The Witcher: Blood Origin – O que é que se passou aqui?

A saga de The Witcher da Netflix tem tido momentos bons e momentos maus, pois por diversas vezes o que vemos na série é um pouco diferente do material original. Mas eu até gostei bastante das duas primeiras temporadas, contudo diria que é muito devido ao grande ator Henry Cavill, que praticamente carrega o sucesso da série às costas

Não deixa de ser louvável o esforço da Netflix, que fez um investimento massivo para conseguir criar todo este fantástico universo. Para além da série principal, tivemos ainda direito a um anime em 2021, The Witcher: Nightmare of the Wolf, que nos mostra a origem do não menos famoso Vesemir, o mentor de Geralt of Rivia, anime esse que me deixou surpreendido, quer pela história, quer pela qualidade visual. 

Com todo este sucesso, a Netflix decidiu novamente expandir o universo que tem vindo a criar, por isso resolveu lançar uma série prequela, onde nos mostra como foi criado o primeiro Witcher de todos, bem como a Conjunction of the Spheres, o misterioso evento que deu origem ao mundo de Witcher como o conhecemos. 

The Witcher: Blood Origin estreou em Dezembro passado, e tem apenas 4 episódios. A mini-série tem o seu melhor episódio precisamente no 1º, onde nos mostra os diversos clãs de cada reino dos elfos antigos e as lutas e rivalidades intensas entre eles. Talvez o maior problema se encontre precisamente nos outros 3 episódios, onde temos a sensação que a série anda um pouco à deriva. A adição de personagens “à pressão” não traz nada de relevante ao enredo, fazendo assim que os dois personagens principais (e interessantes) andassem meios perdidos no meio de tanta coisa que ia acontecendo. E todo aquele conceito de viajar entre mundos desconhecidos usando os monólitos… poderia ter sido melhor explorado, ter tido mais relevância. 

A equipa por trás do argumento parece ter assim andado “a dormir”, e apresentam personagens e conceitos só porque sim. O conceito de criação de um Witcher também me deixou confuso, pois pelo que tenho visto neste universo criado pela Netflix existem 3 maneiras de se criar um Witcher… e acho eu que não devia ser assim. 

Quando chega o tão aguardado momento de vermos o primeiro Witcher de todos… o que vi parecia mais uma fusão do Hulk com o Morbius da Marvel… que sinceramente não me convenceu muito… e então a forma em como morre…. hmmmm. Será que quem criou o argumento leu os livros criados por Andrzej Sapkowski e percebeu o porquê da criação do primeiro Witcher? 

The Witcher: Blood Origin também nos apresenta mais algumas personagens de grande importância, mas honestamente penso que foram muito mal exploradas. Os nomes Avallac´h e Eredin dizem-vos alguma coisa? Sim esse mesmo Eredin… o lider da Wild Hunt que quer o poder da Ciri para aniquilar o mundo dos humanos. Na série ele tem um namorado… e pronto, uma história banal sem qualquer tipo de relevância, sendo mais um elfo no meio de tantos. Podia ter sido explorado o facto de Eredin e Avallac´h serem Aen Elle, um tipo de elfos mais inteligentes e bem mais fortes, tendo um papel de destaque nas suas civilizações. No caso de Avallac´h, que é um poderoso elfo de elite com habilidades mágicas (capaz de controlar os poderes de Ciri), é apresentando na série como um aprendiz. Aqui vemos uma versão de um Avallac´h mais jovem, e que espero que tenha mais relevância no futuro (alias… tem que ter), mas pelo que aqui vi (e podem ver na imagem abaixo) vai ser difícil… pois não sei se foi pela escolha de ator ou não…, mas falta-lhe presença… e alguma personalidade. 

A forma como nos é apresentado o primeiro Witcher também está medíocre, pois conseguiram alterar a complexidade deles, que estão fortemente devastados pela humanidade e pela magia.  

Antes da última e derradeira batalha Fjall e Éille envolvem-se, e veio-se a saber já no final da série que a rapariga ficou grávida. Hmmm… mas pelo que me recordo… os Witchers são inférteis, dada às alterações todas nos seus órgãos, e dos mutagens que recebem, perdendo assim a habilidade de reproduzir. Aliás, existe uma boa razão para isso, pois assim a sua espécie está controlada. Mas a série alterou completamente até este pequeno grande pormenor, ao “criar” um bebé que ao que tudo indica vai ter as capacidades de um Witcher… e ainda está no útero da mãe. Afinal em que é que ficamos então? 

Para os fãs de The Witcher, penso que é melhor ficarem-se pelos livros e pelos videojogos, pois The Witcher: Blood Origin consegue ser dececionante. A forma de como a narrativa começa a ser contada, deixa no ar uma expectativa de algo grandioso que estaria para vir, mas a pouca quantidade de episódios e distorção de alguns elementos chave de como as coisas realmente são, conseguiram deitar por terra essa possibilidade. Mais respeito pelo material de origem… e pode ser que ainda consigam manter o interesse dos fãs deste grandioso universo.