Valheim – O hype é real

Valheim. Aqui está um nome que desde há uns meses valentes está na boca do mundo. E mesmo que ainda em early access, mas contando já com mais de 4 milhões de cópias vendidas, bons motivos para esse fenómeno abundam.

Para começar, e se ainda precisam de introdução a este magnífico jogo, imaginem tudo aquilo que faz com que o Minecraft seja altamente viciante e apliquem-no a um jogo feito para crianças de todas as idades, que vai beber às aventuras épicas da cultura Nórdica e juntem-lhe uma história que, por muito micro que seja neste momento, chega perfeitamente para termos uma aventura com principio, meio e fim… se assim o desejarmos. Isto porque podemos ficar horas e horas e horas no chamado grind sem que o jogo pareça aborrecido de forma alguma. Claro que ao não avançarmos na história, também tornamos bem mais complicada a perspectiva de poder ter acesso a outros tipos de materiais que depois iremos usar nas nossas armas, vestuário e construção. 

Na verdade Valheim oferece-nos uma mistura orgânica perfeita entre elementos RPG com um mundo gigantesco que podemos explorar, mais ou menos, à vontade.

Valheim

Mas vamos começar pelo princípio: a história. Aqui jogamos como a reencarnação de um guerreiro a quem Odin pediu (leia-se “exigiu”) que livre Valheim de diversas terríveis bestas. Tão terríveis de facto que nem os deuses se atrevem a aceitar esse desafio. A partir de aqui somos encorajados a ir descobrindo por nós mesmos as diversas mecânicas que o mundo nos oferece: lutar, criar, construir, evoluir, descobrir.

O interessante, ou mais uma coisa que é interessante, é que a nossa evolução é feita sempre às custas do ambiente do jogo, o que me fez lembrar bastante a lógica presente em Shadow of the Colossus, um dos meus jogos favoritos de todos os tempos. Isto porque cada uma destas bestas monstruosa está ligada ao seu território próprio, ao seu bioma específico, que deveremos conquistar, tendo os materiais e ferramentas certos, antes de os derrotar. E mesmo depois de termos derrotado os monstros, teremos sempre de lidar não só com as características dos biomas, como com as consequências dos nossos actos que se manifestam no próprio mundo. Além disto, como já referi, ao longo do jogo, derrotar estes monstros é muitas vezes fundamental, não só para progredir na história, como para conseguirmos ter acesso a ferramentas específicas que nos irão ajudar a progredir. Uma autêntica pescadinha de rabo na boca que cria um sistema de causas e efeitos e um loop que é incrivelmente agradável.

Muito deste loop tão satisfatório é ajudado pela atenção ao detalhe presente no mundo de Valheim – a necessidade de pensarmos em criar um sistema de exaustão de fumos se não quisermos falecer por envenenamento, ou sermos facilmente detetados pelos animais devido à direção do vento, são apenas dois excelentes exemplos.

E se ao lerem isto pensarem que Valheim é demasiado complicado, podem ficar descansados. Todas as mecânicas em Valheim são na verdade super simples de entender e de executar. E o facto do jogo correr de forma soberba mesmo em máquinas menos actuais, não só é um enorme bónus, como ajuda a que tudo flua perfeitamente dentro do jogo sem qualquer detrimento da riqueza visual ou da experiência auditiva.

Sei que este comentário já vai longo, mas não posso deixar de falar sobre a comunidade que entretanto cresceu à volta de Valheim. É surpreendentemente fácil criar jogos multi-jogador dentro do jogo e entretanto encontrar locais onde arranjar servidores específicos para jogar Valheim tornou-se mais simples do que nunca. Também aqui, mais uma vez, a mecânica do jogo ajuda e simplifica todo o processo de interação entre jogadores, sendo simples, fácil e rápido conseguirmos organizar uma equipa, atribuir tarefas e partir em busca de tesouros escondidos no mundo ou simplesmente ir destruir monstros. É claro que quantas mais pessoas tivermos ao nosso lado, maior será a dificuldade do jogo, mas melhores serão também as recompensas que iremos conseguir da nossa sessão em conjunto. 

Conclusão:

Valheim é daqueles jogos que surgem de vez em quando e que tão depressa podem passar despercebidos, como podem explodir. Felizmente Valheim explodiu da melhor maneira possível e a pequena equipa responsável por ele está a saber como o levar na melhor direção possível. Se estivéssemos num certo programa televisivo, Valheim era indubitavelmente botão dourado .