Se estão a pensar que Space Crew se parece muitissímo com o FTL, deixem que vos diga que, não estando completamente enganados, também não estão totalmente certos.
Sim, há algumas semelhanças entre os dois jogos: temos o medidor de potência do reactor, temos incêndios para extinguir, estamos no espaço e temos uma tripulação para gerir, mas a experiência de jogar os dois jogos não podia ser mais diferente.
Isto porque ao contrário de FTL, em Space Crew temos sempre dois sistemas em jogo uma vez que toda a mecânica que lida com as missões gira à volta de uma hub central, na qual podemos podemos fazer upgrades tanto à nossa nave como à nossa tripulação, ao seu equipamento ou às suas aptidões. E é esta passagem de momentos de pura adrenalina em que tudo pode acontecer, a momentos calmos em que podemos relaxar um pouco e pensar no que fazer que fazem de Space Crew uma experiência distinta de FTL.
Para mim, jogar Space Crew é um bocado como tocar um instrumento musical. Quando estamos “na zona” e está tudo a fluir, a experiência é fantástica, mas subitamente com uma nota errada, ou apenas com o deixar de estar “na zona” e pensar demasiado no que estamos a fazer, tudo desaba como um castelo de cartas no meio de uma tempestade. Portanto, o que esta sensação tem de bom, em Space Crew é óptimo e o que tem de mau em Space Crew é péssimo.
A forma como o jogo lida com a morte também é um ponto fascinante, já que temos a opção de criar autocolantes especiais para a nossa nave e nada nos impede de criar verdadeiras homenagens aos nossos camaradas caídos em combate (ou apenas mortos devido à nossa estupidez).
É por isso uma verdadeira pena que não possamos utilizar esta mecânica para criar ou modificar elementos do jogo como uniformes ou alterar as caras dos personagens.
Mas este é um problema menor quando comparado com a falta de liberdade que o jogo nos oferece. Sim, temos à nossa disposição uma série de upgrades que podemos efectuar e podemos ganhar pontos de pesquisa o que por sua vez desbloqueia novas opções de coisas que podemos comprar. Mas não podemos escolher o que queremos pesquisar ou o que queremos desbloquear, por exemplo. Esta falta de liberdade de escolha torna o que poderia ser uma experiência tensa numa experiência bastante linear e sem grandes dramas. E sim, podemos escolher uma série de especializações para cada elemento da nossa tripulação, mas a verdade é que rapidamente percebemos que há uma forma de optimizar o jogo de forma a não perder e para o fazer há que sacrificar algumas escolhas que poderiam ser mais divertidas, mas que, em última instância, não nos beneficiam em termos de progresso no jogo.
Conclusão:
Space Crew é um bom jogo de estratégia, com mecânicas interessantes e recomendo-o sem problemas, mas a verdade é que não está ao nível de outros jogos bastante idênticos que, ao contrário deste, não conseguimos largar.
Nasceu num dos melhores anos para nascer, 1980, e cresceu com um enorme desejo de poder jogar nas máquinas de jogos. Cumpriu esse desejo no dia em que finalmente fez 16 anos e pode legalmente entrar em salões de jogos. Infelizmente também descobriu que jogar custava dinheiro e por isso resolveu estudar mais um bocado. Hoje é publicitário e feliz proprietário de uma Super Nintendo. O seu jogo favorito ainda é o Street Fighter II.