Jogos Anuais em 2020 – os casos de PES, FIFA, NBA 2K e WWE 2K

Chegámos aquela altura do ano. Chegámos aquela altura em que “É mais do mesmo!” é a frase que mais se vê em comentários, por essa Internet fora.

É bem sabido que, o ano de 2020, tem sido considerado atípico. É também, do conhecimento geral, que existem jogos que são lançados anualmente e que geram sempre muita polémica, seja pelas poucas novidades que trazem na sua jogabilidade, seja porque há uma constante discussão sobre qual o jogo (de futebol) a escolher este ano, seja, ainda, porque existe uma guerra aberta contra as micro-transações, que se tornaram parte integrante desses jogos. No entanto, a atipicidade do ano corrente não deitou por terra o lançamento de jogos das séries PES, FIFA, NBA 2K e WWE 2K. Mas será que estas séries também foram, de certo modo, afetadas pela pandemia que assola o planeta? Vamos analisar cada uma, individualmente.

WWE 2K

Para mim, esta é uma série que me é muito querida e é aquela na qual eu passo mais horas todos os anos. Acompanho a programação da WWE há cerca de 15 anos e o meu amor por este gigante do wrestling começou, note-se, graças a um videojogo. Foi em 2005 que descobri a WWE (e o wrestling) ,quando experimentei, num evento que estava a decorrer no Porto e sobre o qual a minha memória não me permite fornecer mais detalhes, o jogo WWE Smackdown vs Raw 2006 e a partir daí, tornei-me num fã incondicional não apenas dos programas semanais que a WWE transmite, mas também dos videojogos relacionados com a companhia. A partir de 2011, a série deixou cair o nome Smackdown vs Raw, passando apenas a chamar-se WWE ’12 (e WWE ’13 no ano seguinte) e, em 2013, devido ao fecho de portas do estúdio THQ, a série mudou de mãos, passando a 2K Games a ser a detentora da propriedade, nomeando-a, a partir de 2013, WWE 2K, seguido dos dois últimos algarismos do ano em questão.

Apesar de todas estas mudanças, os jogos da WWE, focados na simulação daquilo que os telespectadores assistem na televisão, foram sendo lançados todos os anos, normalmente, em finais do mês de Outubro. E em 2020? Este ano, assistiu-se a mais um lançamento de um jogo da série WWE 2K. No entanto, este jogo não faz parte da série principal, o que significa, por outras palavras, que este jogo não é o esperado WWE 2K21. A 2K Games optou por lançar o WWE 2K Battlegrounds, um jogo que se desvia bastante da simulação a que os jogadores da série estavam habituados e adota um estilo mais arcade (fazendo lembrar WWE All-Stars, lançado em 2011), com ataques e animações bastante irrealistas, menos Superstars disponíveis para escolha do que o habitual e um maior foco na diversão em conjunto com amigos.

Mas então, o que levou a 2K Games a decidir não lançar o seu habitual simulador de wrestling, o WWE 2K21, este ano? Deveu-se tal decisão aos constrangimentos impostos pela pandemia e, consequentemente, pelo teletrabalho? A melhor resposta a esta questão é: talvez. Muitos sabem do desastre que foi o lançamento do último jogo anual da WWE, o WWE 2K20 (se se estão a questionar, a resposta é sim, eu também joguei muitas horas deste). Foram reportados imensos problemas com o jogo (que deram vídeos hilariantes no Youtube), vários jogadores foram reembolsados e, alguns patches depois, há ainda um número considerável de falhas a registar no jogo. O falhanço do último simulador de wrestling da 2K Games levou a que várias mudanças fossem feitas na equipa que produz o jogo, o estúdio Visual Concepts. Essas mudanças afetaram o desenvolvimento do jogo da série principal que sairia este ano e, sendo um jogo cujo tempo de desenvolvimento não é muito extenso, a 2K Games anunciou, em Abril, que não haveria um WWE 2K21 este ano. Portanto, em relação ao não lançamento de um jogo da série principal WWE 2K este ano, torna-se difícil colocar todas as culpas na pandemia e nas limitações causadas pelo teletrabalho, pois os problemas já vinham de 2019 e, no máximo, só se agravaram com a chegada de 2020.

