Dead Island 2 – Bem-vindos a Hell-A | Análise

Estávamos em 2014, quando a produtora Deep Silver anunciava Dead Island 2. Pelo meio existiram alguns problemas de desenvolvimento, mas eis que finalmente chegou o dia em que já podemos deitar a mão ao jogo. Apocalipse zombie here we go!! 

Depois de três mudanças de estúdio de desenvolvimento, a Deep Silver escolheu em 2019 a Dambuster Studios para trabalhar no segundo jogo de Dead Island. O primeiro jogo na altura conquistou-me por completo, bem como a sequela stand-alone Dead Island: Riptide, tendo sido dois dos jogos que o meu computador na altura mais rodou. 

Desta vez, o apocalipse zombie acontece em plena Los Angeles, a capital mundial do cinema, onde os famosos vivem em luxuosos condomínios e disputam com os seus vizinhos sobre quem tem a maior piscina ou a garagem mais recheada de carros de luxo. É neste cenário completamente caótico que se desenrola Dead Island 2, e onde iremos jogar com um dos seis sobreviventes que o jogo nos permite escolher no inicio. 

Dead Island 2 faz parte do mesmo universo do primeiro Dead Island e Dead Island: Riptide, e acho que pode ser considerado como uma sequela direta, até porque um dos personagens presentes, Sam B. marcou presença em ambos os jogos anteriores e ele até refere durante a história (já no segundo jogo) que já não é a primeira vez que ele passa por isto, tendo experiência em como saber lidar com hordas de zombies. 

Ao começarmos Dead Island 2, podemos escolher o nosso slayer, de uma lista de seis de como referi anteriormente. Depois de alguma indecisão, decidi escolher o bombeiro Ryan, pois as skills iniciais foram mais do meu agrado. O jogo começa com o avião em que estamos a preparar-se para deixar Los Angeles, mas minutos depois é abatido após um infetado atacar uma pessoa dentro do avião. O avião despenha-se na cidade, e através de um breve tutorial aprendemos o básico sobre ataque e defesa. Depois o nosso personagem acaba por ser mordido (não há como evitar), mas ficamos a saber que ele é imune ao vírus que faz transformar meio mundo em zombies. É a partir deste ponto que realmente começa a aventura e que o jogo mostra o que vale. 

O gameplay é uma mistura de combate em first person com elementos de role playing game. Nós  ganhamos XP a aniquilar tudo que é zombie e completando todo o tipo de missões. É assim que conseguimos desbloquear novas habilidades, através de cartas equipáveis, bem como melhorar o nosso armamento… e armas é o que não faltam no jogo. Sim existem as “típicas” armas de fogo, como shotguns ou SMG, mas o jogo tem outro brilho quando usamos tacos de bilhar, machados, katanas ou até mesmo garras que fazem parecer o nosso personagem o Wolverine. 

O jogo também traz consigo um sistema de criação de schematics, que permite que os jogadores criem acessórios para as armas a partir de recursos que vamos encontrando. Isso adiciona uma camada de estratégia ao jogo, pois assim temos que pensar se queremos usar os nossos recursos para criar armas mais fortes ou economizá-los para atualizações futuras. Ou melhor dizendo, deveria ter sido assim, termos que fazer uma gestão cuidada de recursos, mas estamos sempre a apanhar recursos em todo o lado, e rapidamente deixamos de nos preocupar se escolhemos melhorar a arma X ou então a arma Y. Outro pormenor que reparei, é que existem sem qualquer explicação barras e bebidas energéticas espalhadas pelas ruas, portanto (e falo por mim) é difícil que o nosso personagem morra enquanto explora pelas ruas, pois temos sempre forma de recuperar a nossa barra de saúde…, não esquecendo que ainda trazemos connosco Medikits. 

