Explorar um bunker alemão abandonado… numa realidade alternativa em que a Alemanha não perdeu a guerra em 1945? Sabia que tinha de jogar Paradise Lost!
Este foi o meu primeiro pensamento quando, pela primeira vez, ouvi falar sobre o jogo e confesso que fiquei bastante expectante.
Paradise Lost foi desenvolvido pela Polyamorous Games com o apoio da All in! Games.
Em Paradise Lost vestimos a pele de um rapaz de 12 anos, que vagueia um mundo pós apocalíptico no qual a Alemanha não perdeu a guerra. Não sabendo bem porquê, começamos o jogo ao entrar no bunker gelado e escuro. Aí, o nosso primeiro objectivo é acender as luzes. Um isqueiro é tudo o que temos para nos iluminar o caminho e, aqui, surge o primeiro de uma série de flashbacks que nos irão dar contexto à vida deste rapaz. O objectivo é rapidamente atingido e, agora com luz, podemos começar a explorar devidamente o espaço.
E é aqui que surge o primeiro ponto negativo, a lentidão. A movimentação do nosso personagem é lenta e sofrível, não há possibilidade de correr e na maior parte das vezes senti-me como num slow walking simulator, em que tudo parece distante.
Embora conceda que a ideia seja simular o estar na pele de um rapaz de 12 anos, no meio de um espaço desconhecido e assustador, a concretização desde logo me pareceu aquém. Damos por nós a usar escadas, corredores e elevadores, em que percebemos a escala das coisas em relação à idade da nossa personagem mas, posteriormente e de forma nada ágil, subimos escadas de acesso a um comboio como uma criança de 6 anos pois tudo parece enorme.
A trama passa por chegar ao nível 4 do bunker, sendo que iniciamos o percurso no 1, onde uma foto da mãe do nosso personagem foi tirada. Esta foto mostra-a na companhia de um homem desconhecido e tem como pano de fundo o selo que assinala o piso 04, nosso destino.
Para um jogo que se apresenta como um First Person Puzzle, a parte do puzzle deixa muito a desejar. A história mais parece uma narrativa interativa e não senti mínima dificuldade e navegar no cenário ou alcançar objectivos. Com o simples pressionar de botões chegamos onde queremos. Adicionalmente, para um espaço que se mostra tão amplo (afinal de contas estamos no interior de uma montanha oca), com galerias gigantes e cuja movimentação nesse mesmo espaço mais parece um labirinto onde a exploração nos é vedada e somos obrigados a seguir por cominhos já definidos.
A nível gráfico Paradise Lost usa o Unreal Engine 4 mas diria que está muito aquém das capacidades deste. Desde texturas demasiado lisas a geometria demasiado simplificada diria que falha redondamente na parte da imersão, em grande parte por causa de um fraco uso das capacidades de iluminação do UE4, falhando na atmosfera.
As minhas expectativas eram relativamente altas, embora Paradise Lost tenha sido elaborado por um pequeno estúdio indie, isto não significa imediatamente que a qualidade seja menor, apenas que o grupo de trabalho não tem a mesma capacidade de grandes estúdios. No entanto o que me levou a esperar tanto do jogo foi o incrível trailer cinemático lançado na Gamescom 2020.
Conclusão:
Paradise Lost transmite a constante sensação de que foi uma boa ideia com uma concepção falhada. É uma sensação que ao longo da trama se vai tornando cada vez mais forte, juntado isto a várias falhas técnicas e ao nível das mecânicas de jogo, ficamos com um produto final muito inferior ao esperado.
Começou a jogar num spectrum 48k e desde então tem uma paixão por videojogos, não imagina a sua vida sem jogar. Fã de RPGs, First Person Shooters e jogos Third Person, joga na sua PS5, Xbox Series S, PC e Nintendo Switch.