Em Green Hell é raro não haver algo a tentar acabar com a nossa vida, seja uma tribo indígena, seja a própria floresta ou até a nossa própria mente. E é fixe. Caramba, é mesmo fixe.
A história é saída de um daqueles filmes de ação de domingo à tarde, mas está muito bem construída e apresentada. Jogamos como Jack Higgins, um investigador que, juntamente com a sua esposa, se aventurou pela selva amazónica e descobriu uma estranha tribo onde a doença parece não existir. Azar dos azares, após o regresso a casa, a mulher de Jack é diagnosticada com cancro e, misteriosamente, uma companhia farmacêutica que tem vindo a acompanhar as investigações do casal propõe que ambos se aventurem novamente na selva.
A partir daqui dá tudo ainda mais para o torto. A esposa de Jack rapidamente desaparece, descobrimos que a tribo se dividiu, havendo agora duas fações em luta, uma delas nada mas mesmo nada amigável e como se isto não bastasse, estamos no meio da selva. E isto é apenas o tutorial, onde aprendemos as mecânicas básicas deste jogo de sobrevivência.
Por falar em mecânicas, Green Hell tem mesmo muito que se lhe diga. O jogo é muito mais complexo do que aparenta inicialmente, havendo um longo período de aprendizagem até nos sentirmos totalmente confortáveis na pele de Jack. Além disso é também incrivelmente exigente com o jogador, pedindo não só que façamos a gestão dos recursos materiais e nutricionais, mas também do bem-estar físico que é constantemente afetado pelo ambiente. Tudo isto para podermos fazer a gestão eficaz da mecânica mais original deste jogo: a sanidade de Jack (e a nossa).
A sanidade mental de Jack está constantemente em jogo e é obrigatório cuidarmos dele e, consequentemente, dela. Isto se não queremos acabar completamente loucos e em posição fetal no meio da selva. Para o fazer temos de dar atenção às vozes que vamos ouvindo que mais não são do que uma projeção do nosso estado atual. Estas vozes podem dar lugar a alucinações que, neste caso, podem matar. Portanto, dormir, comer decentemente e ter uma fonte de aquecimento são formas essenciais de preservarmos a nossa sanidade mental.
Como não podia deixar de ser, passamos grande parte do nosso tempo a explorar, tentando avançar a narrativa (e sobreviver), mas também a criar novos elementos a partir de materiais que vamos encontrando. Posso afirmar que o sistema de crafting, se bem que bem implementado, acaba por funcionar mais por tentativa e erro, não havendo muitas vezes grande lógica na ligação dos elementos/materiais, mas basta uma pesquisa rápida no Lord Google e tudo se resolve.
Podemos também construir estruturas essenciais logo à partida e à medida que vamos avançando, temos acesso a plantas de novas e mais complexas estruturas. Um conselho de amigo: comecem pelas camas e durmam. Dormir é mesmo o melhor remédio neste inferno. Já o mapa é imenso e quando achamos que já vimos tudo, toda uma nova secção se abre dando-nos novos motivos para explorar e querer descobrir todos os segredos que se escondem na misteriosa selva.
Em Green Hell, temos essencialmente dois modos de jogo: o modo história, onde jogamos a solo ou em co-op e o modo survival, feito para desafiar grupos de amigos. Muito honestamente, se vão ou querem mesmo jogar com amigos, optem logo pelo modo survival. O modo história é sem dúvida mais rico se o experienciarem a solo, mais pela questão da dificuldade de aprender as mecânicas que, se a solo já é complicada, com outra pessoa igualmente atrapalhada é o caminho certo para a frustração
Conclusão:
Green Hell é um jogo complexo mas fascinante, O modo história é cativante e supreendentemente profundo. Já o modo multiplayer foi claramente pensando quase como um party game, possibilitando a 4 amigos viver uma aventura de sobrevivência na selva, com um mapa vasto e perigos à espreita a cada momento. Quem procura um jogo de sobrevivência um pouco mais polido que muitos free-to-play que existem por aí, Green Hell é uma excelente opção.
Green Hell está disponível para PC, PS4, Xbox One e Nintendo Switch.
Nasceu num dos melhores anos para nascer, 1980, e cresceu com um enorme desejo de poder jogar nas máquinas de jogos. Cumpriu esse desejo no dia em que finalmente fez 16 anos e pode legalmente entrar em salões de jogos. Infelizmente também descobriu que jogar custava dinheiro e por isso resolveu estudar mais um bocado. Hoje é publicitário e feliz proprietário de uma Super Nintendo. O seu jogo favorito ainda é o Street Fighter II.