Masters of the Universe – Revelation – “Bem-vindos a Eternia”

A Netflix volta a ter no seu catalogo mais uma animação de qualidade. Temos desse lado fãs de Masters of the Universe?

Estávamos em 1983 quando era lançada a animação de culto, He-Man and the Masters of the Universe, que ao longos dos seus 130 episódios, mostrava as aventuras de He-Man e os seus aliados Orko, Man-At-Arms, Teela e The Sorceress, que defendiam o planeta Eternia e o castelo Greyskull (fonte do poder de He-Man) de ser conquistada por Skeletor, que procurava assim dominar não só Eternia mas também todo o universo. 

Agora, volvidos 38 anos, chega à Netflix, Masters of the Universe – Revelation, que em prática dá continuação aos eventos da animação original, tanto que me atrevo a dizer que esta nova animação é mais vocacionada para quem acompanhou nos anos 80 as aventuras de He-Man e companhia do que para uma audiência de uma geração mais nova. 

Contudo a animação foi bem planeada por Kevin Smith, que logo no 1º episódio desta nova animação conclui os eventos de há 38 anos atrás, onde vemos Skeletor e as suas forças a investir com tudo o que têm na tentativa de conquistar o castelo Greyskull. Uma intensa batalha entre He-Man e os seus fiéis aliados é travada e a partir daqui toda uma nova aventura se vai desenrolar. 

E é a partir desse momento que se começa a perceber porque a animação se chama Masters of the Universe, deixando assim o nome He-Man de lado.  Apesar de He-Man continuar a ser o fio condutor da trama, o foco da história de Masters of the Universe – Revelation está nos restantes heróis, que sempre existiram apenas para auxiliar He-Man e nunca tiveram um desenvolvimento decente. 

he-man!

Ao longos dos 5 episódios da parte 1, o destaque é dado aos aliados de He-Man, mas também aos vilões, que também tem uma história bem desenvolvida por Kevin Smith. 

A heroína Teela é um bom exemplo do rumo desta animação da Netflix. Sempre relegada ao papel de aliada, aqui ela assume o protagonismo com direito a uma mudança radical de personalidade. Sem entrar em grandes spoilers, ela descobre que é a única pessoa dos heróis de Eternia que não sabia que o príncipe Adam era o poderoso He-Man e, por isso, abandona sua vida na corte real e passa a trabalhar como mercenária.  

É aqui que Masters of the Universe – Revelation brilha. Durante os 5 episódios, a história cria situações que permitem que cada uma das personagens clássicas veja a sua trama aprofundada e vá evoluindo. Temos o exemplo de Orko, frustrado por não ser nada daquilo que todos esperavam e ainda a vilã Evil-Lyn, que aqui encontrou espaço para ser trabalhada e ganhar novas facetas, sobretudo em relação às suas verdadeiras motivações e no porquê de sempre estar sempre próxima de Skeletor.  

Tenho que dar mérito a Kevin Smith (que assumiu a criação, produção e guião da animação) que conhece bem demais o universo dos heróis de Eternia, seja da série clássica dos anos 80, dos imensos brinquedos que existem e dos comic books. Ele consegue pegar no que há de melhor de cada um desses formatos e trazer para esta nova animação, tudo isto para fazer com que Eternia seja um local interessante e repleto de mistérios. 

skeletor

E isso aparece de várias formas ao longo dos episódios, seja nas revelações dos segredos do castelo Greyskull e sua relação com a magia do universo ou até mesmo surgimento de uma seita tecnológica que aproveitou muito bem diversos vilões bem conhecidos da série clássica, como Trap Jaw e Tri-Klops. 

Outro pormenor digno de ser mencionado é o visual extravagante de Masters of the Universe – Revelation. Embora o design de personagens preste homenagem às cores e exageros do que era visto em He-Man and the Masters of the Universe, a animação assinada pela Powerhouse Animation Studios é cinco estrelas, e não poupa em movimentação, profundidade e até usa elementos em 3D para “aumentar” tudo o que tem de ser visto com grande esplendor pelo espectador, isto sempre aliado a um 2D também com muita qualidade.  

Kevin Smith também não quis poupar na qualidade sonora, que em dados momentos mais parece que estamos a ver um filme épico no cinema. Há que ainda mencionar a excelente prestação de Mark Hamill (o eterno Luke Skywalker) como Skeletor, que realmente transmitiu o carisma excêntrico e maléfico que sempre o caracterizou.  

masters of the universe

Masters of the Universe – Revelation revelou ser uma grande surpresa para mim, principalmente ao expandir as suas muitas personagens, bem como o universo de Eternia. É percetível que todos os envolvidos na produção desta nova animação são apaixonados por este universo e cada história é como uma carta de amor à animação original, respeitando tudo aquilo que foi criado há 38 anos atrás e os fãs conhecem, contudo sem medo de ousar e ir ainda mais além do que era esperado.