Confesso, sou fã de jogos violentos, principalmente daqueles que conseguem misturar perfeitamente horror e galhofa.
Domina, desenvolvido pelo estúdio com o hilariante nome de DolphinBarn, é um desses jogos.
Domina, sendo também um jogo de ação, é no fundo um simulador, onde temos de gerir tempo e recursos. Também temos uma skill tree que nos vai desbloqueando habilidades, upgrades e perks, que nos servirão a nós jogadores, à nossa base, e aos pobres escravos/gladiadores do nosso estábulo. Ah! E temos também um objetivo a cumprir num tempo limite in-game de um ano: conseguir ganhar fama e fortuna suficiente para sermos convidados para um campeonato de gladiadores onde a glória suprema nos espera.
Este é um jogo que não perde grande tempo com explicações e assim que começamos, somos introduzidos de imediato a duas figuras centrais: o Magistrado e o Embaixador. Estas duas figuras são fulcrais ao desenrolar do jogo, quer para o bem que para o mal, já que são eles que agirão como nossos patronos e como organizadores de batalhas com as quais poderemos desenvolver as habilidades dos nossos gladiadores, tornando-os autênticas máquinas de guerra. É claro que havendo esta dualidade, já devem estar a perceber onde o jogo quer chegar e inevitavelmente vamos tendo de escolher lados, seja através de pequenos story beats, seja através de escolhas mais diretas como com quem queremos treinar/lutar ou apoiar numa luta ou batalha. Tendo em conta que o que acontece durante este ano de jogo é aleatório, nenhum playthrough de Domina é exactamente igual, e mesmo que os beats sejam os mesmos, surgem em momentos diferentes, resultando em histórias que vão do mirambolante ao simplesmente parvo, como da vez em que o jogo me atribuiu um estábulo inicial de tal modo incompetente que ao fim de segundos (se não foram segundos bem pareceram) estava a ver o ecrã de Game Over. Mas regressando às mecânicas de jogo, temos também de ter em conta a moral dos nossos gladiadores, a sua força, agilidade, destreza, etc., e este aspeto torna Domina muito similar ao X-Com, no sentido de, às tantas, estarmos tão apegados a alguns dos nossos pequenos gladiadores que já os levamos para a arena com aquele frio no estômago por não termos bem a certeza se foi boa ideia colocar o nosso melhor lutador ainda não totalmente recuperado da última batalha a lutar contra dois tigres.
Falando do combate, podemos controlar os nossos gladiadores manualmente ou deixar que seja a IA a fazê-lo. Sinceramente foram mais os jogos em que deixei que o CPU gerisse as coisas do que controlei pessoalmente os meus gladiadores. Não por qualquer defeito em termos de jogabilidade, mas porque efetivamente me divirto mais se o resultado das batalhas for o mais aleatório quanto possível. Mas sim, por vezes também é bom sermos nós a controlar os nossos gladiadores, principalmente quando as batalhas são mais significativas, já que conseguimos controlar melhor o fluxo da batalha deste modo. Atenção que isto não quer dizer que ganhemos sempre, mas fica mais fácil consegui-lo na maioria dos casos.
Infelizmente também é no campo de batalha que surge o maior problema de Domina, pois a melhor estratégia para se ganhar os combates é fazer uma espécie de all-in num dos nossos gladiadores, pois muitos combates só são possíveis de ganhar caso a força total dos nossos pequenos combatentes seja superior à do ou dos adversários, independentemente do género de gladiador que se trate ou das armas que ele maneje. Existem excepções, mas regra-geral parece ser esta a regra que o jogo segue. Isto faz com que seja pouco benéfico tentar distribuir a força ou o treino de igual modo por todo o estábulo de gladiadores, sendo preferível apostar nos gladiadores mais promissores logo à partida ou, como disse, focar-nos em apenas um. Ora se esse um falece, mais vale fazer logo um restart porque o jogo será virtualmente impossível de ganhar a partir desse momento.
Esta falta de balanceamento torna Domina num jogo que parece ter sido desenhado para ser jogado de uma forma muito rápida e quase intuitiva, mas que nos penaliza se o fizermos. O nível de dificuldade também é um problema, se bem que pequeno quando comparado com esta questão do balanceamento do jogo e das mecânicas em si.
Visualmente, Domina é uma delícia e é interessante ver como é possível transmitir tanto com tão pouco. O sentido de humor é outro aspecto incrivelmente positivo, bem como a qualidade da música e dos efeitos sonoros.
Tenho também de referir que Domina é um jogo que vai evoluindo, uma vez que os programadores da DolphinBarn, são bons ouvintes do seu público e estão constantemente a alterar algumas peças e a lançar novos updates, amplificando o potencial imenso deste jogo… a maior parte das vezes.
Domina é um jogo que parte de um conceito excelente e cuja execução, não sendo totalmente impecável, é perfeita para quem quer passar umas horas a sentir a adrenalina do circo romano.
Domina
Desenvolvido por: DolphinBarn
Publicado por: DolphinBarn
Disponível nas plataformas: PC – Steam
Nasceu num dos melhores anos para nascer, 1980, e cresceu com um enorme desejo de poder jogar nas máquinas de jogos. Cumpriu esse desejo no dia em que finalmente fez 16 anos e pode legalmente entrar em salões de jogos. Infelizmente também descobriu que jogar custava dinheiro e por isso resolveu estudar mais um bocado. Hoje é publicitário e feliz proprietário de uma Super Nintendo. O seu jogo favorito ainda é o Street Fighter II.