Desfibrilhador – SEGA Rally

A rubrica do Desfibrilhador volta uma vez mais à “antena”, e hoje com um jogo que muito provavelmente marcou uma geração de “pilotos virtuais”, e que no meu caso em concreto, deixou uma grande saudade e que bem que merecia uma nova entrada na série. Liguem os motores, hoje é dia de SEGA Rally! 

Foram horas e horas a jogar este mítico jogo de corridas, aliás, se ainda hoje passar por uma qualquer Arcade de SEGA Rally, seja a do primeiro jogo ou do segundo, não dispenso uma boa sessão de jogo. 

Para quem possa não estar a par deste verdadeiro ícone dos jogos de rally, o primeiro jogo foi um verdadeiro sucesso para a Sega, que já estava em alta com o sucesso de outro dos seus grandes jogos de corridas que tinha estreado em 1994, o Daytona USA. 

Volvido então apenas um ano, eis que os salões de Arcade recebiam Sega Rally Championship. O jogo viria a ter mais tarde versões para PC e para diversas consolas, como a PS2, Game Boy Advance e Sega Saturn, onde nesta última, o jogo foi também um grande sucesso e que ajudou bastante na procura pela consola da SEGA. 

Sega Rally Championship era pura diversão, com uma condução muito virada para um estilo mais arcade e descontraído (para os fãs de simuladores… esqueçam este jogo), mas que ninguém queria perder no final de cada corrida. Tínhamos pistas de terra, areia e asfalto, que é como quem diz, o jogo tinha apenas 3 stages (havia ainda um stage secreto. Sim hoje em dia é pouco, mas estamos a falar doutros tempos, onde o mais importante realmente era os bons momentos que o jogo proporcionava. 

SEGA Rally - Arcade machine
As máquinas Arcade de SEGA Rally

No que dizia respeito a carros, sim havia apenas dois… ou melhor três. Podíamos escolher entre o Toyota Celica GT-Four (o que eu mais jogava), o Lancia Delta HF Integrale, e ainda tínhamos disponível o Lancia Stratos, onde tínhamos que inserir um cheat code para jogar com ele.

A versão Sega Saturn era boa é um fato, mas a verdadeira emoção estava na versão Arcade, onde o jogo era (obviamente) mais fluido, e poder jogar de volante e mudanças manuais dava realmente outro feeling.

Se o primeiro jogo era espetacular… o que dizer do segundo, que ainda hoje é o meu favorito da série. Já corria o ano de 1998 quando os salões de Arcade já tinham prontinhos para jogar SEGA Rally 2. O jogo estava graficamente mais desenvolvido (normal claro), com carros bem detalhados, cores ainda mais vivas e uma maior sensação de velocidade. A seleção de carros aumentou, e já tinha carros como o Peugeot 306 Maxi ou o Ford Escort WRC. E era ainda possível desbloquear mais alguns bólides, como o Fiat Seicento ou o Renaul Mégane Maxi.

A versão de Dreamcast (cuja capa do jogo era simples…, mas belíssima) não estava nada má, e jogava-se bastante bem, tendo sido um dos meus jogos favoritos que joguei na mítica consola da SEGA, a par de Metropolis Street Racer. A fluidez gráfica mesmo assim estava um pouco abaixo da versão Arcade, mas uma vez mais o que me interessava era divertir-me, e pouco ou nada queria saber de fps. Eram outros tempos… onde as palavras de ordem eram “Easy Right… ou Easy Left”…, muitas e boas vezes ouvi isto.

SEGA Rally 2 - cover dreamcast
Capa de SEGA Rally 2 para a Dreamcast

Depois dos dois primeiros jogos a série adormeceu por uns tempos, tendo retornado em 2006 para a Playstation 2… e se não estou em erro, apenas foi lançado no Japão. Teve uma aceitação mediana por parte do público… não tendo tido nem metade do sucesso dos seus antecessores.

