Todos os anos, em Setembro, Lisboa torna-se o epicentro do cinema de terror. O Motelx teve este ano a sua 15ª edição, e não decepcionou!
Sou fã de terror em todas as suas formas – livros, videojogos, filmes… É algo que mexe comigo. Recentemente, o Motelx – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa tornou-se a minha tradição anual. Sei que há uma semana em Setembro que não vou dormir em condições (mais por causa dos horários do que pelo terror em si), mas tenho sempre muito de que falar.
A primeira edição do Motelx foi há 15 anos, mas eu só me envolvi nesta festa do terror na sua 13ª edição – já é portanto a 3ª vez que faço a peregrinação ao Cinema São Jorge, mesmo no meio da Avenida da Liberdade, e todos os anos saio de lá com um sorriso na cara.
Os grandes destaques são sempre a sessão de abertura e encerramento. No dia 7 de Setembro o festival arrancou com a exibição do o filme The Green Knight de David Lowery, e a sessão de encerramento contou com o thriller sobrenatural The Night House, de David Bruckner. Previamente houve sessões de Warm-Up, com sessões de cinema ao ar livre e a performance de Rapsodo, uma noite de storytelling e música.
A edição deste ano foi a segunda em modo pandemia, mas ainda se consegue ter uma boa experiência. Com mais de 70 filmes em exibição, em várias categorias, é difícil não haver algo que nos chame.
Não podendo assistir a todos, optei por adquirir o pack de 5 filmes diretamente na bilheteira do São Jorge (sai sempre mais barato) e pela sessão de encerramento, onde sabia que veria o recap desta edição, assim como a curta vencedora.
Dos seis filmes que vi (The Beta Test, The Maid, Run, Gaia, The Deep House e The Night House), o meu maior aplauso vai para Run de Aneesh Chaganty, protagonizado pela fantástica Sarah Paulson – que já é um nome da casa no terror, nomeadamente devido às suas excelentes participações em várias temporadas de American Horror Story. Run é um filme sobre o amor psicótico entre uma mãe e a sua filha que padece de várias condições que limitam a sua vida, e durante 90 minutos deixou-me completamente colada ao ecrã.
A minha menção honrosa segue para The Deep House de Alexandre Bustillo, uma história sobre uma casa assombrada… debaixo de água. Grande parte do filme passa-se dentro de uma casa, dentro de um lago, com a ameaça iminente de entidades sobrenaturais e, claro, a falta de oxigénio. The Night House foi também uma experiência interessante, maioritariamente porque nos leva a questionar se o terror que vemos no ecrã é sobrenatural ou psicológico – lida com a perda de um ente querido e a vida secreta que o mesmo levava.
Este ano houve também a secção Fúria Assassina: Mulheres Serial Killer, um conjunto de seis filmes que pretende descontruir esterótipos. Entre eles, dou destaque para o brutal Monster de Patty Jenkins (que já tinha visto previamente, com uma performance excepcional da irreconhecível Charlize Theron, que lhe valeu um Óscar em 2004), que conta a história de Aileen Wuornos, considerada a primeira mulher serial killer dos Estados Unidos.
A secção Lobo Mau acaba também por ser bastante interessante, tendo em conta que é uma seleção de filmes adequados para crianças, que lidam com certos aspetos que podem evoluir para o terror – como Spirited Away de Hayao Miyazaki.
Não seria um festival de cinema sem prémios, e na sessão de encerramento conhecemos os vencedores. Para o Prémio Méliès d’Argent – Melhor Longa Europeia 2021, o grande vencedor foi The Feast, de Lee Hoven James: um filme inspirado no folclore gaélico com uma componenete de urgência ambiental. O Prémio Motelx – Melhor Curta Portuguesa de Terror 2021 foi atribuído a Luís Costa pela curta O Nosso Reino, que demonstra o primeiro contacto com a morte e como uma criança lida com isso. O júri ficou tão impressionado que a mesma recebeu também o Prémio Méliès d’Argent – Melhor Curta Europeia 2021. Finalmente, o Prémio do Público foi atribuído ao Francês Oranges Sanguines de Jean-Christophe Meuriss.
Na realidade, o Motelx tem tanto, mas tanto para oferecer que a melhor maneira de saber sobre ele, é mesmo participar. A 16ª edição já tem data marcada, de 6 a 12 de Setembro de 2022.
Com 5 anos meteu as mãos numa cópia de Tomb Raider II e a partir daí o encanto pelos videojogos só aumentou. Joga maioritariamente RPGs, acção/aventura e terror, tendo um carinho especial por jogos “Choose your own Adventure”. Fangirl da Sony, mas quando ninguém está a ver vai jogando no computador.