidades: a primeira é interagir com outros animais marinhos e objectos dentro de água; a segunda é, se se ficarmos a carregar no botão, dar-nos informação do mapa ao nosso redor. É uma forma inteligente de ter um mapa, mas o sonar não pode ser utilizado para nos dar informação dos inimigos, o que me parece mal, pois tornaria o jogo muito mais divertido e menos frustrante.
Além disso, temos de apanhar ar de tempo a tempo, caso contrário morremos. Ou seja, ou perdem por levar demasiado dano dos inimigos ou por ficar sem ar. Por vezes, devido aos inimigos, não temos tempo para chegar às bolsas de ar e por outro lado se tentarmos lá chegar depressa perdemos pelo dano. Já disse que é frustrante?
Mas é ainda mais frustrante porque acho que há aqui um jogo muito interessante por trás. Não há propriamente nada deste género e quando estamos numa área aberta, simplesmente dar saltos fora de água e controlar o Ecco a nadar de um lado para o outro é muito satisfatório. Numa nota breve, os gráficos também são bastante aceitáveis e, apesar de inicialmente os níveis serem todos muito iguais, rapidamente passamos para ambientes variados, até chegarmos à nave alienígena.
Se o jogo tivesse sido mais bem pensado e melhor executado, poderíamos ter aqui uma tranquila aventura pelo fundo dos mares. Mas, infelizmente, não. É difícil sem razão e é frustrante, uma pena. Ainda assim, vale muito a pena experimentar, porque é algo completamente diferente e fora da caixa.