Já na geração da XBOX 360/PS3 recebíamos SEGA Rally Revo (que teve ainda versões PC e para a PSP). A SEGA adicionou Revo ao nome do jogo, pois queria revolucionar os jogos do género. De todos os SEGA Rallys feitos, este era até à data o mais realista deles todos, pois havia aqui uma pequena pitada de simulação… se bem que era mais na componente dos traçados em si.

A deformação do terreno adicionava muito realismo que ia além do visual. Ao invés de enfiarmos o carro de corpo e alma na relva, neve ou lama, tínhamos de procurar o trilho deixada pelos outros oponentes para ganhar um pouco mais de tração. Não havia danos nos carros, mas lá que ficavam bem sujos, ficavam…, e por falar em carros a lista era bastante simpática (cerca de 30), claro que não chegava nem aos calcanhares de uma garagem de um Forza Motorsport, mas para a altura que estávamos satisfazia. Tínhamos por exemplo o Skoda Fabia WRC, o Citroen Xsara WRC ou o lendário Peugeot 205 Turbo de 1986. Eu até gostei bastante do jogo, pois tinha presente a “alma” dos dois primeiros jogos, e ter mais carros, era um extra bem-vindo.

Ainda existe mais um jogo SEGA Rally… que confesso que nunca lhe pus as mãos. O SEGA Rally 3 foi desenvolvido ao mesmo tempo que SEGA Rally Revo, e foi apenas lançado nas arcades europeias. O jogo mais tarde chegou as consolas XBOX 360 e PS3, mas com o nome SEGA Rally Online Arcade e só podia ser adquirido nas respetivas lojas digitais de cada consola. Em 2012 o jogo simplesmente desapareceu das respetivas lojas…, portanto hoje em dia é apenas um mito, e quem porventura ainda o tenha, que o estime… pois é uma raridade “digital”.

As razões que me fazem querer ver de novo este jogo ao ativo são bastante simples… pois também faz falta no mercado um bom jogo de rally sem grandes complicações, como se constatou no mais recente V-Rally 4 de 2018, que tem uma condução mais leve e descontraída, ao contrário dos jogos WRC que andam bem mais perto de condução realista, e que nos deixam pouca margem para erros. Eu sei que para muitos V-Rally 4 pode não ser nada de mais, e pouco de novo acrescentou, mas cumpriu bem na parte de entreter… e um novo SEGA Rally nesse departamento aposto que não ia desiludir.

Hoje em dia é possível também termos uma boa componente online, e incluir modos de corridas sejam elas por ranking ou simplesmente para descontrair, para mim chegava sinceramente. Podia até incluir a vertente rally cross (que já vimos noutros jogos, incluindo em V-Rally 4), ideal para esta componente online. E porque não também criarmos as nossas próprias pistas e partilhá-las com outros jogadores? Seria uma boa adição… obviamente numa versão para consolas claro.

Um possível novo jogo podia ir mais além claro, e acrescentar danos, algo que hoje em dia se vê em qualquer jogo de corridas… se bem que mesmo assim existem ainda alguns que deixam a desejar (não é Gran Turismo 7?). Vidros partidos, para-choques a cair no meio do chão, faróis partidos… dar uma componente um pouquinho de nada mais realista ao jogo também não ia fazer mal nenhum.

Depois claro, ter um modo carreira sólido, poder desbloquear novos carros… e pouco mais seria preciso para termos um good old SEGA Rally. Obrigatório claro seria incluir o Toyota Celica GT-Four e os Lancias Stratos e Delta Integrale… vá nem que fosse como DLC, para prestar homenagem a como tudo começou lá bem atrás em 1995.

Às vezes não é preciso jogos serem AAA para nos agarrarem ao ecrã, para nos viciar e darem-nos um pouco de diversão no final de mais um dia de trabalho. Jogos como SEGA Rally, que são bem simples, sem complexidades e muitos fáceis de jogar, cada vez mais fazem falta. A esperança é a última a morrer, e se SEGA Rally voltar à vida, cá estarei eu para o comprar. Até lá…, as boas máquinas Arcade de SEGA Rally 1 e SEGA Rally 2 vão sempre cumprindo o seu propósito.