Dreamscaper oferece-nos algo novo, aliado a velhos conceitos, mas será isso suficiente para termos um grande jogo?
Jogamos como Cassidy, uma personagem que controlamos em duas realidades. Acordada, onde trava conhecimentos e constrói amizades, que lhe irão conferir habilidades para usar na outra realidade em que se move, a dos sonhos, onde combate pesadelos e encontra desafios e puzzles.
Cassidy sofre de uma profunda depressão e o nosso objectivo é retirá-la desse tormento psicológico, através de novas amizades e combatendo os seus demónios.
Trata-se de um Action RPG com elementos Roguelite e cenários gerados proceduralmente. Navegamos de quadro em quadro, enfrentado inimigos e adquirindo melhor equipamento, até nos defrontarmos com o Boss final de cada nível. Morrer significa acordar e teremos de voltar a passar todos os quadros, sendo que será diferente cada vez que o fizermos.
Realidade acordada
Aqui temos aquela que considero a inovação trazida por Dreamscaper. Nesta realidade, dispomos de algumas horas para visitar algumas partes da zona onde Cassidy vive: cafés, livrarias, etc. É onde conhecemos e vamos construindo amizades com diversos personagens. À medida que a amizade evolui, o mesmo acontece com Cassidy, que vai adquirindo melhores competências para lidar com os seus pesadelos, numa clara alusão à importância dos amigos na nossa auto-estima.
Há também uma secção de crafting, onde construímos presentes que, oferecidos à personagem certa, aumentam exponencialmente o nível da amizade com a nossa personagem.
Realidade Sonho
Aqui é onde se passa toda a ação, após passar uma parte do seu dia a travar amizades, Cassidy tem de ir descansar e, ao cair na cama, começa a aventura.
O quadro inicial é sempre o mesmo. No entanto, temos portais ao nosso dispor, que, ao serem explorados, nos levam a outros quadros completamente diferentes. Alguns são mais realistas, outros mais oníricos, dando-nos sempre a ambiência de um sonho.
Os puzzles são relativamente simples e o verdadeiro sumo de Dreamscaper está no combate.
Mecânicas
É na simplicidade de um combate muito bem desenhado que Dreamscaper se destaca. As mecânicas não são novas, mas estão muito bem implementadas. Estas passam pelo combate corpo-a-corpo (hack and slash), seja com armas ou punhos, ataques à distância e os fantásticos parry e dodge, que, aplicados no timing certo, proporcionam momentos bastante satisfatórios.
Pelo caminho, vamos adquirindo armas e equipamentos diferentes, cujo funcionamento pode ser bastante variado. Temos, por exemplo, no combate à distância, armas tão simples como o arco e flecha ou tão divertidas como um lança-chamas mágico.
Enquanto o combate corpo-a-corpo nos permite ataques ilimitados, para o combate à distância temos de nos regrar, pois as munições são limitadas.
Além de adquirir os nossos upgrades através de combate ou abrir arcas, podemos também comprá-los no quadro da loja.
Cenários
Outra área onde Dreamscaper se destaca são os cenários, extremamente bem executados e com uma ambiência excelente. Seja no mundo real ou no mundo dos sonhos, a sua linguagem gráfica é bastante apelativa e, como todos sabemos, os olhos também comem. Muito pormenorizados e com um notório cuidado na sua execução, os cenários são um dos pontos fortes do jogo.
História
É aqui que creio estar o ponto fraco de Dreamscaper. Temos um fraca introdução à história e pouco mais nos é revelado. Este é o ponto onde mais noto estarmos perante um Early Access.
Conclusão:
Tecnicamente, deparamo-nos com um jogo irrepreensível, com um grafismo e ambientes deslumbrantes e muito bem concebidos. No entanto, Dreamscaper sofre do mesmo mal de muitos jogos em Early Access: parece incompleto e deixa muitas pontas soltas, principalmente ao nível da história e, sobretudo no que toca ao background da personagem. Senti que fui largado num jogo que nada me explicou e sobre o qual tive de ir percebendo o funcionamento por tentativa erro. Esperemos que todas estas arestas sejam limadas quando sair a versão completa, essa sim, prometendo imenso.
Começou a jogar num spectrum 48k e desde então tem uma paixão por videojogos, não imagina a sua vida sem jogar. Fã de RPGs, First Person Shooters e jogos Third Person, joga na sua PS5, Xbox Series S, PC e Nintendo Switch.