Tal como nos jogos anteriores, as armas corpo a corpo têm durabilidade limitada. Podemos sempre repará-las nas workbenches que vamos encontrando, e é aqui também que podemos criar balas, medikits, etc. E se virem algum vendedor por perto, vejam sempre o stock de itens e armas que ele tem para venda… inclusive os tão indispensáveis fusíveis, que servem para aceder a diversas portas que estão trancadas e que lá dentro tem muita coisa para coletarmos. 

Dead Island 2 também apresenta novos tipos de mortos vivos, que oferecem assim um desafio maior. Particularmente, os zombies mais lentos são mais fáceis de aniquilar (incluindo os Bosses), mas os que são mais rápidos podem ser muito perigosos…, portanto temos de estar sempre à cautela com os Runners. Os zombies também são afetados por diversos elementos, como fogo ou água, e nós podemos usar diferentes recursos para acabar com eles. Podemos por exemplo atirar uma bateria de carro diretamente na água para vermos os zombies a caírem no chão eletrocutados.  

Um dos pormenores que mais gostei no jogo foi o sistema de desmembramento. Ele foi bastante melhorado em comparação aos jogos anteriores e agora podemos fatiar os mortos vivos do jeito que bem entendermos, desde que obviamente tenhamos as armas corretas para o efeito. Podemos assim cortar cabeças, mãos, pernas, braços e até cortá-los ao meio, contudo nem sempre isso significa que o zombie morreu. O jogo expandiu imenso neste aspeto, e está ao nível do que vemos em Mortal Kombat. 

Uma das grandes atrações do jogo da Deep Silver é a possibilidade de se jogar praticamente toda campanha toda em modo cooperativo, que é desbloqueada após cumprirmos as missões iniciais do jogo. Contudo existe um pormenor a ter em conta, se o nível do host for mais alto que o vosso, os zombies irão estar ao nível do host, não do vosso… portanto é um pouco inviável para quem quer saltar logo para a aventura cooperativa. Eu joguei umas vezes para experimentar, mas confesso que prefiro jogar no modo solo, ao meu ritmo. 

Quero agora mencionar um aspeto do jogo que me desiludiu… o facto de não ser open world, que faria aqui todo o sentido. Podemos explorar zonas famosas como as Hollywood Hills ou o paredão de Santa Monica…, mas para as aceder temos que passar sempre por um portão de segurança que faz a transição para a área desejada. Os mapas de cada zona são de dimensão média, e rapidamente se perde aquela curiosidade em explorarmos os cantos ao mapa, pois rapidamente chegamos de uma ponta a outra. Quando comecei a aventura, pensei eu que iria ser possível explorar a vasta cidade de Los Angeles, obviamente não à escala real, mas pelo menos um mapa de dimensões consideráveis…. mas afinal não. Se por exemplo nos jogos Dying Light temos um open world de dimensões interessantes, porque é que aqui decidiram não o fazer? Teria sido o ideal…, mas é só a minha modesta opinião claro.

Em termos visuais, Dead Island 2 está bastante bonito e bem construído. Os cenários estão repletos de detalhes, especialmente em casas e outras áreas internas. O look dos mortos vivos está bem criativo, e as ruas e barricadas impostas pelo governo estão bem definidas e mostram muito bem o cenário de caos que se instaurou em L.A. Tudo isto está bastante bem acompanhando pela imersão sonora. Os sons de explosões, das armas de fogo e mesmo dos próprios zombies, tudo neste departamento está muito bom, e se tiverem uma sound bar, usem e abusem dela, parece mesmo que nós próprios estamos em pleno apocalipse zombie. 

Conclusão:

Dead Island 2 mostra o seu grande potencial onde mais importa num jogo, que é no seu gameplay. Mesmo não sendo um verdadeiro jogo open world e tendo uma história básica e pouco atrativa, o jogo acerta no fator diversão, e se gostarem de jogar em modo cooperativo, terão diversão a dobrar. E não se pode deixar de louvar o empenho que a Deep Silver teve para trazer o jogo à luz do dia, pode ter demorado muito tempo, mas cumpriu com o prometido.