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Back 4 Blood – “Bem-vindos ao apocalipse zombie!”

A Turtle Rock Studios traz até nós o muito aguardado Back 4 Blood! Será que este verdadeiro apocalipse zombie convence? Lets find out! 

Se este jogo vos faz lembrar em muitos aspetos o mítico Left 4 Dead, não é mera coincidência, pois o estúdio de produção é exatamente o mesmo. Apesar de hoje em dia a “fórmula” de sobrevivência cooperativa que fizeram ambos os jogos Left 4 Dead serem um sucesso já não ser novidade, a Turtle Rock Studios não esquece o que funciona e o que não funciona no género que ela própria ajudou a criar. Agora, volvidos 12 anos do lançamento de Left 4 Dead 2, o “irmão” mais novo Back 4 Blood traz consigo a mesma “fórmula” de sucesso, mas que amadureceu, acompanhou a ascensão dos looter shooters e introduziu até uma pitada de deck building à receita.  

Mas então o que vamos encontrar neste apocalipse zombie? Começando pela campanha, ela é dividida por quatro atos distintos e inicialmente deixa-nos escolher quatro personagens (e podemos desbloquear ainda mais quatro progredindo no jogo), sendo que cada um deles traz consigo armas e vantagens variadas, que pode-se dizer que funcionam como classes.  

Não esperem, contudo, um sistema de classes específicas para cada personagem, tipo Tank e Healer, mas cada sobrevivente chega com um loadout próprio, bem como alguns buffs para a equipa e habilidades exclusivas. Por exemplo, Evangelo concede mais 5% de velocidade para toda a equipa, enquanto que Hoffman concede à equipa mais 10% de munições para as armas. 

A campanha está divida em 4 atos, e cada ato está divido em diversos capítulos, onde basicamente temos que ir do ponto X ao Y enquanto hordas de zombies aparecem por tudo que é canto. Alguns atos são um pouco mais elaborados e contam com objetivos, mas que são tão simples que não é preciso pensarmos muito para os cumprir. 

tallboy back 4 blood

A única forma que o jogo nos tenta dificultar a conclusão das missões é a não indicar o caminho que deve ser seguido, o que nos força a explorar o mapa, o que pode ser bom…, ou então não. O jogo incentiva-nos a explorar e a sermos curiosos (nunca se sabe o que vamos encontrar se não o fizermos), mas é uma dor de cabeça tentar fazer isso com tanto zombie à nossa volta. 

Um dos aspetos que adoro em Back 4 Blood é a sua ação extremamente acelerada e os elementos randomizados que fazem com diferentes visitas a uma mesma fase não sejam exatamente iguais.  

Dando um exemplo, um dos objetivos é destruir os ninhos dos Infetados, mas os ninhos estarão espalhados por lugares diferentes a cada tentativa, evitando assim o “decorar” dos mapas.   

O modo campanha é sempre jogado com 4 jogadores, e pode ser jogado a solo, onde temos a companhia de 3 Bots, ou então por mais 3 jogadores reais no modo cooperativo on-line. Algo que reparei no jogo a solo é que a Inteligência Artificial dos Bots não está bem afinada, pois em algumas alturas críticas em vez de ajudarem só atrapalham. É frustrante estamos a esvaziar um carregador de uma AK-47 num Tallboy por exemplo, e lá vem o Bot aliado mesmo para a nossa frente…, uma e outra vez. Também me deparei com um Bot a ser atacado constantemente…, e ficava ali parado sem qualquer reação. Serão aspetos a melhorar, mas enquanto não são corrigidos…, haja alguma paciência.  

safe room back 4 blood

O mundo de Back 4 Blood é bastante agressivo, e irá exigir o mesmo da nossa parte. Aqui o stealth quase nunca é uma opção, e ter o dedo constantemente no gatilho é quase regra. Quem jogou Left 4 Dead vai inclusive reconhecer diversos inimigos, que aqui foram reaproveitados. Por isso se estão lembrados por exemplo do Boomer de Left 4 Dead (o zombie balofo que vomita ácido e explode), aqui vão encontrar o “primo” dele, mas aqui é chamado de Retch. 

Mesmo com este reaproveitamento, a variedade de inimigos que iremos encontrar é vasta. Numa fase inicial é mais comum aparecerem os “típicos” zombies, e de vez em quando um matulão que nos fará suar, mas com o avançar na campanha a quantidade de inimigos poderosos é uma constante. O caos que nos deparamos é tanto que é fácil esquecer que estamos a jogar em equipa, e conseguirmos simplesmente sobreviver é já uma vitoria. Se depois do caos ainda tivermos alguns painkillers para curar as feridas dos nossos aliados é uma sorte! 

