Assumido fã de visual novels foi com expectativa que explorei um jogo com a misteriosa premissa de descobrir quem é o inimigo entre nós… não contava era que fosse tantas vezes!
Lançado em Junho de 2019, Gnosia juntou-se ao vastíssimo catálogo de jogos que existem na Nintendo Eshop (o jogo é para a Switch) e que passarão despercebidos à grande maioria dos jogadores que, naturalmente, procuram os produtos que tenham um mínimo de marketing envolvido na sua divulgação.
Trata-se de uma aventura gráfica, pelo que não se conte com uma jogabilidade diversificada. O ponto de partida, que se percebe logo nos primeiros minutos, é um dos elementos da tripulação da nave em que decorre a acção não ser humano, mas sim um\uma gnosia. Qual é o problema? Este ser que consegue transmutar-se e ser igual ao seu hospedeiro, pretende eliminar todos os membros, incluindo… nós (o jogador).
De forma a ser possível identificar quem mente e procura escapar incólume ao destino reservado aos gnosia que estiverem na nave (ser colocado num cold sleep), podemos alocar pontos em várias características, como o carisma ou a intuição, por exemplo, para que seja tanto mais fácil perceber quem nos tenta enganar, como para sermos nós a conseguir esse intento. É que o\a gnosia até pode ser nós!
À medida que o jogo vai avançando, serão acrescentados mais membros à tripulação, uns mais excêntricos que outros, sendo que o elenco é bastante heterogéneo, com crianças e aliens à mistura, além de surgirem funções como engenheiro (que tem acesso aos vídeos da nave e pode confirmar quem é gnosia ou não) e médico (que confirma, após alguém ter sido colocado em cold sleep, se era humano ou gnosia), mas não se pense que torna a vida mais fácil só por si, porque quem for gnosia pode dizer que é o engenheiro, por exemplo, e não é de todo evidente se diz ou não a verdade.
Se nós, o jogador, podemos ser gnosia, também podemos ser nós quem esse inimigo decide eliminar, pois, após cada “novo dia” no jogo, alguém é atacado, sendo importante não dar muito nas vistas para que não nos tornemos um alvo, ao mesmo tempo que vamos duvidando de uns e defendendo outros, para que não sejam injustamente colocados a dormir. Isso (já agora) também pode acontecer connosco se os restantes elementos considerarem que o “papão” somos nós, mesmo que não seja verdade.
Se tudo isto parece realmente uma premissa interessante e convidativa a uma trama envolta em suspense, a verdade é que me desiludiu imenso. O jogo não é corrido, funcionando em loop. Literalmente.
A inteligência artificial da nave requer que cada passageiro vá para o seu quarto a determinada altura. Após ser permitido circular novamente, alguém desapareceu, soando o alarme da existência de gnosia a bordo, desembocando em conversas mais ou menos longas (vão sendo cada vez mais morosas) finalizando numa votação sobre quem será posto a dormir. Após serem eliminados o ou os gnosia, os humanos “vencem”, voltando tudo ao início, alterando o papel de quem é quem, porque quem era gnosia na ronda anterior, provavelmente não será na seguinte. Caso todos os humanos sejam colocados em cold sleep, o resultado é inverso, mas nada muda, sucedendo-se uma nova ronda e assim sucessivamente até ao jogo ter um final que, após tanto loop me surgiu como um alívio.
Conclusão:
Tudo dito, não posso recomendar Gnosia, realçando, naturalmente, que é uma avaliação subjectiva. O grande sucesso de Among Us pode fazer com que o modelo aplicado aqui seja tentador, mas para uma visual novel fiquei claramente entediado e nem com as várias funções atribuídas a cada um, em cada loop, a dinâmica se altera substancialmente. Após duas ou três rondas, já se viu tudo o que havia para ver.
O meu primeiro contacto com os videojogos aconteceu por altura do meu 8º aniversário, quando recebi de prenda uma SEGA Mega Drive, ficando “agarrado” a jogos como “The Revenge of Shinobi” ou “Streets of Rage 3“. Anos mais tarde, tive a possibilidade de experimentar a primeira PlayStation, juntamente com o original “Spyro the Dragon”, jogando a todas as consolas da Sony desde essa altura (caseiras e portáteis). Nenhum jogo, até hoje, me marcou mais do que o Final Fantasy X, mas creio que o que mais horas joguei foi o PES 5, também na PS2. Adoro jogos de ação na 3ª pessoa, visual novels e RPG’s no geral (para indicar alguns géneros), mas tenho um fraquinho particular por turn-based JRPG.