Harmony: The Fall of Reverie | Análise

Pois é, o estúdio independente Don’t Nod a quem temos que agradecer pela fabulosa franquia que é Life is Strangelançou mais um ótimo jogo de aventura baseado em narrativa. Vamos conhecer então um pouco melhor Harmony: The Fall of Reverie

A Don’t Nod é um dos estúdios mais importantes quando se trata de jogos baseados em narrativas, e tendo eu adorado os dois primeiros jogos Life Is Strange, não esquecendo ainda o Tell Me Why, que é um dos outros jogos marcantes do estúdio, era quase obrigatório para mim deitar a mão a Harmony: The Fall of Reverie. 

O enredo irá levar-nos a conhecer Polly, que está de regresso ao local onde cresceu, Atina, local esse que agora é “dominado” por uma mega-corporação chamada Mono Konzern, que cerca o direito e liberdade da população enquanto controla o comércio e vida locais com punho de ferro. O retorno, contudo, não é dominado pela felicidade, antes pelo contrário, pois a mãe da nossa protagonista, Ursula, se encontra desaparecida (será que que a Mono Konzern tem algo a ver com isso?). Já na casa da mãe, Polly ouve alguém ou algo chamando por ela. Após uma inspeção mais detalhada, Polly encontra um colar brilhante, que está a flutuar numa banheira, que transporta Polly para um mundo desconhecido. De imediato ficamos a conhecer uma personagem bem peculiar chamada Bliss, que fica mais do que feliz em nos fazer um update sobre o que está a acontecer naquela dimensão. Sim, a banheira leva-nos através do espaço e do tempo para outra dimensão, chamada Reverie. 

Bliss é rápida a explicar que as pessoas deste reino não conhecem Polly por esse nome, mas sim como Harmony. Ela é tão importante que até as roupas casuais da sua dimensão mudaram, agora parecemos uma figura que está no patamar de relevância de uma Deusa (por assim dizer). Acontece que ambos os mundos estão à beira do colapso e a nossa protagonista é a chave para salvá-los (e pelo meio tem de encontrar a mãe), embora tal responsabilidade envolva algumas decisões difíceis. Em Harmony: The Fall of Reverie, temos o dom de ver o futuro, cortesia de algo conhecido como Augural. Esses eventos apresentam-se como diversos nós na história, no entanto, às vezes iremos encontrar vários nós na mesma secção, exigindo assim uma escolha de um nó, ficando os outros nós bloqueados. 

Embora tudo isso possa parecer um pouco assustador no começo, a Don’t Nod faz um trabalho fantástico de deixar a nossa mente à vontade com um tutorial expansivo e alguns nós de história menos importantes para experimentar, para que possamos entender melhor como tudo funciona. Além disso, o aspeto de múltipla escolha de Harmony: Fall of Reverie adiciona o fator de voltar a jogar o jogo mais uma, mais duas ou até três vezes se quisermos, pois, as nossas escolhas vão influenciar o final do jogo, e não existe apenas um. 

Outro pormenor importante de referir é que Reverie está cheio de figuras importantes conhecidas como Aspirations, uma das quais é Bliss como já mencionei. Vamos ainda conhecer Power, Truth, Bond, Glory e Chaos, e caberá a nós decidir quem vai governar Reverie, portanto as escolhas realmente fazem a diferença. Nós vamos conhecer cada Aspiration à medida que a história avança, e só pelos nomes já imaginamos quais podem ser os seus ideais para governar Reverie. 

O jogo também apresenta um desenvolvimento de personagem bastante interessante, como é de costume num jogo da Don’t Nod. O papel de salvar dois mundos, com as decisões a moldar como ela o faz exatamente, determinando assim o destino das duas dimensões foi algo que realmente gostei de ver. A própria Polly/Harmony é uma personagem identificável. Ela passou por algumas coisas ao longo da sua vida e de repente vê-se escolhida como a “improvável” heroína que vai salvar tudo e todos. Ela mesmo assim continua muito fiel à sua vida dita normal, pois muitas vezes vemos os protagonistas imediatamente a consolidarem-se e a “tirar proveito” do seu heroísmo, mas isso não aconteceu com Polly/Harmony, que precisou de algum tempo para se ajustar. O seu mundo está a desmoronar-se (literalmente), e ela precisa primeiro de aceitar isso, e só depois é que irá concentrar-se na sua missão de salvadora das duas dimensões. 

omo na maioria dos jogos deste estúdio, podemos desvendar mais sobre Polly/Harmony, o mundo e as outras personagens, cortesia do códex presente no jogo. É algo que eu aprecio confesso, pois a história desenrola-se de uma forma delicada e divulga apenas a quantidade certa de informações para nos manter informados sobre o que está a acontecer. Há muito para entender no jogo, e o códex foi muito bem pensado e estruturado, e assim nós estamos sempre por dentro de todos os assuntos do jogo. 

A Don’t Nod deu vida a um mundo maravilhoso, histórias intrigantes e personagens enigmáticos. Não se pode esquecer também das suas escolhas sonoras (geniais como sempre) que resumem perfeitamente o que está em jogo. A versão que joguei foi a de PC, e não precisam de muito para rodar o jogo, bastando no mínimo terem uma GeForce GTX 650, 8 GB de RAM e um Intel Core i5 4570T, portanto é um jogo “light” (por assim dizer) no que toca a requisitos para ser jogado. 

Conclusão:

Harmony: The Fall of Reverie é mais um jogo brilhante na biblioteca de jogos da Don’t Nod. Provavelmente será um jogo que vai cativar apenas um nicho de jogadores, portanto se adoram aventuras narrativas, com um grande elenco de personagens e uma história profundamente impactada pelas escolhas que vamos tomando, este jogo é para vocês.