Um detalhe que dificulta um pouco a nossa vida é a escassez de slots de armas, pois cada personagem carrega basicamente uma arma secundária (alguns começam com revolveres, outros com armas brancas) e uma arma principal (rifles, shotguns, SMG, etc), além de um slot para explosivos, outro slot para itens de cura e um terceiro slot para acessórios de uso único (como um taser para nos livrarmos de zombies que nos estão a agarrar ou um desfibrilhador para reanimar numa questão de segundos um parceiro caído). 

Penso que seria bom podermos carregar uma arma melee separada dos slots equipáveis (existe até uma carta que transforma o ataque melee padrão numa facada), simplesmente para podermos ter uma combinação de equipamentos apropriada para lidar com inimigos, estejam eles a meros centímetros de nós ou a dezenas de metros.  

Back 4 Blood comprova ainda que o estúdio de produção esteve de olhos bem abertos no que toca ao que os mais recentes jogos First Person Shooters trouxeram ao longo da última década. Anda que “emule” a experiência dos jogos Left 4 Dead, Back 4 Blood também traz novidades que visam modernizar a fórmula e concedem um senso de progressão ao jogo.  

Se por exemplo jogaram The Division e outros looter shooters, vão estar familiarizados. Agora temos diferentes níveis de raridade para as armas e equipamentos, diferenciados por cores. Também existem acessórios de armas (tipo miras, canos) que aumentam as estatísticas de diversas armas quando equipadas.  

Outra novidade são as cartas, de diversos e variados tipos. Existem as cartas que aumentam as estatísticas do nosso personagem, e outros que concedem benefícios para todos os quatro elementos do grupo, entre outras. Há ainda cartas corrompidas, que agregam algum tipo de modificador ao capítulo (como um Boss opcional, ou algum item secreto que deve ser encontrado e levado até à Safe Room).  

cards back 4 blood

Existem bem mais de 150 cartas que são desbloqueadas simplesmente por jogarmos para assim ganharmos Supply Points. Depois basta visitar o acampamento de sobreviventes, que é o HUB central do jogo e é aqui que vamos montar o nosso deck de cartas, bem como escolher missões, personalizar as nossas personagens e se quisermos praticar um pouco, também existe um campo de treino para experimentar todas as armas presentes no jogo. 

Mas voltando ainda aos Supply Points e construção de decks, diria que uma das falhas do jogo está na diferença entre jogarmos a solo ou online. Jogar a solo a única progressão que vamos tendo é a de ir desbloqueando os atos e os seus capítulos, porque tirando isso não existe qualquer progressão. Não adquirirmos Supply Points, pois as cartas encontram-se todas desbloqueadas, logo, apenas   e só no modo online o jogo oferece a sensação de estarmos a verdadeiramente a progredir. 

Se quisermos dar um descanso do modo campanha, temos ainda o modo PVP do jogo, de seu nome Swarm. Existem duas equipas de quatro jogadores, onde uma delas fica com os sobreviventes e outra com um dos nove zombies “topo de gama”, que é como quem diz os zombies mais fortes do jogo com bastantes skills para serem usadas. Não é um modo de jogo especialmente inovador, mas funciona muito bem dentro da proposta que Back 4 Blood oferece. 

back 4 blood action

O aspeto visual do jogo é outro dos pontos fortes, que não economiza em sangue, gore e destruição. Os cenários transmitem (e muito bem) um aspeto de que estão abandonados há bastante tempo, com cadáveres, poças de sangue, neblinas e locais destruídos por tudo que é lado. Tudo isto está muito bem aliado a um grafismo bastante bom que usa o Unreal Engine 4, que apesar de não nos deixar de boca aberta, também não dececiona. 

A nível sonoro acho que o jogo está bastante interessante (se jogarem com soundbar fica ainda melhor), e não posso deixar de destacar os sons produzidos pelos zombies, que causam arrepios pela espinha…, o que neste caso é bom, porque ajuda ainda mais a entrarmos no ambiente de apocalipse de Back 4 Blood 

Back 4 Blood suporta as funcionalidades de cross-play, portanto encontrar uma partida on-line foi bastante rápido. Além disso, o jogo oferece a possibilidade de jogadores entrarem a meio de uma partida, o que significa que mesmo que alguém decida sair e fique com um Bot no seu lugar, passado pouco tempo alguém entra na partida, ocupado assim o lugar que estava vago. 

 

Conclusão:

Quando jogado on-line, tira-se o máximo partido de tudo o que Back 4 Blood quer oferecer. É bastante divertido, tem um bom sistema de progressão e uma jogabilidade bem acessível e viciante. O mesmo não pode ser dito do seu modo solo, pois falha por completo no feeling de progressão que devia ter, onde nem os essenciais Supply Points consegue-se ganhar. Contudo se no futuro o modo solo tiver a mesma profundidade do modo on-line, e os bugs da IA serem corrigidos, este provavelmente será um dos melhores FPS da temática de zombies no mercado. 

 

*cópia para análise jogada numa XBOX Series X