NBA 2K

Mais um série da 2K Games. Confesso que não sou um veterano em jogos de NBA, muito pelo contrário. O jogo desta série com o qual passei mais horas foi mesmo o NBA 2K20, simplesmente porque, para alguém que, apesar de não ser um espectador assíduo de jogos da NBA, mas que, ainda assim, fica sempre de olhos esbugalhados ao ver um grande afundanço, não consegui resistir ao preço de €2,99 a que o jogo esteve à venda, no mês de Maio. Joguei-o na Switch e passei umas boas 20 horas com o jogo e fiquei contente por ver que o jogo se encontrava “inteiro” na Switch, o que não acontece com o FIFA que, mesmo antes de ser reduzido a Legacy Edition na consola da Nintendo, nunca teve o mesmo conteúdo que as outras plataformas tiveram, nomeadamente, o modo Journey. Este ano foi lançada mais uma entrada na série NBA 2K, o NBA 2K21 e aqui o fantasma do “mais do mesmo” surge. Para além de uma nova história para o Modo My Career, alguns melhoramentos na Inteligência Artificial e um novo medidor de lançamento (“shot bar“), o novo jogo deste ano pouco se diferencia do velho jogo do ano passado. As poucas inovações, só por si, já são bastante criticáveis, mas a isso junta-se o grande fator que leva a comunidade a explodir de raiva. Falo, pois, do preço. Os jogadores habituaram-se a olhar de lado para os lançamentos anuais, não apenas pelas poucas inovações que trazem, mas porque o preço também não inova. E ainda há a questão das micro-transações, que é vista como uma falta de vergonha por parte do estúdio, visto que, em vez de as tentar esconder para passar o mais despercebido possível, faz exatamente o oposto e não perde uma oportunidade para lembrar a quem usufrui do jogo que, pode sempre gastar mais uma pequena quantia.

NBA 2K21 na nova geração

O que há de curioso este ano com a série NBA 2K é que, poderemos ter a versão não inovadora e a versão inovadora, uma vez que, o jogo mais recente da série irá ser lançado também para a nova geração de consolas. Será que a 2K Games decidiu apenas poupar esforços com a versão da atual geração e focar-se mais na versão para Playstation 5 e Xbox Series S/X, de forma a entregar algo mais inovador? Só em Novembro é que se poderá chegar a uma conclusão.

PES

Provavelmente a série que encarou a expressão “mais do mesmo” não como um insulto, mas como uma estratégia a adotar em seu favor. Os lançamentos anuais de PES e FIFA (principalmente do último) são vistos pela maioria da comunidade como meras atualizações: de equipamentos, de jogadores, de equipas que subiram ou desceram de divisão. Surgiram, no mês de Julho, rumores de que a Konami estaria a ponderar lançar o novo PES 2021 não como um jogo de preço “inteiro” (€59,99), mas sim, como uma (verdadeira) atualização e a um preço reduzido (€29,99). O rumor confirmou-se e, recentemente, foi lançado o jogo anual de futebol da Konami ao qual, no seu título, foram adicionadas apenas duas palavras, mas cujo significado é enorme: Season Update. Esta estratégia da Konami recebeu muitos elogios por parte dos jogadores, que ficaram satisfeitos por ver um estúdio reconhecer que não tinha muito mais para oferecer para além de uns pequenos ajustes na jogabilidade e, claro, a já mencionada atualização de equipamentos, jogadores e equipas.

Com esta decisão, a Konami trouxe uma lufada de ar fresco para o mundo dos lançamentos anuais e, apesar de esta decisão ter sido claramente influenciada pelo contexto pandémico em que o mundo se encontra, quem sabe se não veremos mais decisões deste género no futuro. O que é certo é que, o estúdio japonês teve uma ótima visão de jogo e pode agora concentrar-se a 100%, na próxima entrada da série PES, que será também, a sua primeira entrada na nova geração de consolas.

FIFA

Por fim, chegou a altura de falar de FIFA. Muitos jogadores desenvolveram um ódio de estimação à série de jogos de futebol da EA Sports. Uma parte desse ódio deve-se ao facto de, com cada lançamento, os jogadores considerarem que estão a jogar exatamente o mesmo jogo do ano anterior, com exceção para as alterações ocorridas durante o mercado de transferências e para os novos equipamentos. Este ano, a EA Sports volta a entrar em campo com o novo FIFA 21 e apesar de terem sido lançados trailers que mostram algumas novidades do lançamento deste ano, como, por exemplo, novas celebrações de golo, controlo manual sobre as movimentações sem bola, animações de colisão entre os jogadores mais realistas e a possibilidade de jogar em Co-op, ainda assim, muitos jogadores não se mostraram convencidos de que o jogo deste ano traga algo de substancialmente diferente e que valha o preço que é pedido.

Tal como a 2K Games irá fazer com o NBA 2K21, a EA Sports irá lançar o seu novo jogo também para a nova geração de consolas. No entanto, ao contrário do que fez a 2K, que mostrou um pequeno teaser do NBA 2K21 para a nova geração, em Junho, a EA ainda nada mostrou sobre as versões de FIFA 21 para a PS5 e Xbox Series S/X. Resta aguardar para saber se será “mais do mesmo” nas novas consolas ou algo mais do que uma mera atualização. Resta o conforto de saber que, quem comprar a versão para geração actual, terá o upgrade gratuito para a nova geração.